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— Ok, veja, isso é un temps de chien, — diz Gabriela.

Elas estão lado a lado em frente à Paris Street - Rainy Day, que ocupa uma parede inteira na galeria do Instituto de Arte de Chicago.

Gabriela adora esta pintura. Ela adora o tamanho dela, como se você ficasse perto dela, é como se você estivesse na própria cena. Ela adora a névoa lavanda da neblina nas ruas, o jeito que você quase pode sentir a garoa no rosto e o frio nos dedos dos pés.

— E eles estão em Paris, então devem estar dizendo certo. — Sheilla ri. Através de sua risada, Gabriela pode dizer, que Sheilla está olhando de lado, verificando se Gabriela está melhor.

E Gabriela se sente melhor. Ela sente. Sheilla sempre parece saber a coisa certa a fazer, a coisa que Gabriela precisa. E o que Gabriela precisava hoje era uma mudança de cenário. Alguma arte. E suas amigas.

— Então, — diz ela, olhando ao redor da sala de exposições. — Onde a próxima? Quem é seu artista favorito?

Sheilla leva um momento para olhar as obras-primas nas paredes, mas então seu olhar cai de volta em Gabriela. Um sorriso brinca nos cantos de sua boca. — Estou olhando diretamente para ela.

— Shei... — Gabriela gagueja, encantada e sem palavras.

Felizmente, ela é salva por Thaisa.

— Sheilla, eu gostei desse! — Thaisa chama. Elas olham para ver Thaisa em seu telefone, ampliando uma foto de bancos. — Você deveria comprar esses!

— Thaisa! — Aninha choraminga, aparecendo ao lado dela, revirando os olhos. — Você está em um museu de arte. Eu não posso acreditar que você está olhando fotos de móveis no seu telefone.

— Um dia, quando você estiver com vinte e tantos anos, garota, você descobrirá como é divertido comprar móveis. — Thaisa provoca.

Aninha faz uma careta. — Literalmente nunca. Ok, vamos lá, — ela diz, puxando o cotovelo de Thaisa, — eu quero ver a exposição de balé.

Elas cercam Roberta e Nati do outro lado da sala e partem, com Aninha na liderança.

Gabriela e Sheilla formam a retaguarda do grupo. Elas param juntas na porta da sala de exposições de Degas, e as lembranças da primeira vez que estiveram lá voltam correndo para Gabriela. Então, virou um espaço sagrado, que parecia ter sido feito apenas para as duas. Hoje está movimentado com outros frequentadores de museus. No dia, Sheilla estava vestida com toda a sua glória de bailarina, em um tutu e tiara que brilhavam com joias. Hoje, ela está de casaco e botas.

Mas para Gabriela, o momento não parece menos mágico do que naquela noite.

Lentamente, ela estende a mão e cutuca as costas da mão contra a de sua bailarina. Sheilla olha para as mãos delas, depois para Gabriela, e um sorriso enorme se espalha em seu rosto enquanto Gabriela entrelaça seus dedos, deliberadamente, um por um.

— Tem certeza? — Sheilla diz, em voz baixa e cuidadosa, enquanto Gabriela a conduz pela mão pela sala. — Está cheio de gente - eu não quero que você se sinta desconfortável.

Em resposta, Gabriela as paralisa, gira Sheilla para encará-la.

— Tenho certeza, — diz ela, e a beija.

É suave, casto e rápido, mas Gabriela pode sentir flores explodindo em seu estômago, na superfície de sua pele. Ela se afasta com um sorriso suave. Pode haver algumas pessoas olhando. Ela não se importa.

— Bem aqui, nesse exato lugar, é onde tivemos nosso primeiro beijo.

— Hmm, sim, acho que me lembro, — brinca Sheilla, seu sorriso radiante.

Like Grey Skies | SHEIBIOnde histórias criam vida. Descubra agora