Oito

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Tomamos o pequeno-almoço e fomos para as aulas a seguir. A primeira aula era de História. Quando a professora entrou todos disseram:

-Bom dia, sr. Cremilde.

E eu diferente:

-Bom dia, s'tora.

Ela olhou para mim.

-Aqui nas aulas de História é sr. Cremilde, menina...

-Leonor.

-Menina Leonor então, que belo nome. Abram as lições de hoje, por favor...

Sussurrei ao Pedro depois:

  -Na te esqueças de ir falar com a Ângela a seguir.

  -Eu ainda não disse que o iria fazer.

  -Mas vais fazê-lo.

   *POV:Pedro*
  A Ângela sempre foi muito ciumenta. Acabei com ela por causa disso: nunca confiou em mim e andava sempre de volta dos rapazes mais velhos, como uma puta. Depois diz que a culpa de ela ter ido para o hospital é minha e agora tem ciúmes de todas. Não tenho pachporra para ela. A Leonor também não veio ajudar muito as coisas, mas eu não a quero culpar. Eu gosto dela. Da personalidade. Mas também posso dizer que é gira. Só percebi que realmente a amo na cena do corredor. Ela é teimosa como uma mula, mas eu adoro-a.

   No fim da aula de História apercebi-me do quão ela é inteligente.

   -Então vai falar com a Ângela ela vai ficar feliz com uma visita tua.-Leonor é tão provocadora.

   -Eu vou, mas não prometo nada.

   -Ainda bem.

   Fui falar com ela. Estava na sala de teatro.

   -Ei, Ângela.

   Ela olhou para mim e sorriu.

   -Pedro.

   -Tenho que te fazer uma pergunta.

   -Diz.-os olhos dela brilhavam esperançosos.

   -Foi o teu pai que pegou fogo á casa da Leonor?

   O brilho parou.

   -Ah é sobre a Leonor.

   -É.-confirmei.

   -Sim, foi, mas eu não tenho nada a ver com isso.

   -Eu sei. Obrigado.

    E sai daquela sala. Até foi fácil. Fui ter com a Leonor para lhe contar a novidade.

   -Leo.

   -Oi, então já sabes?

   -Sim.

   -Foi ele?

   -Foi.

   -Eu sabia. Ele quer-se vingar de alguma coisa na minha família.

   Começou a dar murros na mão de tão furiosa.

   -Acalma-te.

   -Eu sou um poço de calma. Estou descontraída. Obrigada.

   Aquela rapariga é demais. Olhei para trás e deparei-me com a Rita.

    -Olá, Pedro, o que é que ela queria?

    -Pergunta-lhe.

    -Vá lá!

    -É sobre os pais. Não digo mais nada.

    -Ah, ok. Pensei que ela se tinha declarado.

    -O quê?

    -O quê, o quê? Ah, o que eu disse. Esquece o que eu disse, afinal só digo parvoices, não é. Esquece, é melhor. Especialmente para mim.

    Ela estava muito atrapalhada. Declarado?! Não, seria impossível. Mas se for verdade eu vou sabê-lo por mim mesmo.

AbandonadaWhere stories live. Discover now