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— Ela me parece alguém — sussurra Gabi.

Depois desse desastre matinal, Gabi não tem certeza de como ela ainda está de pé. Após o incidente na mesa de entrada, onde Gabi desejou fervorosamente que o chão se abrisse e a engolisse inteira, Roberta e Nati conduziram Gabi para um canto distante da multidão. Os discursos dos executivos da Nike já estão rolando a um certo tempo, mas Gabi não está prestando atenção. Em vez disso, ela está olhando para a bela e má garota do balé.

A cerca de 10 metros das jogadoras do Red Stars, a garota se parece exatamente como Gabi imaginaria uma bailarina em sua mente: linda, feminina, magra, elegante. Ela está usando um vestido floral preto esvoaçante e salto alto, um forte contraste com a multidão ao seu redor em jeans e tênis. Ela está olhando reto, balançando a cabeça e sorrindo afetadamente junto com os discursos.

— Ela não parece alguém? — Gabi repete em um sussurro, olhando para Roberta e Nati para confirmação. — Como era o nome dela mesmo? Sheilla?

— Só porque uma garota é gostosa, não significa que você conhece ela — brinca Nati, já se distanciando, caso Gabi tente dar um soco no braço dela.

— Pior que ela tem razão. Eu acho que já a vi em algum lugar. —Roberta diz. — Lembrei! Seu rosto estava estampado no metrô neste verão, quando a cidade estava promovendo a Companhia de Balé de Chicago. Eu esqueci qual show foi. De qualquer forma, tenho certeza de que todo mundo na cidade conhece o rosto dela.

— Verdade, não era a Bela Adormecida ou algo assim? — Nati lembra. Gabi se lembra agora também: aqueles anúncios enormes e elaborados com aquela garota neles, usando um vestido branco e coroa de flores silvestres e sorrindo insípidamente.

— Sim, Chicago deve ter gasto uma fortuna naquela campanha publicitária — continua Roberta, balançando a cabeça. — Lembro de ver o logotipo da cidade na esquina. Você pode imaginar se eles aplicassem metade desse financiamento para tentar obter mais publicidade para a nossa liga de vôlei?

— Vamos chegar ao campeonato este ano sem a ajuda deles — murmura Gabi. E provavelmente é verdade, com as quartas se aproximando, os Red Stars estão sentados perto do topo da classificação. Mesmo assim, como Nati, ela se irrita com a ideia de que a cidade estava optando a investir em balé ao invés de vôlei — Sério, as meninas realmente precisam dessa ideia em suas cabeças? Que elas têm que ser perfeitas e magras e usar vestidos e coroas de flores o tempo todo?

Na frente delas, um casal mais velho se vira e franze a testa para Gabi.

— Desculpe! — Gabi murmura, baixando a voz novamente. As três garotas se afastam ainda mais dos espectadores mais próximos. — Ok, mas falando sério, se Chicago realmente queria investir em esportes, eles deveriam investir em vôlei, NWSL, ou WNBA.

— Ok, mas mudando de assunto, acho que deveríamos nos desculpar com ela. — murmura Roberta.

— Pedir desculpas???!!!

— Bem, ela acabou de pegar a gente zombando dela. — Nati concorda, um pouco envergonhada.

— Primeiro que eu não estava zombando dela, eu estava zombando a sua atividade. — Gabi faz questão de não chamar isso de esporte. — E vamos ser honestas, andar de tutu no palco não faz de alguém um atleta. Eu ainda não entendo porque ela está aqui. E mais, mais cedo, quando topei com ela, disse que sentia muito.

O olhar severo no rosto de Roberta diz que ela não vai sair dessa.

— Ok, tudo bem, vou me desculpar novamente — murmura Gabi.

E ela tenta. Bem, mais ou menos.

Após os discursos, Gabi, sem muito entusiasmo, atravessa a multidão para ficar perto da Sheilla Castro. Ela ainda está envergonhada de saber que está cheirando a uísque. Pelo menos ninguém se vira para olhar para ela com nojo o que ela considera isso uma vitória. — Quando ela olhar para mim — Gabi diz a si mesma. — Vou pedir desculpas.

Like Grey Skies | SHEIBIOnde histórias criam vida. Descubra agora