55-Meu medo III

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Quando Osamu entrou no carro de sua mãe, ficou quieto no banco de trás enquanto os adultos tentavam dialogar e até o envolver mais na conversa. A mulher era quem estava dirigindo, claro, o carro era dela. Mas até isso causava um desconforto com o que o rapaz tinha que ouvir. 

—Querida, tem certeza que não quer que eu dirija? Deve estar cansada por conta do trabalho a distância de sua empresa.

 — Você é sempre tão atencioso, mas não precisa, ainda posso dirigir! 

Osamu já estava pensando que toda a melosidade e cuidados eram exagerados demais, diante tanta conversa sobre trabalho, dinheiro e as ameaças censuradas daquele homem quando a mulher não estava presente. Ele apenas conseguia pensar que ele estava planejando um golpe, pensando realmente forte nessa possibilidade. Sua mãe era tão burra assim para não ver que era estranho? vida financeira era sim algo a ser discutido quando se vai casar, mas tanto a assim? 

—Osamu, então amanhã vai ter algo em seu campus? depois de amanhã sua mãe disse que vai ter uma apresentação sua. Eles fazem algum tipo de abertura um dia antes?

A cabeça de Miya estava tão ocupada pensando em como se livrar logo desses dois e o cachorro esquisitão que nem lembrava desses detalhes. Amanhã era o jogo de seu irmão. Como será que ele estava? tomara que não tenha desanimado por conta da briga deles. Esportes sempre foram tão importantes ao rapaz, sempre motivos para ele se manter que se ele perdesse, Osamu se sentiria pior ainda.

 — Amanhã não teremos nada.—Claro que mentiu, para que iria dizer a verdade?arriscar que seu irmão fosse visto por aquela mulher e o homem que obviamente iria descobrir que Osamu não era filho unico e fazer inferno na vida de outro? Preferia evitar.

—Jura? que pena, estava pensando. Que tal amanhã ao largar, sairmos juntos? só eu e você? algo bem pai e filho, sair para beber, quem sabe te ajudo a dar uns beijinhos ou pegar numeros de garotas.

 —Eu dispenso.

Ele recusou cheio de desgosto e o homem sorriu, a mãe tentou recompensar o tom rude do filho.

— Querido, Osamu precisa estar disposto para a apresentação dele, deixem isso para depois. 

 — Claro, claro, faz sentido. Esqueci desse detalhe, haha. Mas não vou descartar a ideia, certo?

Ele definitivamente só queria abrir a porta e se jogar na avenida, sair rolando até um caminhão passar por cima de seu corpo. Quando chegaram no local, a mulher pediu para o noivo ir ver a reserva enquanto estacionaria o carro, Miya viu como a oportunidade perfeita de estar sozinho com a mãe e tentar falar sobre as ameaças.

— Querido, pode ir ver as reservas no restaurante? vou estacionar, não vou demorar muito

 —Claro, estarei esperando, não demore, já estou com saudades.

Ele a beijou e saiu do carro, o mais novo queria vomitar.

—Mãe, podemos conversar antes de entrarmos? 

— Claro, o que foi?

 — Sobre o Klaus, eu não acho que ele seja...

No mesmo momento aquele homem bateu na porta do carro e abriu, sorrindo animado enquanto Miya engolia todas as palavras que poderia ter.

— Eu esqueci a identidade, acreditam?Ah, Osamu que tal vir comigo? sua mãe precisa estacionar.

Aquele homem só podia estar brincando! ele era um psicopata ou algo assim?! justo nos momentos  que o garoto iria tentar ele aparecia. Osamu saiu do carro e o acompanhou até dentro do local.  Ele não disse nada e Klaus também não, entraram e depois sua mãe apareceu, se sentaram na mesa reservada e fizeram seus pedidos.  

Vanilla - OsasunaOnde histórias criam vida. Descubra agora