-Para onde estamos indo? -pergunto entrando no carro com Nathalie
-Para a minha casa – ela responde mexendo na bolsa e tira um frasco– Isso! Você vai dormir, Angela. Não gosto e nem posso correr riscos – ela fala e pega um pano e molha com alguma coisa na garrafa e depois aperta contra a minha boca
ELA VAI NOS MATAR!
Tento gritar mas tudo vai ficando escuro e me entrego.
Acordo num pulo e gritando.
Estou em um quarto e está escuro, mas não cheira a hospital.
Acama é confortável e entra uma luz pálida da lua iluminando o ambiente. As paredes parecem ser de cor bege e tem alguns móveis brancos espalhados
ONDE ESTAMOS?
Nathalie entra no quarto e acende a luz. Seus cabelos estão presos e ela está usando outra blusa, dessa vez é verde e fica larga no seu corpo.
-Onde estou? - pergunto assustada me afastando dela, minha garganta está seca e estou meio grogue
-Tem água numa garrafinha do outro lado – ela aponta com queixo - E respondendo a sua pergunta, você está na minha casa. Ethan já está aqui, nós estamos ocupados. Então se precisar de alguma coisa é só descer as escadas, a cozinha está na frente. Só não tenta fazer nenhuma burrada por que eu vou atirar em você.
Ela fala e sai do quarto desligando a luz e encostando a porta.
Ela vai nos matar
Precisamos fugir de novo
NÃO! NÃO PODEMOS FUGIR
Ainda não
Acabo adormecendo novamente pensando no que fazer.
***
Acordei tem alguns minutos e o sol está nascendo, não tenho coragem de descer.
E se ela me machucar?
Estou com medo, muito medo.
Coragem, Angela, coragem.
Respiro fundo e desço as escadas com cuidado.
O lugar é bacana, as paredes brancas com alguns detalhes em bege e um carpete cinza cobrindo o chão. Mas fora isso, não há nada colorido. Nem quadros, nem flores ou objetos decorativos.A cozinha é moderna e bem equipada – aparentemente. Não sei cozinhar então para mim aqui é um lugar confuso e possivelmente perigoso.
—Já te disse, Nathalie – ouço a voz de Ethan – não vamos entregá-la. Nem sabemos se ela é a garota que estão procurando.
-Mas e se for? Já pensou o tanto de dinheiro que poderíamos ganhar?
—Quando foi que você ficou assim? Esqueceu o que aprendemos? Viver na alta sociedade está te mudando
-Já sei -Nathalie diz calma –Vamos entregá-la ao chefe. Ele é um cara bacana e vai saber o que fazer.
-Você quer dizer que ele vai provavelmente te apoiar nisso? —Ethan retruca
—Ah para, Ethan, vamos lá. Você sabe que o cara é justo – Nathalie diz entrando na cozinha -Olha quem está aqui... Bom dia Angela – sua voz é calma e ela esbanja um sorriso
-Bom dia – tento falar mas a minha garganta está extremamente seca, parece que eu estava andando debaixo do sol por dias.
Ethan entra e me encara. Ele está usando a mesma roupa de ontem.
-Coisinha, a gente precisa conversar -ele fala e eu concordo com a cabeça – primeiro vá comer. Vou tomar banho e a gente conversa. Nathalie, faça algo para ela, duvido que saiba cozinhar.
Ele simplesmente fala e sobe as escadas me deixando sozinha com a mulher que já ameaçou me matar duas vezes.
Não uma, mas DUAS vezes.
Nathalie me ignora e abre o armário atrás dela e tira um pacote de pão de forma. Abre a geladeira e vai tirando dois potes.
- Quantos anos você tem?
- Dezenove – respondo e ela se vira para abrir uma gaveta. De lá ela tira uma faca e uma colher –Bonita a sua casa. O que você faz da vida.
- O mesmo que meu irmão – ela responde preparando os pães – Com geleia e amendoim?
- Sim, por favor – respondo me sentando em um dos bancos da ilha – e o que vocês dois fazem?
Ela para o que está fazendo e me encara
-O que você sabe sobre ele?
—Sei que ele matou uma mulher
—E você para quem você disse?
—Ninguém – dou de ombros –nunca saí do hospício até alguns dias atrás. E o Ethan me salvou,nunca diria nada a ninguém sobre o que ele fez – ela me encara atentamente e volta a passar geleia no pão – e mesmo se dissesse,sou esquizofrênica, não acreditariam em mim.
—Nesse caso – ela fala a brindo a geladeira e tirando uma garrafa de suco de laranja – Ethan e eu trabalhamos matando pessoas - ela fala e eu me horrorizo – não faça essa cara para mim, não matamos pessoas inocentes – ela pega dois copos de vidro e põe na bancada – suco?
—E quem decide se essas pessoas são inocentes ou não? Vocês?
- Escuta aqui, Angela, porque só vou falar uma única vez – ela fala se aproximando de mim colocando suco nos copos – nem todo mundo é inocente, as pessoas mentem e machucam outras e sabe o que mais? Elas vão continuar fazendo e machucando muito mais pessoas se não a detivermos.
- Mas a mulher na floresta com o Ethan não parecia má
- As pessoas más nem sempre se parecem más – ela fala me entregando o copo – geralmente são as que mais parecem ser boas. Elas te machucam e ainda fazem com o que você se sinta culpada – ela come um pedaço do seu pão – Aquela mulher na floresta, matou 5 crianças em um incêndio e nunca foi culpada por isso.
- E como vocês escolhem as pessoas?
- Essa é conversa para outro dia.Agora coma e depois Ethan vai conversar com você.
***
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Jack
RomanceO Hospital Psiquiátrico Salvação foi o "lar" de Ângela Petrissione por muito tempo. Abandonada pela mãe com sete anos de idade, finalmente consegue fugir com total sucesso, mas acaba vendo uma cena de horror em sua frente. Ele a vê no momento erra...