Calvagamos lado a lado para encontrar Malakay e Amice, eu carregava a bolsa do Edgar em meio aos meus braços, e sentia uma vontade de chorar terrível, que engolia dentro de mim
Depois de quase uma hora e meia cavalgando, encontramos finalmente eles dois
Fui de encontro a comida em qual eles partilhava, querendo engolir algo para engolir sua dor junto, mas não deu muito certo, Malakay e Amice não fizeram perguntas, mas obviamente pela minha cara dava pra descobrir
- Malakay, me der um dos seus álcool?
Ele me entregou e fui pra longe do acampamento, sentando em uma pedra bem grande e tomando um belo gole que queimava por dentro
Já estava na metade da garrafa quando Malakay decidiu aparecer para me encontrar, sentando do meu lado
- Você sabe que tem amigos para conversar né Ethel? - ele começou
- Eu sei, mas eu nem sei o que falar
- Não consegue expressar?
- Não - ri fraco e dei um gole na bebida
- Entendo, eu também não conseguia sabia? Eu não tinha passado pelo luto de verdade desde que te conheci, quando minha mulher morreu, eu não chorei, ouvi muitos sinto muitos, a enterrei, mas eu não derramei uma lágrima, até o dia que te conheci, em uma frase você me desmontou, e eu chorei até minha cabeça latejar, e não era de ressaca - ele riu - Obrigada, inclusive - bateu seu ombro no meu - Sem você teria morrido de tanto beber cedo ou tarde
Desmontei
- Sabe o que é mais difícil? - disse tentando limpar o excesso de lágrimas descendo dos meus olhos - É que o último momento que eu tive com ele, foi um ataque de fúria, mandando ele ir embora, depois dele ter largado tudo para me encontrar, depois de ter se preocupado tanto comigo pra vim atrás de mim, depois dele passar 15 anos da minha vida se preocupando comigo, me fazendo sorrir com seu jeito taciturno, cuidando de mim, me salvando, toda santa vez que ele voltava de viagem trazia coisas que eu pedia e até mais do que pedia, tirava do próprio sustento para trazer todos os mimos pra mim, não importando se era caro ou não, ele tava lá, cumprindo sua promessa de trazer, de ir me ver, eu fui tão babaca por ter falado daquele jeito com ele, ele não merecia aquilo, nunca, eu me odeio por isso - me engasgava nas palavras por contas das lágrimas em excesso
- Sabe, Ethel, tanta gente passa pela gente, mas tão pouca gente realmente fica.
- Eu sei, e como sei
- E o Edgar foi uma das pessoas que ficou na sua vida, não por obrigação, afinal ele mal te conhecia, não era nada seu no início, mas ele quis ficar, ele quis ir te ver sempre que tava na cidade, ele quis passar tempo com você, ele quis conversar, rir e ter sua presença, e definitivamente ele quis vim até você, ficou bem óbvio como ele ficou depois de você ir dormir com raiva, ele parecia um cachorrinho que fez algo muito errado, e ele não parava de olhar pra você um segundo, depois que você dormiu, ele continuava acordado, ele te olhava com ternura, ele te amava muito Ethel, e tenho certeza que ele sabia o quanto você também tinha saudade dele no momento em que você retribuiu seu abraço e nem reclamou de estar com falta de ar com o aperto, e todo mundo percebeu sua falta de ar quando vocês se afastaram, e tenho certeza que ele sabia que você o amava, porque quando eu falei pra ele ir dormir e parar de ficar só te olhando, ele me contou como seus olhos brilhavam sempre que ele chegava lá, não pelos presentes, você nem falava dos presentes até ele citar sobre, e muitas vezes era só na hora que ele tinha que ir embora, mas só de te ver ali, cumprindo sua promessa de voltar pra você todas as vezes, ele sorria quando contava tudo isso, sobre todos os dias que ele ficou com você, e só assim ele foi dormir, então relaxe garota, ele sabia
Ele acariciou meu cabelo e depois desceu da pedra, voltando para perto dos outros, parecia que toda toxina que antes meu sangue bombava por todo meu corpo estava sendo liberado com as minhas lágrimas, que se misturavam com o amargor da bebida que descia queimando pelas suas entranhas
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Elementares: Bruxa De Gelo [DEGUSTAÇÃO]
FantasyLIVRO: https://linkr.bio/mirelleautora Ethel Ann, é o nome da garotinha que foi arrancada do seus pais, do seu reino e do seu castelo, e jogada no calabouço por 15 anos, poupada meramente pela sua excepcional beleza única. Dona de cabelos ruivos, pe...