Like Grey Skies | SHEIBI

7

– O que está rolando entre você e Sheilla? – Nati pergunta.

O treino acabou de terminar e Gabi está fazendo malabarismos com uma bola na quadra. Ela estava equilibrando a bola na testa quando Nati se manifestou. Ao som da pergunta, ela se contorce involuntariamente, e a bola sai quicando em sua cabeça.

Excelente.

– Nada – diz Gabi com firmeza, perseguindo a bola, que está convenientemente rolando para longe de Nati.

Quando ela volta, porém, Nati não desiste.

– Você atendeu o telefone dela e nos disse que ela iria jantar na Thaisa outro dia. E então vocês apareceram juntas. Depois se sentaram na mesma mesa, mas longe uma da outra e não se falaram a noite inteira. Me diz o que está rolando?

– Eu já te disse, nós nos encontramos na entrevista da Nike – Gabi resmunga. – Essa é a única razão pela qual eu a ouvi no telefone com vocês.

Nati dá de ombros. – Estou só perguntando. Ela é tipo, muito bonita, não é? Já que você parece ter decidido não odiá-la tanto...

– Ela é bonita? Eu não tinha percebido – Gabi mente descaradamente. – E só porque decidi não odiá-la, não significa que automaticamente irei amá-la. Acabei de decidir que ela é tolerável.

Na verdade, no dia do jantar, Gabi ficou tão apavorada com o ataque repentino ao perceber que tinha uma queda por Sheilla que passou o resto da noite se esquivando dela. Mas não era como se isso tivesse ferido os sentimentos de Sheilla. Na verdade, Sheilla mal parecia notar. Assim que chegaram na casa de Thaisa, ela foi arrebatada pelas outras garotas, e passou o resto da noite conversando com elas enquanto Gabi - como de costume - permaneceu quieta a noite toda.

Claro que ela não vai contar às outras garotas que, a cada hora de cada dia desde então, quando fecha os olhos, ela vê Sheilla, dançando naquele collant preto naquele quarto à luz de velas.

O lado bom é que tem sido uma grande motivação. Gabi tem se esforçado mais nos treinos do que tinha em meses. Quando essas imagens turvas começam a se transformar em um território mais escandaloso, lembrando-a de tudo o que ela quer e não pode ter, Gabi corre mais rápido, levanta mais, bate com mais força na bola, até que seu peito e seus braços estão em chamas de fadiga. A dor é uma distração refrescante de seus pensamentos.

Até Bernardinho percebeu. Naquele mesmo dia, após o término do treino, ele disse – Nada mal, Gabi.– É a coisa mais legal que ele disse a ela em meses.

– Você vai para a festa da Gattaz neste fim de semana, Gabi? – Thaisa pergunta.

– Sheilla vai estar lá? – As palavras saem de sua boca antes que ela possa detê-las.

Nati revira os olhos. – Sim, ela está convidada. Mas não se preocupe, será uma grande festa, então você não terá que falar com ela se não precisar! Além disso, pensei que vocês estavam se dando melhor?

Gabi apenas encolhe os ombros novamente. – Como eu disse, eu a tolero.

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Quando ela sai do chuveiro um pouco depois, Roberta é a última que sobrou no vestiário, arrumando sua bolsa. Ela ergue os olhos quando Gabi entra na sala. – Ei. Mais cedo, por que você perguntou se Sheilla estaria na festa da Gattaz?

– Por que todo mundo quer falar sobre a Sheilla o tempo todo?! – Gabi exclama. – Eu só... quero... evitá-la.

Os sorrisos de Roberta são os piores, porque eles são tão raros, mas tão letais.