Decepção.

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Allie

Uma vez, quando tinha apenas 10 anos eu pesquisei o significado de amor no Google, eu via sempre nos doramas essa palavra ser citada e eu necessitava de entende-la, e ao pesquisar, a primeira definição é mostrada como "Um sentimento de afeição" e eu não tinha entendido muito bem. Mas quando eu amadureci, eu percebi que amor podia estar em qualquer ato, desde o mais extravagante quanto no mais singelo. Não sei outras pessoas, mas eu consegui me apaixonar por alguém que nem mesmo tinha me beijado antes... como pode né? É uma coisa tão boba, porém, tão verdadeira. É no abraço mais caloroso, é na conversa que você ri o tempo todo até perder o ar, é o filme que você recomenda e a pessoa faz questão de assistir, é nas coisas idiotas que é falada e o outro completa com mais babaquice ainda. Sei lá, eu sou atraída assim, no simples.

Mas agora isso tudo não se passava de uma coisa que todos serviam para sentir, menos eu. Meu coração estava em pedaços, Taehyung me apostou como se eu fosse um objeto.

Com muito custo, me levanto da cama e sigo para o banheiro,enquanto escovava os dentes pensava em como iria fugir das perguntas de minha mãe.
Quando cheguei em casa ontem, meu pai já estava dormindo com a pequena Lim em seu colo, mas minha mãe ainda se mantinha acordada, e com certeza percebeu meu estado.

Cuspo espuma do creme dental e enxaguo com água. Ouço batidas na porta, termino tudo e vou abri-la.

— Entra. – Dou passagem para minha mãe.

— O que aconteceu ontem filha? Brigou com os seus colegas? Te vi tão cabisbaixa, achei que viria com novidades da festa mas me enganei. – Ela senta na minha cama desarrumada.

— Foi uma coisa aí, não estou afim de falar. – queria a poupar de problemas de adolescentes.

— Mas terá que dizer, fui jovem uma vez, e não tive uma mãe que perguntava muito sobre meus sentimentos. Sua avó era muito conservadora nesse quesito, quero ser diferente com você. – Ela lança seu olhar calmo e acolhedor.

— Tudo bem. – Respiro fundo. – Sabe o Taehyung, o que me dava caronas e um dia veio aqui em casa?.

— Aquele com uma gangue de quase dez garotos?. – concordo com a cabeça.

— Eu meio que gostava dele, mas ele mentiu para mim e essa aproximação que tínhamos fazia parte de um joguinho dele. – Explico.

— Oh minha filha. – Ela estende seus braços e vou ao seu encontro formando um abraço confortante. — Eu sinceramente mandaria você chutar o que ele tem no meio das pernas dele, mas seria antiético como mãe. – Sorrio pelo seu comentário. — Mas falando sério agora, sabe o melhor remédio para isso?. – Encaro seu rosto a procura da resposta. – Chorar, coloque tudo pra fora, a dor ela precisa ser sentida, não pudemos fugir dela mas podemos suportar-la e supera-la. Quando você se sentir melhor peço que esqueça, por mais que seja difícil, pessoas que brincam com sentimento das outras precisam ser esquecidas, siga por você mesma querida e foque na sua felicidade e não ligue para os pensamentos de ninguém.

— Te amo mãe, obrigada por ser uma amiga para mim. – Ela beija minha testa e aperta nosso abraço.

Depois disso minha mãe me deixa sozinha em meu quarto, enquanto absorvo cada palavra dita a mim. Estaria certa que esquecerei de uma vez por todas Taehyung.

Pego meu aparelho celular para verificar as horas, vejo notificações de Mark e Yejin perguntando se estava bem, mas, aquilo era um detalhe perto das vinte e quatro mensagens de Taehyung e cinco ligações perdidas do mesmo. Jura? A essa altura ele ainda quer sustentar a máscara de boa pessoa que se importa?.

Respondo brevemente meus amigos e bloqueio o contato de Kim. Jogo meu aparelho no colchão da cama e desço para tomar meu café da manhã.

[...]

A tarde, enquanto meus pais jogavam juntos um jogo de cartas e Lim brincava na sala, decido ir para o quintal receber um pouco de ar puro. O céu estava claro ainda, com por do sol bem alaranjado enquanto o vento gélido me faziam encolher na cadeira de balanço preferida de meu pai. Depois de ter o bloqueado, suas ligações e mensagens pararam de surgir e eu agradeci por aquilo, mas em contra partida, Yejin ainda perguntava se estava bem e decido fazer aquilo que pensei por toda manhã.

Ligo para minha amiga e a espero atender.

— Olá amiga, como está?. – Yejin pergunta do outro lado da linha.

— Estou indo, e você?. – digo simples.

— Estou bem. Quer sair? Pensei da gente andar um pouco.

— Hoje não amiga, quem sabe amanhã. Eu só quero descansar e ficar quietinha sabe?.

— Tudo bem, respeito seu momento. – Ela diz compreensiva.

— Então só liguei para te passar um recado, já que você é praticamente dona da rádio por inteiro da escola.

— Diz aí

— O cupido colegial não está fazendo mais sentido para mim. Eu quero acabar com o programa.

— Como assim? Amiga você deu um duro danado para ter esse programa. Pensa nas meninas que você já ajudou e que agora estão mais confiantes no quesito relacionamento, e ainda tem a grana que você arrecadou ontem. – Loira tenta me convencer.

— Sei lá, penso que se eu não tivesse inventado isso eu não teria me aproximado do Taehyung.

— Mas está tão mal assim que não pode continuar o programa? Ontem você nem falou comigo e com Mark, só entrou em casa e se trancou. Você não quer desabafar de fato antes de tomar qualquer decisão?. – Suas palavras trazem conforto.

Suspiro profundamente.

— Você sabe o quão já fui apaixonada por ele não sabe? E para mim o programa foi um refúgio, mas por destino ou burrice minha, acabei me aproximando ainda mais dele. Só que eu cansei Yejin. – meus olhos começam a encher de lágrimas. — A todo momento eu gostei de estar com ele, toda vez que acordava só queria poder conversar com ele... nem que para isso falássemos de outra garota mil vezes mais bonita do que eu, mas enquanto isso, ele só estava alí por conta da aposta que ele mesmo disse ontem. Só podia ser, estava muito claro nas palavras dele: "nem a ruiva e nem Allie pode saber do beijo; da aposta" – Reproduzo fala de Taehyung.

As lágrimas caiam novamente, enquanto um choro silencioso saia entre minhas palavras.

— Amiga, vamos cair na real... porque ele me beijaria? Eu nunca fui e nunca vou ser boa para ele. – Minha voz sai embargada.

— Então é isso que sente? Que não é boa para ele?. Allie pelo amor de Deus... olha pra você. Ano passado você ganhou o troféu de melhor aluna entre todos do colégio, você sozinha montou uma rádio que fala de relacionamentos, e tudo isso, para ajudar as pessoas que não sabem o que fazer com seus sentimentos, você sozinha tirou sua carta quando completou seus 16, você tem a melhor risada e o melhor humor possível; você toda por si só é linda, porque é linda por dentro também. E me desculpe, o Taehyung que não é bom o bastante para você. – Yejin diz, e enquanto a escuto atentamente seco minhas lágrimas.

— E o que eu faço? Minha mãe disse para eu seguir por mim e no me importar com isso. Mas não sei se consigo.

— Consegue, claro que consegue. Me prometa que será a última vez que irá chorar por ele.

— Eu prometo. – Digo baixo.

— Não ouvi dona Allie.

— Eu prometo, não chorar mais por Kim Taehyung.

...

Dias se passaram e acabei me conformando com tudo aquilo, não chorava mais por ele e estava feliz por aquilo, e não ter que ver Kim por conta de alguns dias sem aula me ajudou bastante. Porém, meu pai havia notado meu desânimo e acabou descobrindo sobre joguinho ridículo que Taehyung teria feito comigo e com a intercambista, e adivinhem? Ficou super furioso cogitou até bater nele, mas acabei impedindo. No final de tudo, meu carro saiu da oficina e eu posso dirigir sem ter que pegar caronas com ninguém. E estava cumprido minha promessa de não chorar por ninguém.

E definitivamente me esquecerei dele.

Anotem!

Cupido ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora