43- Insuficiência I

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Nota do autor: @N tinha deixado esses dois rascunhos e eu esqueci de postar, vou soltar agora, desculpem)

Normalmente mudanças extremas eram algo que assustavam e incomodavam Osamu facilmente, tudo que ele fazia se resumia a algo muito bem planejado e seguido. Como em uma dieta, uma dieta restrita e severa. Isso também servia a seu meio social, como se fosse a regra da sua bateria.

Antes foi um processo muito invasivo e desconfortavel ter Rintaro entrando no seu dia a dia, com o tempo e convivência conseguiu até adicionar seu irmão e aquela dupla seguindo os acontecimentos do acampamento o deu uma bagagem enorme, os amigos de Suna, Atsumu e os novos que também se tornaram seus e se formaram num grande grupo. Até ai Osamu sentia que podia segurar, sentia que tudo bem e quando estivesse esgotado era só abaixar a cabeça, se calar que eles iriam entender. Mas agora com a familia de Rintaro o tratando como se fosse parte e incluindo até Atsumu junto, era muito estranho e ativava contra sua vontade o que ele batizou de sistema de defesa. 

Não era como se ele não gostasse de conviver com a familia de Suna, mas era tão estranho, nunca teve isso e ter agora era como se em poucos momentos não confiasse. Se sentia tão mal por isso. Como desconfiava de pessoas tão boas para ele?para o irmão? Osamu era realmente ruim as vezes? Sua mente cobrava demais de si mesmo. 

— Osamu? tudo bem? 

A voz de Kiyoko o tirou dos seus pensamentos e o trouxe de volta a realidade. Osamu estava sentado de frente a escrivaninha do quarto onde ficou hospedado junto a seu irmão já que assim Atsumu podia ser cuidado por Kiyoko e Tanaka durante a ausência de Grace e Jay. Seu irmão estava dormindo, Osamu estava estudando durante a madrugada, como de costume.

—Oh, Kiyoko. Estou bem, algum problema? 

— Fui pegar um copo de água e vi a luz ligada, bati  e lhe chamei, você não respondeu, quando entrei nem me viu. Costuma se concentrar tão bem nos estudos de madrugada? 

— Desculpe, estava perdido nos meus pensamentos. Ah, não exatamente. Me concentro em qualquer momento, mas gosto de usar esse horário para estudar, é mais calmo e convivendo ao lado de meu irmão qualquer momento de silêncio é sagrado. —Ela sorriu e se sentou ao lado, observando o caderno de Osamu com diversas notas.

—Você tem muitos cadernos com notas assim, Rintaro disse que é um dos melhores no violino, não acha que se cobra demais? Dar uma pausa é legal. 

— Agora com a apresentação vindo e o teatro como um extra, tenho que estar sempre preparado e praticando em dobro. Não quero que o teatro me atrapalhe. 

— Teatro? É uma arte realmente boa, não sabia que fazia. 

—Na verdade apenas estou ajudando com a parte sonora. Não faço teatro. 

—Eu fazia quando mais nova, no ensino médio. Era divertido, você não acha? 

Osamu fechou o caderno por perceber aquela conversa durando mais do que gostaria. Kiyoko era uma mulher agradevel, gentil e calma, não era como Grace, talvez não era como Jay também. Rintaro tinha momentos de calma e quietude, mas dividia o mesmo neuronio que Tanaka e Atsumu. Não entendia como alguém tão calmo continuava daquele mesmo jeito quando se convivia com diversas energias inquietas. Era como que ela fosse uma lua e eles grandes representações do sol. Ele se sentia mais aberto a confiança com ela.

—  Eu acho interessante, mas ao mesmo tempo não entendo como perdem tanto tempo com algo que era apenas decorar falas e fazer. Todos os aquecimentos, dinamicas e a forma que eles ensaiam me faz pensar que perdem tempo.

— Bom, isso depende de como você quer fazer teatro. Um ator de verdade, digo, aquele que ama teatro e faz por desejo, ele primeiro entende o que é o teatro e se vincula a ele para depois se aprofundar na natureza de cada texto e personagem. Enquanto tem as pessoas que fazem teatro, atuando apenas por decorarem uma fala e não saberem o que é sentir um terço de quem estão representando. Essas pessoas não passam nada ao público e nem sentem prazer, é como tocar violino e não ouvir o que esta passando a cada movimento que faz para criar as notas. 

Vanilla - OsasunaOnde histórias criam vida. Descubra agora