Continuamos o nosso caminho com o máximo de cautela possível.Mais tarde o carro voltou a passar por nós, mas desta vez mais lentamente e em sentido contrário. Encolhi-me abraçada ao cão e ajoelhei-me, mas o carro continuou o seu caminho em frente. Ignorou-nos completamente. Estranhos. Fitei-o olhando pelas traseiras e era possível ver através do vidro da bagageira uns recipientes vermelhos e grandes. Preferi não pensar que era aquilo que eu estava a pensar que era. Gasolina?! Para que é que ele quereria aquilo? Que maluco aquele condutor. Pouco tempo depois carrinhas do INEM e dos bombeiros foram no mesmo sentido.
-Anda Campeão vamos segui-los.
E pus-me a correr atrás dos carros.O sol já haveria nascido e eu estava muito longe de casa. Cansei-me, os carros eram muito rápidos. Mesmo muito não os conseguiria apanhar. Sentei-me e o cão deitou-se ao meu lado. Estivemos uns cinco minutos sentados. Ainda ofegante levantei-me e observei um monte de fumo. Segui então o fumo a andar lentamente. Estava cada vez mais perto do fumo quando percebi que vinha... de minha casa. DE MINHA CASA?!?!?!?!?!? Mas o que é que aquele maluco quereria de mim e da minha família? O quê? Eu não entendo. A minha casa estava em chamas e lembrei-me de repente que...
- A minha família. Está lá dentro! Os meus pais o meu irmão estão ali dentro!- corria de encontro aos bombeiros e gritava muito. Olhei para os lados, os meus primos, tios e avós lá estavam a ver aquela catástrofe. Só reparou em mim um único bombeiro.
-Vivias aqui?
-Sim e a minha família está lá dentro. Onde é que eles estão?
-Os outros bombeiros foram de resgate afasta-te. Vai ter com a tua família.
-Não eu quero vê-los!-tentei correr lá para dentro mas o bombeiro agarrou-me e ordenou-me que fosse. Dei meia volta e corri para dar a volta á carrinha dos bombeiros e a alta velocidade corri para dentro de casa. O bombeiro foi atrás de mim, mas não me apanhou. Eu estava muito cansada e não aguentei com o fumo. Quatro bombeiros levavam a minha mãe e outros quatro o meu pai e o meu irmão era carregado por mais um bombeiro. O bombeiro que carregava o meu mano levava-o ao colo e não estava preocupado se ele se aleijava ou não era violento..
Então o outro bombeiro que estava comigo lá fora pegou-me no braço com força e agarrou-me ao colo porque eu já não me aguentava em pé. Chegei lá fora e vi o meu irmão ser autoposiado. Boa! Ele estava morto, o que é que poderia ser melhor do que isso? Nada. (Modo irónico)
Sentei-me por engano em cima de alguns vidros e piquei-me. Uma chama surgiu por detrás de mim e eu baixei-me caindo sobre mais vidros. Tudo muito rápido. Quatro bombeiros levaram uma maca contra mim e meteram-me lá em cima. Estava a entrar na carrinha do INEM e ilhéu em redor a minha mãe ainda olhou para mim mas o meu pai escorria sangue por todo o lado. Deixei as minhas esperanças caírem pelos ares. Depois adormeci.
...
