— Então, trago notícias que você não vai gostar.
Gabi resmunga e bate com a testa, um pouco forte demais, na frente do armário. O impacto estremece, metálico e dolorido, através de sua mandíbula e descendo pelos lados do pescoço.
— Meu Deus, o que é agora?
— Qual você quer saber primeiro? A má ou a péssima? — Nati pergunta.
— Nati, fala logo. — Gabi mantém os olhos fechados e a cabeça apoiada no armário. A música do pré-jogo está explodindo pelo vestiário. Já é um dia ruim: é um dia de jogo, o primeiro desde que Carolana assumiu o posto de capitã. O local onde o símbolo de capitã costumava repousar na camisa de Gabi parece cru e nu, como uma ferida descoberta, e a visão do símbolo na camisa de Carolana faz seu estômago revirar. Embora ela saiba que não é culpa de Carolana, ela mal consegue olhar para a cara dela.
— Lembra daquela noite em que encontramos a Sheilla e sua amiga de balé quando estávamos saindo do bar?
— Sim, o que tem isso? — O dia tinha oficialmente ido de mal a pior - afinal, cada dia que Gabi passava sem ouvir o nome Sheilla era um dia de vitória. Teve uma sequência de 9 dias consecutivos, e Nati simplesmente estragou tudo.
— Bem, depois que você saiu, Thaisa acabou se enturmando com ela. Elas se deram muito bem.
Gabi solta um resmungo alto e revira os olhos. — Você está brincando, né?!
— Cara, não é como se pudéssemos policiar com quem Thaisa faz amizade — observou Roberta do outro lado de Nati.
Lógico que elas não poderiam policiar a Thaisa, mas Gabi não estava com cabeça para ter pensamentos razoáveis — Porra. Eu sei você está certa. Espero que Thaisa não fale sobre ela na minha frente ou nos faça sair juntas. Fazer o que? Essa foi a má notícia ou ainda tem notícia pior que essa?
Nati engole em seco, ajustando a manga de sua camisa sem fazer contato visual. — Então aí que tá, essa foi a má notícia. Tem uma pior, Thaisa a convidou para o jogo hoje...
— O que?
—... e convidou para sair com a gente depois do jogo.
— QUE?
— Gabriela--
— Realmente não temos direito de policiar as amizades da Thaisa, agora chamar ela para sair com o time depois do jogo? Sheilla Castro não pode sair com a gente depois do jogo—
— Thaisa não sabe que vocês duas não se dão bem— argumenta Nati. — Ela não estava lá conosco no primeiro dia. Mas de qualquer maneira, tenho certeza de que vai ficar tudo bem!
— Sim, você nem vai vê-lá na arquibancada — acrescenta Roberta tentando confortar a amiga, enquanto isso Gabi mexe irritadamente em suas joelheiras. — Sem contar que vamos sair em um grupo grande após o jogo. Você não vai precisar interagir com ela. Será fácil manter distância. Qualquer coisa faremos interferência, certo, Nati?
Derrotada, Gabi segue suas amigas para fora do vestiário direto para o corredor.
— Acho que era melhor não ter contado a ela — ela ouve Nati sussurrando para Roberta.
— Não, é melhor ela ter ouvido da gente ou você prefere que ela descubra olhando para as arquibancadas e vendo o rosto de Sheilla? Os ingressos que Thaisa conseguiu para elas são logo atrás do banco...
Normalmente, Gabi adora o barulho da torcida quando elas emergem do túnel. É como se você pudesse sentir a energia de milhares de pessoas, irradiando para baixo em sua direção. Hoje, porém, enquanto ela entra em quadra, os olhares a enervam. Ela se sente como se cada um daqueles pares de olhos estivessem focados nela e no ponto em branco em sua camisa.
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Like Grey Skies | SHEIBI
FanfictionPonteira do Chicago Red Stars, Gabi, apenas no lema 'deixa a vida me levar', conhece Sheilla, a principal bailarina da Companhia de Balé de Chicago. O ódio surge imediatamente, é claro.