James decide nunca mais me deixar.

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Olho para todas as direções e vejo como tudo isso deixou o lugar que era cheio de vida, num lugar sem arte, sem a visão de como tudo poderia estar indo bem com o baile. Sabia que um baile em época de mortes não seria uma boa.
- Elano, olha pra mim - Murilo colocou suas duas mãos em meu rosto e pude ver como seu rosto estava machucado - Eu não vou te perder, independente do que está acontecendo contra você, eu não vou deixar nada te ferir... Okay ?
Não sabia se deveria ou não responder aquilo. Me sentia exausto e parte de mim pensava se realmente James estava morto, ou não. Mas por que ele teve o impulso de atacar o falso James, se ele nem ao menos sabia da verdade ? Ou sabia ?
- Você sabia ou não sobre o falso James ? Como sabia que aquelas pessoas eram prisioneiras dos terroristas ? - Ergui meu olhar e senti muita raiva de Murilo.
Ele soltou meu rosto e manteve sua expressão congelada. Não se mexia, não reagia ou ao menos nem me respondia.
O lugar aonde estávamos era muito perigoso de ficar. Ainda havia muitos terroristas atacando o edifício para permanecermos ali, parados, discutindo assuntos complexos que me deixavam perplexo.
- Vamos sair daqui - Yan nos puxa para o lado quando uma enorme pedra quase nos atinge.
Começamos a correr. O chão aos nossos pés começou a se rachar, e parte dos feitiços que atacam o edifício, agora miravam os fugitivos correndo para todos os lados, na rua. Era uma agitação complicada de acompanhar. Mal conseguia correr sem esbarrar entre ombros e cabeças, com meu corpo sendo jogado para todos os lados.
- Droga ! - Murilo sacou sua varinha e executou vários feitiços que apenas explodiram contra os iminis.
As milhares de bocas dessas criaturas se abriram, revelando uma imensa escuridão que havia dentro delas. Sua presença estava começando a me deixar enjoado.
- Use o fogo ! - Gritei e tudo que pude senti ou ouvir, foi meu corpo sendo arremessado contra vários corpos no chão, mortos.
Me levantei assustado e enojado. Aquilo era horrível demais para estar acontecendo numa noite só. Olhei para baixo a procura de minha varinha, mas o que conseguia ver era sangue cobrindo minhas mão, trêmulas, a procura de uma saída daquilo. Mas tudo que conseguia ver era que meu desespero me deixava cego, pois a minha varinha jamais saiu, em algum instante, de minha mão.
- Parem ! - Um homem com um capuz roxo claro parou diante de mim, quando um imini iria me atacar.
Ele reagiu de uma forma rápida e eficaz. Sacou sua varinha das veste de seu capuz e atacou as criaturas, ao nosso arredor, com fogo intenso e muito fluido, corria pelo ar sempre atingindo cada criatura solta, e principalmente expulsava qualquer nuvem voadora de nos atacar. Era fabuloso como ele executava um feitiço apenas e acabava com todo o mal do lugar em pouco tempo. Mas quando ele virou seu rosto para me visualizar caído no chão feito um idiota, vi que ele era mais familiar do que de costume. Não houve tempo para pensar quando todo o mal daquele lugar sumiu. Agora tudo que podia ouvir era o fogo consumindo coisas ao nosso arredor. O som de pessoas desesperadas por ajuda, gritando nomes de pessoas que talvez eu conhecia, pois imagens de rostos conhecidos sempre me vinham a cabeça toda vez que ouvia um nome conhecido.
- Elano ! - Murilo correu até a mim, mas foi impedido de se aproximar de mim, pelo homem a minha frente.
- Tio deixa ele, é meu amigo - Por que isso deixou Murilo um pouco incomodado ?
Meu tio Heustácio, irmão de meu pai falecido, nunca foi de fazer visitas para mim ou minha família. Sempre vivia desaparecido e mal falava com alguém que conhecia quando estava por perto. Mas seu rosto era familiar pois era irmão gêmeo de meu pai.
- Ah tá, pensei que ele fosse alguém perigoso - Ele se virou para mim e estendeu sua mão.
Eu a agarrei com o máximo de força que consegui, ainda sem conseguir acreditar em como tudo isso aconteceu. Pois não havia explicação. Agora em todos os lugares em que eu possivelmente estou, algo de ruim acontece. Então penso: não posso mais voltar pra casa, caso contrário estaria colocando minha família em perigo.
- Por que deram uma festa, sabendo como o mundo mágico está sendo ameaçado de extinção - Meu tio parecia revoltado com a situação, mas era um velho chato de 40 anos, e seu jeito de ser me tirava as melhores risadas. Mas não agora.
Ele tem os mesmo olhos cinzas-líquidos que eu. Seu rosto mostra como foi bonito, o que ainda é, só que um pouco mais velho e com alguns fios branco. Seus cabelos, no geral, é bem escuro, e ele tem a minha altura.
- Você tá bem ? - Yan se aproximou com Susan que parecia estar mais suja que antes - Por que tudo isso está acontecendo ? Quem está querendo nos matar ?
- Boa pergunta - Pergunto olhando para Murilo. Ele também me esconde algo. Pois desviou seu olhar de mim, para o chão ensanguentado.
- Bem é melhor te levar pra casa Elano, tenho certeza que sua mãe vai pirar depois que souber o que aconteceu aqui - Meu tio me virou e não reclamei ao saber que iria embora dali.
Mas a sensação de abandonar tantas pessoas mortas ou feridas ali me deixava incomodado. Queria ajudá-las. Mas se o motivo de tudo estar acontecesse for minha, então acho que deveria manter distância de todos. Fugir para o mais longe possível, antes que mais alguém morra. Paro no meio do caminho para me ajoelhar no chão e começar a chorar. Perdir uma das minhas melhores amigas e só agora consigo entrar na consciência do que realmente aconteceu. Não dá pra acreditar que houve tantas mortes em pouco tempo, quando eu sempre esperei que minha vida fosse o mais normal possível.
- Levanta Elano, vamos pra sua casa - Murilo me levantou e me guiou para o caminho de casa, com todos ao nosso encalço.
"Ele é ?..." Ouvi meu tio sussurrando isso para um dos dois às nossas costas. Isso realmente poderia ser um atrito entre nós, já que sou também e se ele não aceita, então poderá cair fora daqui.

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