Somos todos feitos de sentimentos.

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Algumas semanas se passaram e começamos a nos questionar como iríamos ficar invisível aos olhos do governo. Pois se mesmo estando aqui, longe de tudo e de qualquer informação do governo, eles não acharam, como seria então possível se esconder deles ? Mas havia uma solução.
- Pronto ! minha mãe vai conseguir enganar o governo - disse Susan - Mas precisaremos compactuar com os anjos, no caso eles poderão parar nossa missão quando eles quiserem
- Como assim ? - Pergunta Bella mais confusa que todos nós
- Minha mãe vai cortar a ligação que temos com o governo, como se estivessemos mortos, sem identifição bruxa, então poderemos seguir em frente sem sermos achados por ninguem, mas ela impos uma condição dentro disso - Ela fez uma pausa drástica e meio dramática - Pois ja esta fazendo algo contra as leis do Deus que seguimos, que não deu sinal verde para isso. Então ela vai poder parar nossa missão assim que achar que deve, e teremos que desistir de buscar as relíquias.
- Por que ela impos isso ? - Fico sem saber o motivo de tal atitude, ja que a mesma sabe como estamos tendo dificuldades de achar e buscar as relíquias
- Ela vai fingir que essa regra foi imposta pelo nosso Deus e o governo terá que seguir as ordens superiores, ela sabe que Alex irá tentar ao máximo não seguir isso mesmo seguindo a ordem, então se algo der errado ela vai intervir na missão e parar a gente a tempo de algo ruim nos acontecer, e isso já vai estar prejudicando ela por estar fazendo isso sem nenhuma ordem de nosso Deus - Dava para sentir o medo e desespero na voz de Susan, ela sabia o risco disso, mesmo podendo nos salvar, sua mãe seria prejudicada e ela tambem. Estão se sacrificando pelo bem maior - Minha mãe tem um cargo muito forte lá em cima, mas não acima das decisões de Deus.
- E se descobrirem tudo ? - Roberto estava abatido e muito observador
- Possivelmente eu e minha mãe poderemos deixar de existir, e vocês poderão sofrer algo terrível que prefiro nem imaginar o que seja - Concluiu Susan assustada mas determinada - Até mesmo Alex iria ser punido, mas tem coisas que não valem a pena fazer, então esse é o único jeito - Seu olhar veio de encontro ao meu - E Elano não tente falar nada, nenhum de vocês. Sabemos das consequências de nossos atos, se isso fizer a missão dar certo e tudo isso de ruim acabar, teremos morrido felizes por isso, mesmo sem entender o por que nada foi feito pelo nosso Deus.
Ninguem falou nada. Ficamos encarando Susan por um bom momento. Era arriscado demais perder Susan, mas era a unica forma de nos manter salvos o suficiente para achar as relíquias sem todos esses ataques ou perseguidores nos achando e querendo nos matar
- Ainda poderemos usar magia ? - Pergunta Anne olhando muito brava para Susan.
- Sim, mesmo estando mortos, nenhum feitiço é contabilizado pelo governo... algo estranho no mundo oculto já que temos zumbis-bruxos que mesmo mortos ainda consegue usar magia, mas o governo não consegue localizar...
Todos nós nos encaramos e ficamos pasmos com essa informação. Já tinha ouvido falar em zumbis-bruxos mas nada tinha me feito acreditar na existência deles. E espero nunca ter a oportunidade de conhecê-los de perto.
- E tem algo que precisamos fazer, algo que minha mãe descobriu observando algum tempo a linha do tempo de Aisha, da qual ela é proibida de revelar a qualquer bruxo ou anjo aqui em terra - Susan abriu um papel grande que parecia ter sido escrito pela minha tia, era a única forma de nos comunicarmos com ela e receber ajuda sem que o governo saiba de algo e a denuncie - Ela disse que para saber mais sobre as relíquias e mais sobre a ligação precisaremos de um fio de cabelo de Aisha, pois normalmente com uma poção poderemos entrar em um portal que revelará memorias escondidas dela que possam revelar algo importante para nós.
- E meio suicida - Diz Murilo serio e com o mau humor dos últimos tempos - Mas sei como podemos chegar perto de Aisha e ter alguns fios, mas vai ser bem suicida isso.
Todo nós nos encaramos a ponto de arregalarmos os olhos, aflitos e muito acelerados para poder dizer algo durante muito tempo. Os minutos que se passavam ali deixava tudo meio estranho. Cada olhar entrando em contato com o outro mantinha a tensão que nos engolia por inteiro. Não sabia o certo se deveria falar algo, me impor, abandonar todos e seguir sozinho a missão para evitar mais mortes. Eles eram importantes para mim, ver um deles morrer seria a pior coisa, além da dor que sinto por perder minha família.
  - Possível que dê certo, com um bom plano em mãos - Comenta Scott agora mais limpo e mais bonito.
- Tem certeza ? - Anne se levantou e encarou Murilo com uma das sobrancelhas arqueadas - Murilo não é flor que se cheire e quer colocar a gente numa missão suicida ? Tá louco ?!
- Concordo, Murilo não tem os melhores amigos lá fora, no caso confiáveis para isso - Retruca James com uma expressão fechada e olhos frios mirando Murilo.
- Bem até que alguém nos de uma ideia melhor eu acho cabível ouvir Murilo - Bella engrossou a voz e deixou todos meio que incomodados. Ela olhou feio para todos - Vocês tem ?!
- Vamos ouvir a proposta de Murilo e aos poucos podemos acrescentar outras ideias para podermos chegar e concluir esse plano bem... mesmo que seja suicida - Roberto se levantou e seguiu para a cozinha onde foi buscar um copo com água - Pode começar - E indicou com a cabeça em direção a Murilo.
Murilo nos contou como que seria o plano e para falar a verdade era um bom plano. Confiável e meio suspeito ao mesmo tempo. Ele parecia saber como chegar até Aisha mesmo até cuspindo o nome de sua ex patroa. James o observava com agressividade no olhar. Estava arrogante e meio paciente. Não parecia o James de muito tempo atrás. Ele estava intenso demais para dizer que era o mesmo de antes.
- Parece divertido - Susan se levantou e veio até a mim e segurou em minha mão e sussurrou baixinho - Confie em mim, sei o que tô fazendo bobinho.
- Não quero perder você e nem ninguém - Digo baixo e triste.
  - Elano, sua amiga não parece ter muito os pés nos chão né ? - Scott encara Susan como se ela o assustasse.
  - Você ainda acha ? - Disse Anne com um ar de deboche fingindo indiferença aí pegar um livro que estava a sua frente, na cômoda, e começar a esconder o rosto atrás dele, fingindo ler.
      E então sinto a mão de James massagear o meu ombro. O encaro e ele me olha apaixonado e leve. Parecia ter se acalmado.
- Vamos conseguir - Disse com sua voz mais calma e leve. O efeito de suas palavras me deu confiança o suficiente para esbouçar um sorriso verdadeiro mas não tão duradouro - Vem quero conversar com você - E pela primeira vez na vida parecia que o novo James estava mais aberto a falar do que só observar.
       Sem olhar para ninguém eu seguro sua mão, solto a de Susan levemente, e me levanto e o deixo me guiar de volta ao nosso quarto. Antes de chegarmos lá eu fiquei observando James. Ele estava mais aberto a quase tudo. O seus sentidos pareciam realmente estarem mais forte e mais intensos. Acho que isso influenciou até mesmo em seus pensamentos que antes pertenciam apenas a sua mente, mas agora fazem parte ainda mais de sua boca. Era estar surfando em algo leve e mais óbvio. O seu jeito mais aberto me deixou mais a vontade de começar algo novo com ele. Já éramos melhores amigos dentro do nosso relacionamento, mesmo com algumas faltas de confiança e mentiras, mas agora, ele estava sendo 100% fiel a isso. Disposto a se abrir a mim e confiar seus pensamentos, que antes eram secretos, também para mim.
Já a sós em nosso quarto de hotel, onde permanecemos escondido sabendo que podemos sofrer uma invasão do governo ou caçadores, James fecha bem a porta e coloca um feitiço de surdez, para que ninguém possa ouvir nossa conversa.
- Voce acha que deveríamos fugir ? - Disse ele por fim depois de me encarar por um momento longo.
Olho para James e vejo como ele está diferente. Não parece o mesmo James de antes, cauteloso, observador, fechado e crítico. Está aberto, falante e mais pra frente. Será que seria por conta do seu lado vampiro
?
- Eu penso nessa possibilidade mas acho que não deveríamos fazer isso, nossos amigos precisam da gente como precisamos deles - Digo observando sua expressão. Ele parece curioso em ouvir o que tenho a dizer - Mas não nego que gostaria de seguir sem ninguém, apenas eu e você nisso.
  - Então vamos - Ele se aproximou de mim - Eu juro por tudo nessa vida, não vou perder você nunca mais. Onde você for, eu irei.
  - Temo que não sejamos tão forte como seríamos com todos os nossos amigos. Já pensei em fugir, em deixar todos para trás e evitar que eles morram nisso, mas penso em como iria sobreviver sem todos vocês - Eu o encaro agora mais sério - Temos uma razão para estarmos aqui James, até eles tem. Melhor pensarmos melhor sobre isso antes de tomar qualquer decisão antecipada. Mas não vou deixar de lado a possibilidade de seguirmos sozinhos na missão.
      James me encarou pensativo e com o rosto fechado em dúvida. Mas antes que ele pudesse falar algo, Anne adentra o quarto com a muita raiva em seu rosto. Ela chegou perto de nós, cruzou os braços e bufou. Parecia estar bem irritada com nossa reuniãozinha privada.
  - Eu ouvi tudo e nem pensem em sumirem e seguirem sozinhos pois irei atrás de vocês, pois se achei vocês uma vez, poderei achar novamente - Ela nos encarou ainda mais fundo nos olhos. Ela sabia meter medo, mas como eu e James estamos mais ligados a tantas emoções, acabamos focando em sentir apenas uma leveza.
- Isso foi algo que nem mesmo você nos explicou, como nos achou ? - Pergunto a encarando sem emoção.
- Nossa família tem um rastreador criado por nossa querida mamãe - Anne revirou os olhos e continuou - Podemos nos achar, seja onde for. Falha de vez em quando assim que tentamos nos achar, mas na maioria das vezes nós achamos - Concluiu ela encarando James que dava uma risada meio debochada de sua cara.
- Elano você sabia que Anne planeja se casar - James encarou sua irmã e como sempre, os dois se olham com tanta admiração que dá pra perceber a conexão que tem um com o outro.
- Fofoqueiro - Ela revirou os olhos na órbitas e se aproximou de nós, sentando no chão a nossa frente - Ela e linda né ? - E de sua blusa tirou uma fotografia onde estava ela e mais uma moça.
A foto parecia ter sido tirada a pouco tempo, pois os cabelos de Anne estavam um pouco curtos e sua aparência estava a mesma. A moça que a acompanhava na foto era bonita, negra dos olhos mel e tinha cabelos bem cheios e enrolados. Era tão linda que ofuscava a beleza de Anne. Mas ela tinha uma peculiaridade que logo me chamou atenção.
- Ninguém explica o amor né Elano - Anne abaixou a mão que segurava a foto e baixou seu olhar - Eu amo ela e ela me ama... queremos isso - Ela voltou a nos encarar - Demorou um tempo até eu aceitar a transformação dela. Quando nos conhecemos ela ainda não tinha se descoberto. Ela me contou quando sentiu confiança sobre quem ela sentiu que deveria ser. Eu me senti estranha. Muito estranha com a situação. Mas não nego que o amor que tinha por ela me fez abrir mais a mente e recebê-la com o amor. Foi um procedimento longo e demorado. Mas poder estar do lado dela desde o começo, desde quando ela decidiu mudar e ser quem ela queria ser hoje me fez amar ainda mais ela. Tudo sobre ela me faz bem, e me faz me sentir bem por ter feito parte de algo importante na vida dela.
- A mudança de gênero a assustava muito - James continuou me olhando como se estivesse perdido em pensamentos - Anne sentia medo por ela. Por mais que minha irmã seja essa garota chata e nojenta, por debaixo de tanto glamour, existe alguém com sentimentos de verdade e de um coração enorme e bonito.
Nunca passou na minha cabeça Anne se apaixonar por uma mulher trans, ter um amor tão puro e bonito por outro alguém. Ela aos poucos me surpreende pois em nossos anos de escola ela só aparentava não ligar para nada além de seu gloss e seus cabelos longos e loiros. Nunca pensei que pudesse haver uma Anne tão humana e delicada dentro de algo tão superficial, debaixo de tanta unha de gel e maquiagem bem feita.
  - Como ela se chama ? - Pergunto agora segurando a mão de Anne pois ela parecia insegura sobre o que eu poderia pensar sobre essa situação. Mas queria mostra que sim eu estava feliz por ela e sua felicidade era linda e deveria sim ser comemorada da forma que as duas queriam.
  - Alessandra - Sua voz saiu apaixonada e leve. Era uma Anne diferente, mais humana e nova. Gostava disso - Ta bom - Ela se levantou se moldando da Anne metida e chata - Agora tratem de parar com esse drama e vão lá embaixo me ajudar com algumas coisas. Murilo não pode simplesmente nos matar com aquela missão sem que eu tenha que me impor antes... Irritar ele me faz bem - E jogou seus cabelos nas costa e saiu do quarto com a mesma cara de deboche de sempre.

***

Já a noite aproveitei o clima mais calmo no local, tirando Anne e Murilo que amavam ficar num climão de se xingarem é isso até que nos divertia, puxei Susan de canto, enquanto observava a chuva, para saber mais sobre o seu amado.
- Nos conhecemos no céu, quando éramos crianças. Nossas mãe se conheciam, não eram próximas, mas quando se encontravam só ficavam conversando sobre assuntos do governo, em que, elas insistiam que não deveríamos ouvir, então sempre íamos brincar longe das vozes delas para bem além - Ela sorria tão serena falando tudo. Seus olhos estavam pigmentados de brilhos é muita paixão - Então acabamos crescendo juntos. Nos víamos pouco, cada vez que os anos se passavam para nos. Pode acreditar primo, eu sou mais venha que você na contagem anual dos anjos. Tipo um ano aqui, lá em cima valem por 5 a frente.
- Então quando estávamos lá em cima o tempo passou rápido para nós também ? - Era estranho isso.
- Sim, por isso em pouco tempo Aisha tinha nos achado, mas se fosse no mundo oculto isso teria durado pelo menos uns 7 meses ou mais.
"Continuando... A última vez que nos vimos foi quando houve um baile organizado pela minha mãe, celebrando a paz entre os anjos e demônios. Lá tivemos a nossa noite dos sonhos e foi onde nós beijamos pela primeira vez. Juro que nunca tinha sentido nada tão arrepiante como senti com ele. Era a mesma sensação boa de comer doce e ficar bem com isso. Mas nos víamos pouco e todas vezes que nós víamos, ficávamos grudados e isso aumentou nossa paixão. Até decidirmos que era hora de casarmos para poder ficarmos juntos, mesmo que isso seja ilegal na lei dos anjos."
- Ilegal ? Vocês não podem se casar, então como minha tia teve você ? - Era tão estranho não aceitar um amor tão puro como o de Susan e seu amado.
- Na lei de Deus anjos não se relacionam e são proibidos de fazer isso, temos apenas que louvar sua existência, mas como vivemos no mundo criado por nós mesmo, acabamos meio que não seguindo algumas regras - Susan tentou esconder o rosto, que agora estava corado, como os cabelos coloridos. Ela parecia estar envergonhada do que estava fazendo - Ainda seguimos ordem de Deus mesmo sendo anjos caídos, mas como criamos esse mundo acabamos que ganhando algum poder de sermos quem queremos ser, em algumas ocasiões. É minha mãe não me teve como sua mãe, na barriga até nascer. Somos designados desde quando somos crianças anjas até a fase adulta onde deixamos de envelhecer e viver imortalmente. Eu fui designada a minha mãe e ela me ama como filha.
- Acho que fez o certo, e tenho certeza que Deus vai entender isso - Digo tentando encorajá-la.
Ela esboça um sorriso breve mas se mantém ainda envergonhada. Então eu a abraço forte para que ela não quebre, pois Susan era tão pura que qualquer coisa que a fizesse se sentir ruim me causaria preocupação sobre ela. Eu a amo muito.
      Fiquei imaginando como teria sido se nossa história tivesse sido diferente. A gente no mundo real, eu e Susan nos conhecendo no colegial, nos amando e no futuro casando e tendo filhos. Filhos lindos. E vejo que isso teria sido lindo, mas não seria algo que iria querer ter quando estou vivendo a melhor realidade que poderia ter. E ter james comigo e tudo que mais preciso.
  - Espero que você possa ser feliz Susan, você foi a única que sempre esteve do meu lado desde o começo de tudo, desde criança - Digo lembrando de como nos conhecemos na escola, a muito tempo atrás e como nós demos bem depois de sempre irmos na biblioteca conversar.
  - Iremos primo - Ela fez careta e se virou para me deixar sozinho. Seus cabelos agora em amarelo e verde faziam com que sua aparecia ficasse ainda mais bizarra, mas não deixava de perceber que era essa a Susan que eu amava e não mudaria nada nela.

 Seus cabelos agora em amarelo e verde faziam com que sua aparecia ficasse ainda mais bizarra, mas não deixava de perceber que era essa a Susan que eu amava e não mudaria nada nela

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