Saímos do hospital e estamos presos no trânsito.
Ele vai nos levar de volta, só damos trabalho
—Desculpa, Ethan—digo quebrando o silêncio—Você não vai me levar de volta, vai?
—Porque você tem tanto medo daquele lugar?
—Não quero falar disso—olho pela janela e vejo a roda gigante, e como está quase anoitecendo ela fica toda iluminada—Por que ela tá brilhando? É como um farol?
—É um brinquedo—ele responde fazendo o carro andar
—E por que fizeram um brinquedo tão grande? Nenhuma criança vai conseguir brincar
—Não é para crianças, Coisinha—então quem brinca nessa roda gigante? —Você nunca andou de roda gigante?
—Não
—Vamos resolver isso - ele fala entrando em uma rua diferente.
***
O parque é tão bacana! É colorido e cheio de crianças. Algumas riem e outras choram por conta de sei lá o que, mas elas sempre tem uma nuvem colorida na mão que comem e de lambuzam.
O Ethan está um pouco mais a frente. Disse que ia comprar os ingressos mas se passaram 20 minutos e ele ainda não voltou.Ele nos deixou aqui.
Apostamos que o Hospital Psiquiátrico Salvação colocou fotos suas desaparecidas e você perdida aqui eles vão nos achar.
Perco-me em pensamentos até que começo a ter falta de ar.
—Coisinha?—ouço a voz dele e me acalmo um pouco.
Olho para trás e o vejo segurando uma nuvem colorida azul na mão e uma garrafa de refrigerante na outra
—Tome—ele diz entregando a nuvem—Acho que nunca comeu algodão-doce
Pego e é leve, macia e cheia. Tento morder um pedaço mas ela derrete na minha boca antes mesmo de poder mastigar, tento mais duas vezes e nada!
—Não consigo morder—resmungo e ouço Ethan sorrir—essa nuvem está estragada
—Não, Coisinha, não é de morder e nem está estragada—ele pega um pedaço pequeno da nuvem e põe na boca—Faça como eu, deixe derreter e saboreie
Faço como ele e é muito bom! É bem doce mas amei no final fica uma sensação engraçada na boca
—Gostei, Estranho – comento sorrindo pegando mais do algodão-doce.
—Comprei seus remédios, Coisinha – ele tira do bolso umas cartelas de remédios e me entrega dois diferentes – tome-os, me de o doce e pegue o refrigerante – faço como ele pediu e ele come mais do algodão – Boa menina.
—Não sou nenhuma criança, Ethan – resmungo – Por isso está cuidando de mim? Por que pra você sou uma criança?
-Você é com certeza indefesa e inconsequente como uma criança,Coisinha, mas não é por isso quer cuido de você. Tenho minhas razões – fico encarando ele de braços cruzados esperando uma resposta – Você me lembra a minha irmã mais nova, por isso cuido de ti, agora vamos pra fila.
Estou voltando para casa de Ethan. A RODA GIGANTE É MARAVILHOSA! Pena que vai devagar, mas é muito divertido.
Comi mais um algodão-doce e tomei outro refrigerante. Não vejo a hora de ir pra casa, preciso usar o banheiro.
Não demora nem cinco minutos e ele estaciona na frente. Pulo do carro e entro correndo pra ir no banheiro.
—COISINHA!—Ethan grita mas nem dou bola.
—Arranjou um brinquedo novo, Ethan? —uma voz feminina fala e eu travo no banheiro
—O que você está fazendo aqui, Nathalie? —o ouço muito bravo. Dou descarga, lavo as mãos e saio com receio – Entra no quarto e fecha a porta, Coisinha.
—O que está acontecendo? —pergunto e olho para a dona da voz. Nunca vi uma mulher tão bonita quanto ela em toda a minha vida.
Nathalie é linda. Lembra Ethan em uma versão feminina mas sem os olhos exóticos. Seu corpo é todo bem delineado pela calça jeans e a blusa sem mangas
—Agora está fazendo caridade cuidando de crianças? —ela pergunta me encarando – Você está perdendo o jeito, maninho – ela fala com escárnio – Fez o seu trabalho? Ou foi cuidar da outra garota também?
—Fiz meu trabalho – ele responde bravo – O que faço depois é apenas da minha conta
—Sobre o que vocês estão falando? —pergunto curiosa
-Trabalho – ela responde e fica me encarando – Você me lembra alguém... Já nos conhecemos?
-Ela vivia em um hospital – Ethan responde por mim
-Por quê?
—Era um hospital psiquiátrico – respondo por mim dessa vez – Eu fugi e ele me resgatou ou sequestrou, não sei ao certo mais.
—Você não pode ser ela – Nathalie comenta – Qual seu nome?
—Angela– Ethan responde – E ela não é a garota. Não é a filha da Lydia. Não temos tanta sorte assim
—O nome da minha mãe é Lydia – comento – Ou era, não sei onde ela está – dois pares de olhos me encaram esbugalhados - O que foi?
—PORQUE VOCÊ NUNCA ME CONTOU, COISINHA? —Ethan grita comigo
—Porque você está gritando? - pergunto – Você nunca me perguntou nada, como você quer que eu adivinhe? Sou louca, não vidente.
-Você vai com Nathalie, Coisinha – ele fala muito bravo – Mulher,proteja a criança e depois te encontro. Saiam daqui agora!
Ele só berra e a outra me puxa pelo braço para fora da casa.
O que está acontecendo?
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Jack
RomanceO Hospital Psiquiátrico Salvação foi o "lar" de Ângela Petrissione por muito tempo. Abandonada pela mãe com sete anos de idade, finalmente consegue fugir com total sucesso, mas acaba vendo uma cena de horror em sua frente. Ele a vê no momento erra...