— Lembre-se, você tem que estar de volta às seis hoje, ok? Seis em ponto.— Seis em ponto. — Gabriela ecoa, esfregando uma toalha grosseiramente em seu cabelo pingando, após o banho, enquanto ela vasculha seu armário.
— Para a surpresa, ok? As seis. Você promete?
— Seis em ponto. — Gabriela promete, e ela tem que sorrir no limite da antecipação vertiginosa na voz de Sheilla. — Não se preocupe, vida. Estarei aí às seis e levarei essas capangas junto comigo. — Ela levanta as sobrancelhas para Roberta, Natália e Thaisa, para que saibam que estão sendo inclusas.
— Perfeito! — Sheilla diz do outro lado da linha, e Gabriela pode sentir o sorriso em sua voz. — Tudo bem, vejo você às seis!
— Desculpe, que horas é mesmo?
— Gabriela...
— Seis! — Gabriela ri quando eles terminam a ligação. Ela se vira e lembra as amigas: — Lembrem-se, é uma surpresa. Temos que agir como estivéssemos surpresas.
(Talvez não seja uma surpresa.)
Na outra noite, quando as garotas estavam na casa de Sheilla - quando Sheilla voltou para seu apartamento chocada ao encontrar Gabriela segurando uma bolsa de gelo em seu lábio sangrento, depois que elas lhe deram uma releitura completa de como tudo aconteceu. Guidetti fora do prédio, depois que elas persuadiram Sheilla a não ligar para o 911 para checar o lábio de Gabriela e os nós dos dedos de Roberta - as garotas se acomodaram em um círculo solto no chão em um cobertor. Foi quando começaram as brincadeiras alegres sobre a falta de móveis.
— Ouvi dizer que Gabriela passou mais de uma noite na cama de cachorro do Noah, — brincou Thaisa.
Sheilla riu um pouco tristemente. A brincadeira era alegre, mas havia algo melancólico atrás de seus olhos quando ela deu de ombros e disse: — Bem, eu estive pensando em comprar alguns móveis de verdade para esta sala da frente...
Gabriela piscou, surpresa. — Mas é o seu espaço para ensaiar, certo? É importante que você pratique. — Ela gesticula em direção ao espaço aberto, as tábuas de madeira brilhantes, os espelhos. Ela relembra a magia indescritível de ver Sheilla dançar neste espaço. As outras garotas ficaram em silêncio, sentindo que essa conversa era sobre algo maior do que apenas móveis.
— Sim, — disse Sheilla. Ela estava sentada no chão com as pernas esticadas na frente dela, costas retas, dedos dos pés perfeitamente pontudos, como de costume. Ela respirou fundo. — É o meu espaço de treino. Mas é mais do que isso. É um espaço para mim, para as minhas amigas. É um espaço que todas vocês acabaram de proteger em meu nome. — Sheilla se inclinou e deu o mais leve dos beijos na bochecha de Gabriela, tomando cuidado para não perturbar o lábio cortado ou as contusões recém-formadas. — Então, acho importante que este espaço reflita algum equilíbrio. — Sheilla sorri para elas. — Equilíbrio na forma de, ah, não sei, ter um sofá no qual minhas amigas possam sentar quando vierem. Ou uma mesa de jantar onde eu e minha namorada podemos receber convidados. Acho que poderia encaixar essas peças e ainda ter espaço mais do que suficiente para ensaiar.
A conversa mudou para outros tópicos, mas Gabriela percebeu o grande passo simbólico que isso poderia ser para Sheilla - criar um espaço acolhedor e social, construído para mais de uma pessoa solitária.
E ela não poderia estar mais orgulhosa.
Então, quando ela estava na cozinha ontem de manhã, ela acidentalmente viu a tela do laptop de Sheilla, que estava aberta no balcão. Sheilla estava claramente comprando móveis - um sofá, uma mesa de jantar. E então esta manhã, Sheilla ligou para Gabriela com instruções firmes para voltar ao apartamento com as meninas às seis da tarde para uma "surpresa". Nem um minuto antes, nem um minuto depois.
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Like Grey Skies | SHEIBI
FanfictionPonteira do Chicago Red Stars, Gabi, apenas no lema 'deixa a vida me levar', conhece Sheilla, a principal bailarina da Companhia de Balé de Chicago. O ódio surge imediatamente, é claro.