Tomamos o pequeno-almoço e fomos para as aulas a seguir. A primeira aula era de História. Quando a professora entrou todos disseram:
-Bom dia, sr. Cremilde.
E eu diferente:
-Bom dia, s'tora.
Ela olhou para mim.
-Aqui nas aulas de História é sr. Cremilde, menina...
-Leonor.
-Menina Leonor então, que belo nome. Abram as lições de hoje, por favor...
Sussurrei ao Pedro depois:
-Na te esqueças de ir falar com a Ângela a seguir.
-Eu ainda não disse que o iria fazer.
-Mas vais fazê-lo.
*POV:Pedro*
A Ângela sempre foi muito ciumenta. Acabei com ela por causa disso: nunca confiou em mim e andava sempre de volta dos rapazes mais velhos, como uma puta. Depois diz que a culpa de ela ter ido para o hospital é minha e agora tem ciúmes de todas. Não tenho pachporra para ela. A Leonor também não veio ajudar muito as coisas, mas eu não a quero culpar. Eu gosto dela. Da personalidade. Mas também posso dizer que é gira. Só percebi que realmente a amo na cena do corredor. Ela é teimosa como uma mula, mas eu adoro-a.No fim da aula de História apercebi-me do quão ela é inteligente.
-Então vai falar com a Ângela ela vai ficar feliz com uma visita tua.-Leonor é tão provocadora.
-Eu vou, mas não prometo nada.
-Ainda bem.
Fui falar com ela. Estava na sala de teatro.
-Ei, Ângela.
Ela olhou para mim e sorriu.
-Pedro.
-Tenho que te fazer uma pergunta.
-Diz.-os olhos dela brilhavam esperançosos.
-Foi o teu pai que pegou fogo á casa da Leonor?
O brilho parou.
-Ah é sobre a Leonor.
-É.-confirmei.
-Sim, foi, mas eu não tenho nada a ver com isso.
-Eu sei. Obrigado.
E sai daquela sala. Até foi fácil. Fui ter com a Leonor para lhe contar a novidade.
-Leo.
-Oi, então já sabes?
-Sim.
-Foi ele?
-Foi.
-Eu sabia. Ele quer-se vingar de alguma coisa na minha família.
Começou a dar murros na mão de tão furiosa.
-Acalma-te.
-Eu sou um poço de calma. Estou descontraída. Obrigada.
Aquela rapariga é demais. Olhei para trás e deparei-me com a Rita.
-Olá, Pedro, o que é que ela queria?
-Pergunta-lhe.
-Vá lá!
-É sobre os pais. Não digo mais nada.
-Ah, ok. Pensei que ela se tinha declarado.
-O quê?
-O quê, o quê? Ah, o que eu disse. Esquece o que eu disse, afinal só digo parvoices, não é. Esquece, é melhor. Especialmente para mim.
Ela estava muito atrapalhada. Declarado?! Não, seria impossível. Mas se for verdade eu vou sabê-lo por mim mesmo.