Treze

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-Foi... - começou o Paulo...

**************

-...O Pedro foi com o pai.
-O pai?
-Sim. O pai descubriu-o e o Pedro foi com ele para casa.
-Então isso quer dizer que nunca mais o vamos voltar a ver?
-Não sei... - senti um aperto no coração. Apetecia-me chorar mas eu não podia. Como assim? Ele foi embora? Ele não pode! Ele foi mesmo? Para sempre? Tantas questões permaneciam na minha cabeça... Porque eu me sentia assim em relação a ele? Porque é que eu me sinto tão... Incompleta.Sinto-me tão incompleta, quero ir atrás dele e chama-lo de volta para nós. Bem, claro, que ele não iria voltar por minha causa mas neste momento sentia a sua falta.
-C-como é que o pai dele o descobriu?
-A história que lhe tinham contado estava errada. Agora o Pedro sabe a verdade. Ele fez o que ele queria e não o podemos julgar por isso.
-Pois. Ele foi porque quis?
-Sim ele é que escolheu. - O Paulo baixou o olhar e saiu. Fiquei a remexer a comida esperando ver alguém sorrir e dizer que ele voltava... Mas isso não aconteceu. Pouco tempo depois entra a Rita super preocupada. Sentou-se á minha frente e perguntou:
-Bom dia pessoal! Então alguém morreu?
-Não. - respondi fria.
-Então?
-O Pedro foi-se.
-A sério!? Porquê?
-O pai levou-o.
-O pai? Como é que ele o descobriu?
-Não sei.

[...]

Já era a quinta vez que tentava telefonar ao Pedro. Ele tinha o telefone desligado. Já eram sete da noite. Finalmente ouvi uma voz masculina do outro lado.
-Leo?
-Pedro? Estás bem?
-Sim... -ele ia dizer algo mas eu interrompi-o.
-Porque foste? Onde estás? Ele...
-Hey, tem calma. Está tudo bem, não te preocupes.
-Calma? A sério que tu me disseste para eu ter calma? Tu saiste daqui sem mais nem menos sem ao menos dizeres para onde ias ou com quem?
-Desculpem, mas eu não fiz por mal. Vocês sabem.
-Prometes que ficas bem?- mesmo sem o estar a ver eu sabia que ele estava a sorrir neste preciso momento.
-Sim, prometo.
-Espero bem. Dás noticias?
-Amanhã eu telefono.
-Ok. Até amanhã.
-Adeus. Beijo.
-Xau. - e desliguei. Fiquei a sorrir para o telemovel feita 'boba'.
-Já falaste com ele? -perguntou a Rita, entrando de rompante no quarto.
-Sim!
-Pois eu reparei. Não é nornal uma pessoa sorrir para o telemovel a não ser que esteja...-fez uma pausa assustadora.Nada do que sai daquela boca é bom. -Apaixonada.
-Cala-te! - olhei para baixo, corando levemente.
-Estás corada! - Bolas! No único momento em que eu precisava que ela não reparasse ela descobre.
-Sabes que pode não ser por causa disso... - que desculpa tão estúpida!
-Não? Então é porquê? Falas-te com o Rubén, foi?
-Nada disso!-ela sorriu de um modo desconfiado. -Sabes não devias falar nisso, afinal tu é que foste dormir com o outro rapaz.-ela corou também e abria a boca tentando sizer alguma coisa mas não saia nada. Sorri vitoriosamente cruzando os braços no peito.
-Esquece! - ela levantou-se da minha cama e foi para a casa de banho.Ouvi a água correr. Nesse momento, sai para ir jantar.

[...]

***************

A aula já tinha começado há algum tempo. Alguém bateu á porta que logo se abriu e mostrou uma rapariguita envergonhada.
-Diga, menina. - chamou a s'tora.
-Bom dia! Leonor, a diretora chamou-te. - a mim? Fiz alguma coisa de mal? Eu acho que não...
-Com licença.-levantei-me e sai. A rapariga acompanhou-me até ao gabinete e abandonou-me á porta. Bati delicadamente e esperei a resposta. Mal ouvi a voz dela abri a porta e entrei. Vi alguém conhecido de costas para mim.
-Saudades?
-Tio! - corri para o abraçar. Logo ele desapareceu. Agora estava num hospital. Ele estava amarrado a uma cadeira de rodas. Estava esquelético.
-Eu quero ver as crianças! - gritava (ele estava internado e não deixavam as crianças irem lá por causa do risco-é verídico).
-Elas não podem vir até aqui. Coma!
-Eu não quero comer!
-Por favor! Só vai voltar a ver as crianças quando sair daqui e enquanto não comer não sai daqui!
-Mas eu nunca vou sair daqui! - ele teimava. Ele sabia que ia morrer ali. Ele lutou até um ponto... Naquele estado ele deixou-se levar. E foi levado...

*************

Acordei sobressaltada. Tinha tido outro pesadelo. Peguei no telemóvel e vi as horas. 03:45.Poxa! Que merda, três da manhã. Que faço, não consigo dormir! Decidi ir dar uma volta pelo jardim. Levantei-me calcei as minhas pantufas,vesti o meu robe e sai do edificio indo para o jardim. Sentei-me em frente a um charco que lá havia e fiquei a ver os peixinhos dançando no reflexo da água. Ouvi passos atrás de mim e virei-me. Encontrei a Francisca olhando para mim fixamente.
    -Oi? - perguntei a medo. Logo, obti um pequeno sorriso em resposta. Fiz um gesto para que ela se sentasse ao meu lado. Ela sentou-se, pegou num ramo caído e começou a desenhar na areia.
    -Então... O que é que vieste fazer cá fora? - tentei meter conversa. Ela sorriu sem desviar o olhar do desenho e disse:
    -Bem, eu gosto de vir aqui. Venho quase todas as noites.            -É, é um lugar bonito. O que estás a desenhar? -perguntei já sem assunto.
   -Humm, Bem... Nada de interesse. -disse passando a mão por cima do desenho rapidamente.
    -Ok.
    -Sabes, humm... Os seus pais morreram mesmo?
    -Sim. Porque perguntas?
    -E tu não tens mais família?-mexeu na ferida.
     -Bem tenho mas... Tipo... Sei lá. Vim para aqui.
    - Porque é que não ficaste com eles?
   - Não sei, eles não acharam seguro.
   - Ahh. Desculpa a curiosidade.
   -Tudo bem.- respondi sorrindo.- E tu?
   - A minha mãe não tinha capacidades suficientes para cuidar de mim. E era uma vadia. Eu odeio-a. O meu pai era surfista e eu estava a aprender a surfar com ele. Mas houve um dia há noite que ele estava a surfar e afogou-se. Depois disso tive de ir viver com a minha mãe mas ela estava casada com um homem rico pelo dinhairo e não queria que ele soubesse que eu era a filha dele. Então aqui estou eu.- Olhei para o que ela desenhava no chão e lá estava uma prancha de surf. Faz sentido.
     -E costumas vir para aqui pensar nisso sozinha?
     - Sim, nunca fui de ter muitos amigos.
      -Amigos? Então e a Carla e a Ângela?
     - Elas não são amigas. São as pessoas com quem eu me dou melhor mas no fundo eu não tenho amigos... - Ela olha para baixo destroçada e provavelmente arrependida. -Bom já falei de mais... Tenho de ir. Boa noite!
     -Espera!- ela para e fica em pé com os olhos postos em mim á espera que eu falasse.- Podes confiar em mim eu não desabafo com ninguém.
    -Obrigada. Já são dez e meia, tenho de ir.
     -Eu também vou.
     Entramos dentro do edificio e subimos as escadas juntas. Chegamos ao corredor e cada uma foi para o seu quarto. Pensando bem ela nem é tão má pessoa como eu pensava. A maior parte das pessoas que aqui estão têm histórias incriveis que ninguém imagina que acontençam tão perto de nós. Ás vezes é triste, mas pronto.

Hey, não eu não morri eu estou viva e ainda escrevo a história. Estou de férias! Yupi!Eu sei que este capitulo não está muito bom mas eu quis publicar logo, nem fiz a revisão por isso se tiver erros avisem sff.
   Beijos quentinhos e Boas Festas!!
   Não esquecam de votar, comentar, adicionar á biblioteca, publicar e... Xau!

AbandonadaWhere stories live. Discover now