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Corro muito.

Acho que nunca corri assim em toda a minha vida.

 
Os galhos da floresta batiam em meu rosto, meu cabelo ficava preso algumas vezes nas árvores e acho que bati a canela umas 3 vezes nas raízes espalhadas no chão.

  Meus pulmões queimam como se eu tivesse bebido ácido, minhas pernas estão tremendo e eu não consigo ficar muito tempo com os olhos abertos, até que vejo: uma mulher correndo pela floresta também, mas ela não está usando roupa de hospital como eu.

  Ela está usando uma roupa bem curta e grudada ao seu corpo e essa roupa brilha. Ela é uma mulher da vida e sua maquiagem está escorrendo pelo seu rosto assustado.

  Ela para a algumas árvores perto de onde eu estou e não me vê, está escuro demais para isso, até eu ouço outros passos vindo e ela começa a chorar e eu me escondo atrás de um tronco caído.

- Por favor -  ela implora para a sombra que se aproxima dela – Me deixa livre, eu juro que eu não queria – ouço uma risada e um homem sai das sombras, ele é bem alto, mas não consigo ver seu rosto – Me deixa livre

- Eu vou – sua voz grossa e risonha pode ser ouvida de onde eu estou e a mulher começa a agradecer e ele da um tiro na testa dela e eu quase fico surda com o barulho – Você vai ficar livre dessa sua vida maldita – ele fala depois do corpo da mulher cair no chão.

Eu fico olhando aquela cena e fico extremamente assustada e me levanto para sair correndo, mas acabo tropeçando e caio no chão.

- Parece que hoje é o meu dia de sorte! – ele fala e vez até mim e eu começo a me rastejar para longe dele e corro.

Começo a correr de novo sem direção, mas não dura muito tempo e meu corpo cai no chão  com o peso de outro e eu começo a me debater

- Me larga! – começo a gritar a tentar ficar livre daquele peso em cima de mim e fico me debatendo – Me solta!!! – eu grito mais alto a plenos pulmões e acerto em cheio um chute em sua coxa e por um segundo, ele me deixa um pouco mais livre de seu aperto.

E é quando eu começo a correr de novo e ele me segura pela cintura e caímos no chão, mas dessa vez, ele segura meus braços a cima da cabeça e prende minhas pernas com as coxas dele, e eu fecho os meus olhos com força esperando.

Ambos estamos ofegantes, a adrenalina corre pelas minhas veias e na minha cabeça eu não ouço mais as vozes.

Eu não as ouço!

Elas não estão dizendo nada!

Pela primeira vez, eu começo a rir, gargalhar como nunca antes. Sinto as lágrimas brotarem dos meus olhos, mas elas são de tanto que eu estou rindo, o ar falta dos meus pulmões e eu dou um grito para cima e continuo dando risada, me esquecendo momentaneamente daquele desconhecido que vai me matar.

- Posso saber o que é tão engraçado? Gostaria de rir também - ele pergunta com a voz rouca e baixa, fazendo todos os pelos do meu corpo se arrepiaram e eu paro de rir e abro os olhos

Aquele desconhecido usava uma máscara de esqui preta, onde eu só via seus olhos. Um azul e o outro verde e em volta da íris de cada um, há um traço vermelho. Seu cheiro é da Floresta, amadeirado e úmido .

- Acho que você não quer saber o motivo – respondo calmamente olhando nos seus olhos

- Você sabe que eu vou te matar?

- Era para eu sentir medo com isso?

- Deveria – ele responde baixo – Todos sentem

- Não sou como todos - digo – Agora pode sair de cima de mim? Você é pesado

- Se não sente medo, então porque fugiu?  - ele pergunta me apertando ainda mais

- Não é da tua conta – respondo e ele apenas fica lá,  me olhando

– Sai de cima de mim! Por favor, você está me machucando

- Essa é  a intenção – ele diz

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JackOnde histórias criam vida. Descubra agora