(Murilo) Memorias em Sonhos.

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Meu irmão começou a perceber a mudança que estava me deixando mais leve e animado para ir à escola.
- O que de tão bom está tendo nessa escola que o fez ficar animado para ir ? - Ele me olhava desconfiado.
- Matérias novas e gente que eu posso gastar o tempo xingando - Digo debochando de sua cara - Tem algum problema com isso ?
Ele me encarou, como se estivesse preste a me atacar ou algo do tipo. Então paro e o encaro. Sei que ele vai pedir isso é não posso ceder ao seu desejo.
- Você não vai voltar pra escola - Digo furioso e ele então me ataca com sua varinha. Sou arremessado para longe. Da sala para o lado de fora de nossa casa.
O público que estava ali encarou a situação de forma que fez eu ficar ainda mais preocupado se todos ali vissem eu e meu irmão no mesmo lugar, todos iriam saber que eu ainda estava vivo. Que eu ainda sou um criminoso perto do que já fiz. E que meu irmão foi o único inocentado e aceito pela sociedade pois de alguma forma ele limpou sua imagem de ruim para poder voltar ao vilarejo e viver bem.
Mas olhando de volta a casa ele já não estava mais ali dentro.
- O que houve aqui ? - Grita meu tio correndo de não sei onde, em direção a casa com uma expressão de desespero e medo.
- Me acidentei com um feitiço. Minha varinha deve estar com defeito - Digo ainda procurando meu irmão entre os escombros da tragédia, mas não o via e muito menos sentia o seu cheiro por perto. Ele deve ter fugido. E isso significava que precisava ficar escondido, pois ele livre por aí dava entender que só um podia ser visto e o outro deveria ficar trancado.
- Melhor você entrar - Meu tio me deu as sacolas de compras que carregava e me empurrou para a porta de entrada e foi onde eu entrei.
Vendo por dentro da casa eu tinha feito um buraco grande perto da porta, que estava intacta, e que metade das pessoas que passavam por ali conseguiam ver tudo por dentro. Então meu tio sacou sua varinha e com poucos movimentos majestosos, todos os destroços começaram a se juntar, formando novamente a parede a minha frente. Bloqueando qualquer visão minha da rua e das pessoas que estavam encarando tudo. Era como se nada tivesse acontecido ali. Estava tudo no lugar.

Durante o período de 3 semanas o meu irmão não havia aparecido e nem sequer dado notícia sobre sua existência. Claro que eu mantive minha estadia na escola já que fiquei 4 dias sem ir, pensando que ele poderia estar indo a escola, mas meu tio recebeu uma notificação de que eu estava faltando a 4 dias e então voltei a escola para verificar se estava realmente com faltas. E sim, ele não estava indo a escola.
- Não gosto quando você fica assim, parece que não está bem - Elano como sempre, quando me via triste ou mal, me levava a algum lugar, sozinhos, para conversamos.
Estávamos sentado na grama do pátio que era no formato triangular da escola. Era um lugar agitado, mas só algumas pessoas ficavam sentadas na grana lendo um livro, ou conversando. E onde estávamos sentado, podíamos ficar sozinhos e estávamos mais afastados das pessoas.
- Só frustração por não achar que estou sendo o suficiente para ninguém - Digo, e era meia verdade e meia mentira.
- Pra mim você sempre foi o suficiente, você é meu melhor amigo - Quando ele usa a palavra "amigo" para me descreve em sua vida o encaro com muita raiva. Não quero ser só o seu amigo, quero ser o seu namorado poha.
Então por impulso eu vou até Elano e tento beija-lo mas antes de conseguir ele me empurra e me olha com cara de surpreso.
- Acho que não vai rolar Murilo, e você já tem namorado... aquele cara que se parece estranhamente comigo e... - Ele desviou seu olhar, olhando como se estivesse preocupado se alguém tinha visto o nosso quase beijo - Não quero que confunda as coisas. Você é meu melhor amigo e eu te amo, mas só dessa forma.
- Você ainda gosta dela ? Da Angelina ? - Era a ex namorada de Elano, que o traiu com um cara sem noção da nossa escola.
- Não, mas não quero que confunda as coisas... - E antes que ele pudesse terminar de falar, eu me levanto e saio andando para longe dele. O ódio voltando a tomar conta do meu ser.
Não tinha como parar. A raiva que dominava o meu ser voltou a ser a coisa que mais me deixou a fazer o que estou preste a fazer. O sumiço do meu irmão, a rejeição de Elano sobre meus sentimentos, só aumentaram toda a frustração que eu havia esquecido que existia dentro de mim. E agora não consigo parar de senti-la e só quero bater em alguém.
E tudo que faço e seguir o atual namorado de Angelina que está com a mesma parado na frente do portão da escola, a beijando. E tudo que faço ao chegar perto dos dois e separa-los, jogá-la com força no chão, e começar a socar a cara do sujeito que a beijava. E por aí se vai mais uma vez minha sanidade até sentir a mão de Elano me segurando e tudo que faço e parar e olha o seu rosto. Ele está assustado e surpreso. Então a fixa cai e vejo o erro cometido. Não há o que argumentar diante do que já fiz. Então me solto de sua mão e começo a correr para longe de tudo e toda aquela multidão que se aglomera no local de briga.


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