04- Três da madrugada

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Querido leitor, pode se imaginar numa situação de confusão? Num momento em que você se vê diante de toda uma vivência e criação que lhe foi dada e aceita por si mesmo, sumir por experiências novas?

Rintaro tinha sido criado por pais conservadores, pais que não eram religiosos, pior talvez seria se fossem, não? Ainda mais, um pai talvez brusco demais. Mas por favor, não se engane pensando que o pai de Suna era violento em palavras e as vezes nos castigos por conta de sua profissão na luta, jamais, não era por isso, de verdade. O pai de Rintaro teve um pai muito rígido, violento e o homem foi criado com quatro irmãos, Suna somente tinha tios, nenhuma tia. Numa casa onde apenas homens crescem de baixo de um pai assim, o que esperar? Ele só conhecia rigidez e sua mente fechada se deu a passar a mesma criação que teve, ou quase a mesma, ao seu filho. A mãe dele era carinhosa, céus, aquela mulher era um doce e uma adolescente boba pelo seu marido que não era má pessoa, tinha momentos divertidos e carinhosos com a família de vez em quando. Suna teve uma vida com pouca atenção do pai, tinha mais regras a serem seguidas por ele e o carinho de sua mãe? Bom, querido leitor... todos temos como verdade que numa casa onde existem irmãos, existe também o filho favorito.

Suna tinha uma irmã, seu nome era Kiyoko, ela era a irmã mais velha. Uma menina na família fazia qualquer pai frio virar um bobão, não? Sim, mas a mãe de Suna também era apaixonada por sua garotinha que além de ser a única garota, era um exemplo nos estudos e uma garota de ouro. Suna tinha sim uma atenção, mas nunca suficiente e por isso ele ficava mais no celular em casa. Fones de ouvido, celular, lutar, praticar, treinar, não falar muito, não se empolgar muito. Suna era um rapaz quieto, fora de casa seus pais não iriam o reconhecer com a forma animada que ele ficava com seus amigos se fossem comparar com ele em casa.
Ele não falaria disso com seus pais, com seus amigos notou que não conseguiu falar e até pensou que iria. O que iria fazer agora? Sua mente explodia e não conseguia dormir. Naquela noite, Rintaro não dormiu.

*Osamu*

Osamu estava sentindo suas orelhas ainda ardendo por tanta tensão em seu corpo. Estava inquieto, chegou em casa largou tudo e correu ao quarto onde foi pegar a maleta de seu violino a abrindo e tirando o instrumento. Não pensou em nada, começou a tocar qualquer música que estava tocando no seus fones de ouvido que voltou a ter nos ouvidos assim que os colocou dentro do carro. Demons de Imagine Dragons nunca esteve tão alto.

O som daquele instrumento era alto. Não errava uma nota sequer apesar de tocar tão indelicado, descontava a frustração naquilo, seus olhos fechados e os passos que dava pelo quarto até acabar se vendo com as pernas esbarrando na cama atrás de si. Osamu caiu na cama naquele descuido, parando de tocar e com um dos fones caindo do ouvido, o rapaz encarava o teto. Sua garganta estava doendo, sufocado, seu rosto ardia, as lágrimas escorriam sem parar.

Imagine, um par de emoções, memórias e lembranças da infância de Osamu, os castigos, a rigidez, a cobrança da mãe e a que ele colocava em si mesmo. O violino não era algo idiota, o violino não era um fardo, o violino não era brincadeira, mas também não lhe representava quando aquilo também lhe foi inserido de forma bruta na sua infância. Osamu podia ter aprendido como qualquer criança pedindo, com aulas menos frequentes e um bom professor, uma mãe assim como seu pai, compreensiva e carinhosa. Mas onde estava seu pai? Dando apoio a Miya, Atsumu era o favorito, Atsumu nunca teve a mãe o tratando daquela forma, Atsumu nunca precisou sofrer um castigo dela, nem mesmo ouvir os gritos! Osamu pegava raiva do seu irmão e não aceitava que não teve esse tratamento.

Osamu descontava no choro, descontava nos gritos, puxava os cabelos e sentia a respiração ser impossível de ser controlada. Foram longos minutos naquela situação até acabar dormindo. Não iria esperar Atsumu chegar em casa para dormir.

Vanilla - OsasunaOnde histórias criam vida. Descubra agora