Capítulo 3

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-Depois da minha mãe quase me esmagar num abraço de preocupação, meu pai me deu um sermão e me mandou ir para meu quarto. - termina de contar.

-Entendo... - Madeleine responde pensativa - Provavelmente se fosse meu pai, teria dado alguns tapas em mim e me deixado sem jantar. Nossos pais tem jeitos bem diferentes de educar. - ela sorri - Ainda bem. - a idosa olha ao redor procurando algo - Que estranho não vejo nenhum dos meus gatos... Devem estar dormindo, aqueles preguiçosos. Querida, tem algum animalzinho?

-Uma cadela, se chama Antoinette.

-Sempre amei cachorros, mas minha saúde atual não permite eu ter. Cachorros têm muita energia! Como poderia cuidar deles com essas costas? - vocês duas riem.

-Você tem vários quadros de seus bichanos. - comenta.

-De certo! É um inferno pintar esses gatos, nunca ficam parados, mas o resultado sempre me faz ter vontade de pintar mais e mais. - ela olha para as pinturas - Mas obviamente tenho mais pinturas de meu querido noivo, ele amava tocar todo tipo de instrumento, mas o seu preferido definitivamente era o piano.

-Eu também sei tocar piano, mas não diria que gosto de tocar. Sempre toquei por obrigação, não por diversão.

-Querida! Meu noivo jamais deixaria você pensar assim! - ela ri - Venha, vou lhe mostrar o piano de meu amado. - Madeleine se levanta e te puxa junto - Ele passava horas tocando sem parar. Era magnífico!

-Ele não toca mais? - pergunta confusa pela mulher falar como se não fizesse mais.

-Não, minha querida. - ela sorri entrando numa sala grande com um piano no centro - Ele faleceu de tuberculose a mais de 20 anos, algumas semanas antes de nosso casamento. Se ele não tivesse aquela doença maldita, eu me chamaria Madeleine Porttman, não acha um nome adorável?

-Me desculpe pela indelicadeza... - se desculpa - Mas realmente é um nome esplêndido. - sorri.

-Não se desculpe. - a Sra. Black te faz sentar no assento do piano - Se não for incômodo, poderia tocar essa partitura para mim? Meu noivo escreveu anos antes de nosso noivado, quando ainda éramos namorados.

-Tocarei com o maior prazer. - fala e se ajeita, começando a seguir a partitura.

Madeleine se deliciava com a música. Era possível ver a felicidade estampada em seu rosto. Depois de um tempo, termina de tocar e olha para a idosa.

-Esplêndido, querida! - ela elogia com os olhos brilhando - Não sabe como me sinto feliz em ouvir essa música. Só de me lembrar de minha época de juventude, quando estava loucamente apaixonada por Harry Porttman, meu primeiro e único amor, me deleito em felicidade! - ela falava de um modo tão jovial, ao ponto de ser possível ver ali rodopiando de felicidade, uma jovem experimentando o sentimento do amor pela primeira vez.

Por um tempo, Madeleine teve que se sentar para recuperar o fôlego, ainda sorridente.

-Mas conte-me, já tem alguém especial? - ela pergunta.

-Oh! Eu não! - responde envergonhada - Não tenho tempo para isso, ando sempre ocupada com os estudos, meus pais esperam muito de mim para eu poder ter tempo de pensar nisso. - responde cabisbaixa.

-Não fale assim! Quando eu tinha a sua idade, só pensava nisso. - ela segura em sua mão - Devia começar a prestar mais atenção aos detalhes. - a idosa sorri.

-Como assim? - questiona.

-Com o tempo ira entender. - Madeleine se aproxima como se fosse contar-lhe um segredo - Atsumu é um ótimo pretende, embora seja um tanto... Arteiro.

-A-atsumu? De jeito nenhum! Somos melhores amigos desde que lembro de minha existência!

-Eu e meu noivo também éramos. - ela sorri sugestiva - Mas não ligue para o que os outros dizem, quem escolhe é você, mesmo que tenha que fugir com seu amor! - nesse momento ela andava pela sala animada.

-Se acalme! Sei que está tomada de nostalgia e energia, mas pode se machucar. - comenta rindo da dança da idosa.

-Toda essa conversa me deu muita energia! Venha, querida, vamos dar uma volta por meu jardim. - Madeleine lhe puxa e saem andando em meio as rosas.

-Que flores maravilhosas! - comenta sentindo o aroma das plantas.

-Não cuido como antigamente, mas me esforço ao máximo. - ela comenta - Sou uma velha desocupada! Fico o dia inteiro entediada. Por isso tento me distrair com diversos afazeres. - a idosa suspira triste - Como eu amaria voltar aos meus tempos de juventude.

-Não fique assim. - fala seguindo-a pelo imenso jardim.

-Olhe quem eu achei. - ela se agacha e um gato branco aparece - Essa é a Srta. Nora, minha gata mais nova. - o animal era extremamente peludo e andava com uma certa dificuldade - Minha governanta encontrou o pobre bicho com a perna quebrada no meio de uma tempestade quando estava voltando da cidade.

A gata se aproxima e se esfrega em suas pernas. Se agacha, fazendo seu vestido tocar o chão, e faz carinho em Srta. Nora.

Se levantam e percebe que o sol já estava se pondo.

-Como o dia passou rápido, já está começando a escurecer. Lamento, mas terei que ir embora, se não, levarei outra bronca.

-Sua companhia foi incrível, venha mais vezes! - ela lhe abraça - Se quiser, venha amanhã novamente!

-Seria uma excelente ideia, mas imagino que meu pai não vá deixar. - andam até o portão da frente da casa - Tenha uma boa noite, Madeleine.

-Boa noite, querida! - ela sorri.

Vale Das Rosas | Atsumu MiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora