Entrementes - Taiju Shiba

Entrementes - Parte 3

- O que você quer, Shiba? - Cruzou os braços em frente ao corpo, numa postura de quem não estava a fim de conversar.
Taiju, que a encarava atentamente, sentia as palavras de Rindou o atormentando.
- Eu vim te chamar de volta - aquiesceu.
- E eu com isso? - Ana se virou para abrir o portão, mas foi impedida pela grande mão do homem segurando seu pulso. - Dá pra me largar?
Ana se virou emburrada.
- Olha, qual é, você me conhece. - Taiju franziu as sobrancelhas, para ele, era quase impossível forçar as palavras de desculpa saírem - Sabe que eu falo as coisas no calor do momento, não precisa levar pro pessoal, baixinha. Vim até aqui só pra levar você de volta, não precisa ficar aí sozinha, todos estão lá na casa principal.
Ana refletiu por um instante.
Não é do feitio de Taiju se dar ao trabalho de ir atrás dos outros, muito menos de pedir desculpas, do jeito dele, claro. Aí tinha coisa. Conhecia o Shiba o suficiente para saber.
- Desembucha, Gorila. - Ana sorriu irônica. - O que você realmente veio fazer aqui?
Taiju riu alto. Era de impressionar como ela o conhecia, quando quase ninguém o fazia.
Do ponto de vista de Ana, ele tinha um brilho diferente no olhar. O que era mais esquisito do que o ver socando a cara e chutando a bunda dos otários das outras gangues, isso era rotina.
- Sabe que eu já me acostumei com você me chamando assim? Sua irritante do caralho. Já disse, vim te levar de volta e é justamente o que vamos fazer. Anda logo, entra no carro. Já tá tarde e não tem porque ficar fazendo hora aqui no portão, mas eu sei que você já está acostumada. - riu cafajeste.
Ana o olhou, chocada com a ousadia do maior de insinuar que ela era piranha. Não era mentira, mas mesmo assim...
- Escuta aqui, vai se foder.
Taiju a puxou e começou a empurrá-la em direção ao carro.
- Como você é mandão. Insuportável.
- Você gosta.
Ana gostava mesmo, mas ele não precisava saber disso, então ficou quieta e entrou no carro.

---------- Quebra de Tempo ---------

Ao chegarem na casa do Shiba mais velho, se depararam com tudo vazio. O que Taiju estranhou, afinal os garotos tem o costume de ir e vir pela sua casa e ficar por lá. Yuzuha e Hakkai não eram problema, porque também interagiam com os mais velhos. Mas a casa estava envolvida por um silêncio sepulcral.
- Ué, cadê todo mundo? - Ana franziu o rosto.
Taiju se dirigiu até a cozinha, a fim de beber alguma coisa e reparou num bilhete colado na geladeira.

"Fomos para uma boate em Shibuya, Yuzuha e Hakkai também foram.
Amanhã a gente decide se mata os putos da Toman ou não. Aproveita pra relaxar e bater uma punheta."
- Sanzu

Taiju sentiu vontade de esganar o rosado, aquele lá não tinha os neurônios no lugar, era completamente pirado e falava tudo o que pensava. O Shiba ficou constrangido com a última parte.
Ana que chegou sorrateiramente por trás dele, pegou o bilhete de suas mãos.
- ANA!!!!!!
A garota, após ler o que estava escrito, gargalhou estrondosamente. Ela se surpreendia com as loucuras de Sanzu, com sua petulância e em como tudo parecia se resolver com sexo, sangue e drogas. Já o Shiba, disfarçou o constrangimento indo até a geladeira, que era quase do tamanho do mesmo. Enquanto bebia água, notou Ana o fitando.
- O que foi, insuportável? Tira uma foto que dura mais.
Ana riu.
- Nunca pensei que fosse pegar Taiju Shiba constrangido, não achava que essa palavra existia em seu vocabulário.
- Você não entenderia. - riu baixo.
O que ninguém sabia, nem mesmo os seus irmãos, é que o maior era virgem. Sim, o líder da Black Dragons era virgem. Por mais que tivesse certeza de sua sexualidade, ninguém parecia despertar a sua atenção o suficiente pra isso. E na cabeça do Shiba, era um lado dele que ainda não tinha sido corrompido, ao contrário dos outros, já que estava profundamente envolvido com todos os maus hábitos da gangue, fora o que era realizado ilegalmente. No fim, a sua "pureza" era tudo o que lhe restava. Queria que acontecesse de uma maneira especial.

Ana o olhou estranho, costumam compartilhar tudo um sobre o outro, mesmo com as implicâncias constantes. O que o Shiba estaria escondendo?

- Bem - Ana se alongou, sentindo seus membros enrijecidos pelo dia de trabalho - Já que estou aqui, poderíamos fazer algo. Ver um filme, beber um pouco, sei lá.
- É uma boa ideia.