Sinto tuas asas,
Meu anjo.
Entre as pontas dos meus dedos,
Ao redor de meu corpo,
Te sinto como salvação minha que é,
Na minha pele teu Céu reflete,
Absoluta.
Tuas asas têm perfume de vida,
Tocam meu espírito como o beijar da salvação,
Meu maravilhoso,
Adorável,
Meu Anjo.
Eu me pergunto:
O que estaria fazendo sem você?
O que faria sem você?
E a sensação de imaginar perder você,
Tão maior que eu,
Tão divinamente além de mim,
Me abate como uma morte súbita.
Eu tenho medo de você,
Meu Anjo,
Este poder teu acima de mim,
Entre mim,
Dentro de mim,
Esta necessidade maior do que eu.
Eu te amo,
Meu Anjo,
E te odeio por isso.
Por me mostrar quão fraco sou,
Quão humano sou.
Maldita seja,
Te sussurro em segredo silencioso,
Para que apenas meu coração ouça,
Para que apenas meu espírito saiba,
Quando vejo teu adorável,
Maravilhoso e,
Meu Deus,
Tão irresistível
Rostinho teu eu enxergo,
Toco,
Tomo,
E nada além da maldição do que é Amor há aqui,
Em mim,
Em nós dois
Que decidimos ser Um.
Olhe para você,
Meu Coração louco,
Estupidamente insano!
Eu deveria te enterrar!
Te deixar congelar para sempre!
Mas,
Meu Deus,
Coração meu,
Olhe como meu Anjo sorri,
Quão longe singra seu olhar perdido em profundo pensar.
A forma com que passeio,
Estes dedos meus,
Em tuas linhas perfeitas,
Que definem assim tão bem
Cada complexidade,
Cada detalhe,
Cada possibilidade,
Cada desejo,
Cada necessidade.
Ah, Coração,
Como sobreviveria você e eu a tudo isso,
A tanto,
A este pedaço do Paraíso em minhas mãos?
Devo cortar tuas asas,
Meu Anjo?
Eu odeio você por me mostrar assim tão humanamente fraco.
Não quero que vá embora de mim
Ao perceber que sou tão humano.
Quando em meus dias ruins,
Quando me tornar menos do que merece,
Abaixo do esperado.
Porque,
Meu Anjo,
Eu sei que você sempre será mais do que sempre sonhei,
Eu sei,
Anjo meu,
Você jamais será menos do que mais quero neste existir,
Meu lindo Anjo de vida.
Agora tenho vergonha,
Me perdoe por tão longe pensar,
Em te cortar,
Em podar o infinito só teu,
Em tentar te tornar menos,
Em tentar humanamente errôneo fazer caber um universo na garrafa.
Você não se encaixa em humanidade,
Meu Anjo,
Tão além e tão mais,
Você é demais para caber em tudo que não é você mesma.
Meu Anjo,
Meu Amor,
Não quero te cortar.
Eu quero asas.
Veja,
Mesmo eu já as tive em mim,
Mas, meu Anjo,
Agora elas estão eliminadas.
Eu teria coragem de deixar você ver as cicatrizes?
Oh, meu amor.
Como humano fui,
Estúpido que todos nós somos,
Por deixar alguém as cortar de mim.
Eu não te esperava,
Eu não te sonhava.
E agora,
Meu Anjo,
Eu preciso de você.
Como não preciso do ar,
Do sol e lua,
Do mar e terra,
Sequer da vida.
Oh, Anjo,
Eu quero minhas asas de volta,
Meu Amor.
Deus,
Por favor,
Dê minhas asas de volta.
Me deixe vivo outra vez,
Deixe-me voar com meu
Anjo.