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Levei as minhas mãos ao chão, apertando as terras pretas que escapavam pelos meus dedos, enchendo minhas unhas daquela terra preta

Minhas lágrimas saiam e saiam mas a dor ainda preenchia toda minha alma, minha mente e meu coração, como um ataque cardíaco muito forte

Vi aquele homem asqueroso que agora conseguia ver seu rosto pois havia se abaixado para me ver, combinava com sua voz, tão asquerosa quanto, seu rosto tinha uma barba suja e desgrenhada, havia uma verruga no seu rosto, ele então, apesar de ter muito pelo na sua face, era totalmente careca, seus olhos eram caídos, e seus lábios nem existiam com tamanha barba

Ele sorriu e seus dentes eram podres, alguns já nem tavam mais ali, ele analisava meu rosto e depois todo meu corpo

- Ela é bonita, tem corpo de menina, mas com certeza quando crescer vai ser uma mulher apetitosa - ele disse, olhando acima de mim

- O que vamos fazer com ela? - O outro homem por trás de mim falou

- Vamos levá-la como prisioneira, ela é filha do Rei, provavelmente vão aceitar ela como prisioneira, seria um desperdício matar tamanha beleza - cuspi na sua cara e ele riu, limpando - ela é bravinha ela - os dois riram

- Então levaremos

O homem asqueroso se levantou, e logo um outro homem veio por trás, me levantando e virando, segurou meus braços para cima, para amarrar, depois me pegou pela cintura, me jogando sob seu ombro

Levantei o rosto que estavam pelas costas daquele imundo e vi novamente meus pais

Rainha Lagertha degolada e Rei Darvus enforcado

Mais e mais lágrimas saiam do meu rosto quando fechei os olhos enquanto a imagem deles dois ficavam cada vez mais longes

Não sabia para onde estava sendo levada, mas sabia que minha vida mudaria a partir dali

Tinha medo do que iria me acontecer, muito medo, eu era só uma garota de 10 anos, mas agora era órfã, não tinha mais ninguém por mim, precisava ser forte

Ouvi risadas e homens blindando, o homem que me carregava, me jogou dentro de uma jaula de madeira improvisada em cima de uma carroça, depois a fechou

- Fica aí bonitinha - ele riu, seus dentes não eram tão podres quanto ao homem asqueroso, e não parecia ser tão velho quanto, na verdade ele tinha barba também, porém era bem pouca, e tinha também cabelo, e parecia não ter mais de 20 anos

Ele me olhou mais um pouco de cima a baixo e depois subiu o olhar até meu rosto, dando as costas e indo de encontro a seu copo enorme de líquido amarelo e espuma branca que estava sendo dado a ele

Ele virou para me olhar novamente e depois riu novamente, virando o olhar para o homem que estava a sua frente, olhei pra todos os lados e haviam homens por toda a parte, e tinha mais algumas jaulas, com mulheres praticamente apertadas umas as outras dentro delas, não havia homens e nem crianças além dela, apenas mulheres

Conforme as horas passavam, os homens estavam ficando cada vez mais bêbados, e muitos deles abriam a jaula para puxar uma mulher pra fora, trancando novamente, algumas delas eram levadas por eles aos berros, outras choravam em silêncio, outras choramingando que não e pediam por favor não fazer isso, mas no final todas eram arrastadas, pelo braço, pelo cabelo, ou simplesmente jogadas sob os ombros

Foi quando vi um homem vim em direção para minha jaula

Era o maldito asqueroso

- Oi bonitinha - disse ele bêbado sorridente

- Ela é só uma criança! - gritou uma mulher na jaula ao lado, com uma cara que se pudesse, pulava nele e o rasgava inteiro

Outras mulheres presas começam a sacudir as jaulas e gritar, umas dizia que eu era criança, outras xingavam e enfins

Até que o homem que me prendeu, veio até o asqueroso, se pondo entre ele e a minha jaula

- Vamos Gertrud, você não quer causar uma confusão hoje né? Dia de festa cara, pega qualquer uma das outras prisioneiras cara

- Sai da minha frente pirralho! - ele gritou

- Vamos cara, olha o que você está fazendo, vamos ter que matar todas as outras se continuar essa bagunça, e nossos amigos vão reclamar porque nem experimentaram antes de matar-mos

Ele ponderou por um momento

- Tudo bem

Ele saiu em direção a jaula da primeira mulher que gritou, abriu e a puxou pra fora, empurrando duas outras para dentro, que tentaram puxar ela de volta, fechando a jaula e puxando pela pelo cabelo

Olhei pra ela, que olhou pra mim e sorriu com gentileza

- Tá tudo bem - falou sem sair nenhum som antes de desaparecer

Voltei o olhar para quem havia me "salvado"

- Porque me ajudou?

- Não te ajudei

- Tá - disse rude

- Devia me agradecer - tomou um gole da sua cerveja

- Você não disse que não me ajudou?

- Mas ajudei, intencionalmente - ele riu dando outro gole

- Tá, obrigada então seja lá do que você me salvou

- Qualquer outro que se aproximar, me chama, meu nome é Edgar

Ele riu ainda mais alto e saiu

Ele riu ainda mais alto e saiu

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Elementares: Bruxa De Gelo [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora