Eram seis e meia da manhã. Acordei com a música estridente do alarme e dirigi-me á casa de banho. Lá tomei um banho rápido e o mais silencioso possível para não acordar os meus pais e o meu irmão. Vesti uma roupa prática para a caminhada matinal e passei pela cozinha para levar um sumo de laranja e uma maçã e sai porta fora.
Ainda cheguei a encontrar o meu tio que é motorista e vai trabalhar bem cedinho, ao romper da madrugada.
-Olá tio. Já vais trabalhar?
-Temos que nos fazer á vida. Vou trabalhar tal e qual como tu vais caminhar. Eu não estou de férias como tu.
-Pois... Bom trabalho, então.
Afastei-me do meu tio e abri a garrafa para beber o meu amado sumo. Com isto, o cão atirou a almofada para longe e veio a correr para mim.
- Olha o Campeão, vieste-me fazer companhia?- sim eu costumo falar com os animais,não é razão para preocupações.
Meti música nos fones e pus-me a correr. O Campeão fez a mesma coisa. As orelhas dele nunca param quietas quando ele salta. A cauda castanha e branca na ponta abanava de felicidade como se tivesse vida própria. Sempre com a língua de fora e com a preocupação de olhar para trás para ver se eu ainda lá estava, o cão, nunca parava de saltar felizardo no meio da estrada. Ele já não é novo, mas é muito energético.
Comecei a ouvir uns barulhos e parei. Tirei os fones dos ouvidos para escutar melhor e deparei-me com o mesmo carro de todas as manhãs apressado a vir a alta velocidade contra nós. Corri para o meio da estrada atirei-me ao cão e paramos na outra margem da estrada. Todas as manhãs naquela hora aquele carro passa veloz como se nos quisesse matar, aposto que é de propósito. Tenho de me lembrar de trazer a trela do cão. Tenho medo daquele condutor o que é que ele quererá de nós, afinal? Continuei a caminhada a andar apenas, o cão também já não saltava e a cauda dele estava entre as pernas, agora.