Fui até o banheiro e joguei água em meu rosto antes de encarar minha imagem no espelho. Era eu e outra pessoa. Alguém totalmente desconhecido a olhar de volta para mim. É tudo tão confuso. É tudo tão surreal que as vezes chego a duvidar da veracidade de cada ação, palavra ou som.
Sequei meu rosto e sai do quarto indo em direção às escadas. Essa casa era diferente da outra, bem mais ampla e iluminada, mas a escada era igual a da antiga casa. A mesma escada que fui espancada por ele.
Ele saiu me arrasando nua pelos cabelos por todo o corredor até que chegamos em uma escada imensa e quando eu pensei que ele iria parar ele fez o impensável. Me jogou de la com um chute na cara. Eu sai rolando e sentia cada pedaço do meu corpo se chocando contra os degraus gélidos da escada. Quando finalmente cheguei ao fim da mesma vejo Styles a me olhar com um sorriso diabólico. Ele me levanta e me dar dois tapas na cara antes de me puxar novamente pelos cabelos até o topo das escadas me lançando de cima da mesma novamente.
Um arrepio passa por todo meu corpo ao lembrar daquele sorriso horripilante. Uma lágrima logo brota em meu olho e trato de enxugá-la depressa. Cheguei ao último degrau e até o número de degraus eram os mesmo, 34. Observei cada canto daquilo que me parecia ser a sala e logo avistei uma cabeça loira deitada no sofá. Niall.
- eu já estou a ir. - disse calma e ele não tirou os olhos da TV. -adeus. - sai em passos lentos até chegar a porta.
- você sabe que dia é amanhã, não sabe? - girei meus calcanhares em sua direção e pude observar seus olhos azuis atentos a cada movimento meu.
- sim, eu sei- falei em um tom quase inaudível.
- vai ficar bem?
- depois de cinco anos, você vem querer se importar só agora? - rosnei para ele que em resposta suspirou e baixou a cabeça. - RESPONDE PORRA - ódio corria em minhas veias. - depois de quatro ano, CINCO ANOS, você decide que se importa? Depois de cinco anos você pergunta se estou bem? Eu não preciso de você é muito menos dessa porra de "hospitalidade" irlandesa. Eu chorei durante CINCO ANOS sempre que esse dia chegava, eu ficava devastada, morta, sem vida, um verdadeiro humano em estado vegetativo é porque? PORQUE MEUS "AMIGOS" TINHAM MORRIDO E O AMOR DA MINHA VIDA TAMBÉM. - disse por fim chorando e caindo ao chão. Era muito difícil ter que aguentar tudo sozinha durante esses cinco anos. Ter que lidar com ser mãe de primeira viagem e ainda por cima viúva. O que agora sabemos que não sou mais, mas pra mim... mesmo sabendo que ele está vivo e que isso reacendeu uma chama que estava quase a morrer dentro de mim, a chama do amor, ainda sinto como se ele tivesse morto. Eu aprendi a lidar com a vida sem ele, tive que trabalhar e sustentar meu filho. Pra agora Niall querer se importar, se eu estiver certa e provavelmente estou, eles vigiavam cada passo meu e mesmo assim. Mesmo vendo minha dor e meu medo, não fizeram nada. Então agora tudo o que eu quero fazer é enfiar essa pergunta no orifício anal desse loiro falso.
- desculpa. - ele disse e veio até mim rodeando com seus braços. - eu queria ter ajudado-te, mas se ele soubesse... eu morreria de verdade.
- eu dei a vocês a liberdade, o mínimo que poderiam ter feito era não ter me abandonado de verdade.
- sai de seus braços depois de alguns minutos e segui até a porta novamente. Girei a maçaneta e sai pela mesmo. Sem olhar para trás. Sem dizer uma palavra. Sem saber o que pensar. Eu só queria me jogar na frente de um carro e finalmente ter a paz, mas todos sabemos que se eu fizesse isso o lugar pra onde eu iria teria tudo menos paz.
Fui até o carro e entrei no mesmo. Sentei no banco, apoiei as mãos ao volante e baixei a cabeça. Eu só precisava respirar um pouco.
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- boa noite mamãe.
- boa noite querido. - dei um beijo na testa do meu pequeno e sai do quarto. Segui em passos lentos até a cozinha e tirei de la um pote de sorvete e uma garrafa de wiski Estranho? Sim, mas é como se depois da 00:00 tudo voltasse e as cenas, os gritos, as falas, os olhares, os sons... tudo, tudo voltasse a cinco anos atrás. Ops, seis, daqui a dez minutos será seis anos desde a sua morte. A realidade bate a porta quando menos queremos sair da cama. A vida não é gentil. Seja você rico, pobre, branco, negro, mestiço, bonito, feio, burro, inteligente, gentil, mal educado, nerd, pegador, vadia, filhinha de papai ou até mesmo inocente. Todos temos problemas com essa coisa chamada vida que agora parece a coisa mais "eterna",mas que perante a verdadeira eternidade não passará de meros segundo. Cabe a cada um de nós escolher como queremos viver esses segundos que podem ser os melhores ou piores. Olhando meu reflexo na garrafa eu já sei quais segundos finais quero viver...
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Innocence 2 - A Face do Mal
FanfictionA vida de alguém pode mudar para sempre depois de conviver com um sádico psicopata e deixar sequelas que duram uma vida toda, mas no caso de Maestrine a maior de suas sequelas é o amor por esse abominável e perverso humano que deixou um bem maior pa...