Acordei com o sol queimando minha cara, me esticando que nem gato o máximo que conseguia com as mãos amarradas e dentro de uma jaula, que desconfortável
Para quem acordava numa cama que dava 6 de mim, com lençóis que deslizava pelo corpo e colchões que eram tão deliciosos como deitar em nuvens, acordar em uma jaula pequena, suja e com o sol queimando a cara, era uma difícil mudança de hábito de uma hora para outra, levei meus braços sob o joelhos e escondi meu rosto sob os braços
Eu só queria chorar, sem que ninguém visse
E assim fiz, parecia que quanto mais chorava, mais tinha lágrimas, minha alma estava carregada, de desespero, agonia, luto, e luto em dobro na verdade, e trauma, sem dúvida alguma nunca mais esqueceria a morte dos meus pais acontecendo a minha frente
Horas depois começaram a aparecer homens de dentro da barraca, alguns deles traziam as mulheres que tinham pegado da jaula e outros trazia obviamente nada mais que os corpos dela, onde jogavam um sob as outras em um montante
Era repugnante
Logo o mais nojento de todos saiu, segurando o cabelo da mulher que havia me salvado, ela tinha muitas marcas roxas no corpo, e tinha marca de soco no olho, ele abriu a jaula e empurrou ela para dentro, fechando em seguida, as outras que estavam lá e passaram a noite ali, a abraçaram
Segurei nas barras daquela jaula de madeira
- Você está bem? - disse preocupada
- Não se preocupe - disse ela com a voz sem forças - Vou ficar bem
- Me perdoe
- Não se preocupe, melhor comigo do que com você - ela sorriu fraco pra mim
- É só ela descansar um pouco - falou uma das mulheres que estavam na jaula com ela
Confirmei com a cabeça e a que falou comigo encostou as costas contra a jaula, a fazendo se deitar o máximo que conseguia na pequena jaula, deitando sua cabeça no seu peito, e a outra colocou as pernas dela sob a sua e olhou pra mim
- Relaxe, ela vai ficar bem - ela sorriu brevemente
Me sentei na minha jaula e encostei nas grades, tempos depois apareceu o tal Edgar
- Dormiu bem? - ele falou irônico
- Acho que você sabe a resposta - revirei o olhar
- Que mal-criada, seus pais te ensinaram muito mal.. ops - ele riu
- Babaca - desviei o olhar dele para ver o movimento dos homens desfazendo as barracas
- Se prepare donzela, a viagem é longa, muito muito longa, e se você não ser bonzinha comigo, o único que está sendo gentil com você aqui, talvez nem saia daqui viva, como aquela montanha de mulheres ali - ele apontou com a cabeça quando virei para olha-ló
Me arrepiei com a imagem, estavam uma sob as outras, e todas tinha roxos, pequenos sangramentos aqui e ali, e suas roupas estavam rasgadas, algumas delas estavam completamente nuas
Fechei os olhos para não ver mais aquela imagem, acrescentando mais um trauma para lista
Edgar se foi, voltando com metade de um pão bem inchado e água, enfiando dentro da jaula
- Come - disse e logo saiu
Olhei para aquele pão que parecia ser mais comida de porcos do que de gente e pensei em não comer, mas meu estômago roncava demais, não comia desde o dia anterior pela manhã
Comecei a comer, esforçando-me a engolir, tomando goles de água quando ficava mais difícil
Por mais que tenha visto de tudo, tenho a sensação que ainda não tinha sofrido o pior dos terrores ainda, e essa sensação me deixava apavorada
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Elementares: Bruxa De Gelo [DEGUSTAÇÃO]
FantasyLIVRO: https://linkr.bio/mirelleautora Ethel Ann, é o nome da garotinha que foi arrancada do seus pais, do seu reino e do seu castelo, e jogada no calabouço por 15 anos, poupada meramente pela sua excepcional beleza única. Dona de cabelos ruivos, pe...