Capítulo 11 - O Passado Retorna

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- O que faz aqui, Ashura? – o alfa entreabriu a boca ao ver o estado do ômega, com um olho roxo e inchado, o lábio partido e os cabelos desgrenhados, pela surra que havia levado ao ser capturado, uma lágrima rolou por seu rosto.

- Por que, Indra? Por que não parou enquanto era tempo? Eu te avisei tanto... – falou o alfa, sentindo seu peito doer e seu lobo uivar em tristeza ao ver seu mate naquele estado, machucado e acorrentado, como se fosse um animal, o Uchiha sorriu fraco.

- Do jeito que fala até vai parecer que se importa comigo.

- E me importo, sabe disso. – garantiu.

- Eu não sei de nada, não desde que soube que todas as promessas que havia me feito eram mentiras.

- Eu te amo, isso nunca foi mentira. – o coração do ômega disparou, mesmo ainda estava muito machucado.

- Pode ser, mas não foi o suficiente para me escolher. – o Senju desviou os olhos, sabendo que o que o menor dizia era verdade, o Uchiha suspirou – Deveria voltar para seu esposo, para o seu... filho. – falou com um nó na garganta, sabendo que o amor que o alfa dava ao filhote que havia tido com o príncipe, nunca o daria a seu filhote, seu pequeno e inocente Sharingan.

- Perdão... – falou com sinceridade o alfa – As coisas poderiam ter sido tão diferentes se não houvesse sido tão covarde, tão ambicioso...

- Mas não foi assim.

- Não, não foi. – respondeu – Fiz muitas coisas erradas, mas a pior delas foi ter te abandonado. A pior delas até o momento... – o ômega levantou a cabeça, que não havia percebido ter abaixado, e encarou estranhado ao alfa, parecia tão arrependido, havia em seus olhos algo que não podia identificar – Eu sinto muito... – aproximou-se do acorrentado ômega, afagando a face deste, para então pousar um delicado e saudoso beijo em seus lábios – Eu ainda te amo. – sussurrou, para em seguida separar-se abruptamente ao ouvir a porta ser aberta.

- Está na hora. – um de seus homens avisou, o alfa assentiu, para então soltar da parede a corrente que prendia ao ômega, e com este percorrer os corredores da masmorra.






Haviam passado quase dois meses desde o nascimento do pequeno Kayo, nome dado ao bebezinho de Sasuke. A cor dos olhos do filhote ainda não se definia, continuava com o mesmo acinzentado característico de um recém-nascido, mas o alfa esperava que tivesse seus olhos, que tivesse ao menos uma característica sua, já que o bebê era idêntico a Sasuke, se tivesse ao menos seus olhos já não teria dúvidas que era seu, não queria apelar ao exame de DNA, agora que conhecia Sasuke, sabia o quanto isso poderia machucá-lo.


- O que quer? – perguntou o alfa com os braços cruzados e uma carranca irritada, já tinham anos que não ficava a sós com aquele ômega, o ômega que tanto o havia machucado.

- Sente-se, quero conversar com você. – pediu o menor, mostrando a cadeira a seu lado.

- Não tenho nada o que falar com você, Gaara. Deveria estar com Sai, é seu namorado, não? – o ruivo abaixou os olhos.

- Nós brigamos, eu descobri que... bom, isso não importa, não sei porquê te chamei, acho que só queria saber que alguém se importa. – sorriu com tristeza, o alfa arqueou uma dourada sobrancelha.

- Eu não me importo com você. – corrigiu.

- Fomos namorados por dois anos.

- Mas terminamos. Eu agora estou com Sasuke, temos uma família juntos. – o ômega sorriu de lado.

- Sim claro, um filho que nem sabe se é seu... – o loiro entreabriu os lábios com surpresa – Sai me falou das suas desconfianças.

- Sai é um linguarudo fofoqueiro, que não sabe guardar segredo. – acusou o maior.

- Então é verdade? Está criando um filho que nem sabe se é seu? Nunca esperei isso de você, Uzumaki.

- E eu nunca esperei que abortasse nosso filho Sabaku, mas ainda assim você o fez. – o ruivo paralisou com as cruéis, mas verdadeiras palavras, abaixou os olhos.

- Já tem quatro anos, Naruto... deveria esquecer.

- Não posso esquecer algo como isso. – seus azuis olhos encheram-se d'água – Eu não estava de acordo, você sabia disso, e ainda assim o fez, e depois foi embora, com outro. Mas também, eu fui o burro, quem mandou acreditar em um ômega que já não era puro quando conheci?

- Eu não fui embora com outro, quantas vezes tenho que te dizer que ele só era meu agente? Jamais te trairia, te amava.

- Não foi isso o que pareceu nas revistas. – o ômega abaixou seus verdes olhos, sentindo-os arder, Naruto estava tão enganado... – E dois anos depois tem a cara de reaparecer, como se nada tivesse acontecido... com meu amigo.

- Sai me ajudou... você não entenderia.

- Acho que prefiro não entender. – desabou na cadeira ao lado do menor, pedindo um drink ao bar-man do local onde se encontravam e o tomando tudo de um único gole, o ômega o acompanhando. Tinha uma sensação estranha, sentia que não deveria estar ali... infelizmente não a deu ouvidos.


(...)


Acordou com sua cabeça doendo, em uma cama que não era sua, e se maldisse a si mesmo por ser tão idiota e beber demais ao sentir o estalar em sua cabeça, tudo doía, mas o que realmente lhe fez estacar em choque foi o corpo adormecido a seu lado, seus olhos se abriram como pratos e começou a suar frio ao ver o belo ruivo adormecido nu a seu lado, e o pior de tudo... ele também estava nu.


(...)


Como o havia feito com Sasuke uma vez, saiu fugido daquele motel, onde havia acordado, nem mesmo lembrava de como havia chegado lá, estava muito bêbado, o ômega igual. Haviam feito besteira, disso não tinha dúvidas, se sentia culpado, estava com Sasuke, ninguém merecia ser traído de tal forma e ainda tinha Sai, ele era seu amigo, céus... sentia-se tão estúpido.


(...)


Os dias foram passando e quando percebeu duas semanas haviam decorrido. Sasuke havia estranhado seu novo comportamento, mais arredio e distante, não compreendia o que de uma hora para outra havia mudado.

Naruto no entanto, não conseguia deixar de pensar no ocorrido com o ruivo, havia esquecido do que um ômega era capaz, as lembranças de seu passado voltavam, assim como as palavras de seu avô lhe dizendo que os ômegas não eram confiáveis, menos ainda os não-puros, tudo isso lhe fez rever toda sua história com o moreno Uchiha e refazer um pedido que acreditara havia esquecido e que de alguma forma surpreendeu o ômega.


- Sasuke... – o pequeno o encarou com curiosidade, sem estar preparado para a dor que viria com as palavras seguintes – eu quero o exame de DNA.


(...)


Mesmo machucado, o ômega aceitou e realizaram o teste no dia seguinte, só foi preciso um pouco de saliva do bebê e do alfa. Poucos dias depois, o resultado saía, Sasuke não o havia acompanhado a buscá-lo, estava magoado com o loiro pela sua incredulidade. Naruto ao abrir o resultado, não podia acreditar no que via, as lágrimas rolaram por seu rosto, de alguma forma sempre havia sabido.

Corrente do Tempo - NaruSasuOnde histórias criam vida. Descubra agora