Depois das Cinzas

PARTE 2

CAPÍTULO 11

Rowan e a filha estavam brincando com as espadas no jardim do castelo.
-Vão se machucar,seus bagunceiros-falou Aelin do banco próximo.
-Você fala isso por que tem medo-retrucou Mirian-quero ver me enfrentar.
-Não ouse me desafiar-a rainha se levantou e foi até o parceiro-vamos ver quem ganha essa então.
O feerico entregou a espada a esposa e deu tapinhas no ombro da filha.
-Boa sorte.
-Acho que é ela quem vai precisar-os lábios da menina se abriram em um largo sorriso.
Aelin então avançou, já desequilibrando Mirian,que caiu no chão.
-Venci-falou Aelin, estendendo a mão.
-Isso foi trapaça-retrucou a filha.
-Não,não foi.E você se esqueceu que eu já fui a maior assassina de Adarlan.
-O que?
-Acho que desse fato ela não sabe ainda-disse Rowan passando os braços em volta dos ombros de Aelin.
-Ah,é verdade.O fato mais importante eu esqueço de contar.
-Então você nem sempre foi rainha?
-Não.Acredite,essas mãos graciosas já mataram muitas pessoas.
-Me conte com detalhes-Mirian pegou a mão da mãe e a puxou para o banco.
-Bom,por onde eu começo?
-Eu cheguei até aqui através de uma competição do rei de Adarlan.
-Mas ele morreu.
-Sim.Posso continuar?-Aelin deu um peteleco no nariz da filha.
Ela riu.
Então a rainha contou sobre a competição,sobre as aventuras que passou naquele castelo de vidro.
-Mas como você foi parar nessa competição?
Aelin olhou para Rowan.
-Acho que chegou a hora dela saber-ele entrelaçou as mãos de ambos-estou aqui com você.
O olhar dela se voltou para a filha.
-Bom-começou-antes de eu chegar ao castelo,fui uma escrava durante dez anos,fiquei nas minas de sal de Endovier.
-Só ouço coisas ruins a respeito daquele lugar-Mirian apoiou a mão na coxa da mãe-como conseguiu?
A rainha acariciou a bochecha dela com o polegar.
-Fé,Mirian,fé.Todos os dias,repetia para mim mesmo:"não terei medo".E eu nem sempre usei o nome de Aelin,não gostava dele,portanto resolvi que queria ser chamada de Celaena Sardothien.
-Você já teve outro nome?
-Sim,por medo.E você também não sabe,mas seu pai não foi meu primeiro amor-os olhos de Aelin brilharam com lágrimas-foi um rapaz,um ótimo rapaz,chamado Sam,que me amou muito também,mas foi assassinado pelo meu antigo mestre-uma lágrima escorreu pela bochecha-que morreu também.
-Você o matou,certo?
-Acredite ou não,foi Lysandra.
-A Lysandra?
-Sim.
Como se tivesse escutado o nome da mãe,Erick apareceu correndo no jardim.
-Mirian,vamos brincar?-Ele fez uma reverência-majestades.
O casal retribuiu,inclinando a cabeça.
-Termine de me contar mais tarde-a filha beijou a testa da mãe e fez o mesmo com o pai e saiu.
Quando percebeu que estavam a sós,as lágrimas de Aelin se intensificaram,Rowan limpava cada uma que escapava.
-As vezes fico pensando como seria se eu tivesse permanecido como Celaena,sabe.Não que eu gostaria,porque eu não teria encontrado você-ela segurou o rosto do parceiro nas mãos-eu não teria essa vida maravilhosa que eu tenho hoje.
Ele apenas abaixou as mãos dela do rosto e a puxou para seu calor.
-Se Lyria estivesse viva,eu também não teria encontrado você, não que eu esteja feliz pela morte dela-ele carregaria as tatuagens pelo resto da vida,que o faria lembrar disso-mas o que passou,passou,e temos que viver o agora-Rowan beijou o alto da cabeça de Aelin-ainda sente falta de Sam, não é?
-Sim.
Os dois se abraçaram com força, até uma criança aparecer correndo novamente no jardim.
-Mirian precisa de ajuda-falou Erick.

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A menina estava encostada contra a parede,assutada, farpas de gelo saíamde suas mãos.
Rowan e Aelin entraram às pressas,a rainha deslizando até a filha,já que até o chão estava congelado
-Mãe,o que é isso?
-Parece que sua magia apareceu na hora errada-respondeu Rowan atrás de Aelin.
-Eu tenho magia?
-Claro, você é feérica.E não se preocupe,vamos lidar com isso-a rainha beijou a testa da filha.
As mãos dela estavam vermelhas, ardendo.
-E quanto a isso?-Mirian expôs as mãos.
-Quanto a isso eu posso ajudar-Rowan lançou duas farpas de gelo,uma para cada mão.
Em segundos,as mãos voltaram a cor normal.
-Uau!-Ela olhou para o pai-como você fez isso?
-Tenho meus truques-o feerico piscou um olho e estendeu a mão-quer aprendê-los?
-Sim!

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Os três foram até a planície do Rio Florine,por segurança.Arrumaram rapidamente alguma comida e água e trocaram de roupa.
-Bom,o que precisa saber primeiro é qual seu tipo de magia,o que já sabemos-falou Rowan.
-Segundo,precisa saber como conjurar o poder-ele ergueu a mão ao lado do corpo e gelo apareceu na palma da mão.
Mirian imitou o pai,e conseguiu de primeira.
-Olhe só-ele lançou um olhar para Aelin-se saiu muito melhor que sua mãe.
A rainha revirou os olhos.
-Engraçadinho.
A menina olhou de um para o outro,sem entender.
-Depois te explico melhor-disse o pai-bom,sua magia toma a forma que quiser,basta somente imaginar.
-Como assim?
Rowan ergueu as mãos acima da cabeça e um forte vento soprou,bagunçando os cabelos da parceira,que cruzou os braços.
-Isso não se faz, Rowan-ela tirou os cabelos do rosto e lançou uma faísca na direção da palma da mão aberta dele.
Ele recuou.
-Ai.
-Bem feito-ela mostrou a língua.
-Vocês podem parar e retomar a aula por favor?-Riu a filha.
Eles riram e continuaram com as primeiras lições,até o meio da tarde.
-Estou exausta-Mirian pegou o cantil de água e bebeu três grandes goles e foi se sentar com os pais.
-Agora vocês podem me contar como se conheceram.
O casal se entreolhou e Aelin murmurou:
-Já vou adiantando que seu pai não era doce assim.
-Você também não era lá grandes coisas-ele olhou para o horizonte e começou.
-Bom,tudo começou quando eu recebi uma missão de Maeve...
-Espera-interrompeu Mirian-você já serviu a Maeve?
-Infelizmente sim,durante muito tempo.Posso continuar?
-Sim.
-Pois então,ela me deu a missão de treinar uma linda jovem,fazê-la aprender sobre sua magia,que estava trancada dentro dela durante muito tempo.
Ele continuou:
-Nos encontramos pela primeira vez em um beco empoeirado,na capital de Wendlyn,Varese.Bom,eu comecei a treinar essa linda moça,que não era lá muito gentil e tinha uma boca muito suja,o que me levou a morder seu pescoço,mas não porque gostei dela,pelo contrário,eu a odiava com todas as forças.
-Olhando assim,parece que vocês sabiam que foram feitos um pro outro na primeira vez que se viram.
-Não verdade foi-respondeu Aelin-mas nenhum dos dois queria admitir.
Rowan então contou tudo,sobre as chibatadas que levara,que foi o primeiro a fazer o juramento de sangue a Aelin,o primeiro membro da corte.
Após terminar essa parte,a rainha soltou as palavras ao vento:
-Uma corte que poderia mudar o mundo.

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Os três ficaram ali até o anoitecer, até os olhos de Mirian se fecharem sozinhos e ela estivesse caindo de sono sobre a mãe.
-Vamos voltar ao castelo-falou Aelin.
Eles chegaram em casa,já era quase meia-noite,deduziu a rainha,pela posição da brilhante lua no céu.
A filha foi acompanhada pelos pais até o quarto,se deitou e recebeu dois beijos de boa noite,um em cada bochecha.
-Amo vocês-susurrou ela e fechou os olhos.
Aelin e Rowan chegaram ao quarto,a rainha foi direto para a sacada para observar as estrelas.
-No que está pensando?-O parceiro passou as mãos em torno de sua cintura.
-Você contou a história de como nos conhecemos,e isso me trouxe boas lembranças.
-Até da parte que eu odiava você?
Ela se virou para encará-lo.
-Até da parte que você me odiava.
Ele abaixou a boca até a dela e susurrou:
-Atualmente,eu odeio ter que amar você tanto assim.
-Também te amo.

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Aelin acordou antes do alvorecer e se deparou com a cama vazia ao apalpar o lado em que Rowan deveria estar.
Ela se sentou e esfregou o rosto.
-Bom dia-susurrou uma voz familiar ao seu lado,beijando o alto da cabeça.
A rainha tirou abaixou as mãos.
-Como eu não ouvi você chegar?
-Se esqueceu que eu sou sorrateiro?
-Estou muito atrasada?
-Não, só preciso acordar Mirian.
-Então eu vou me banhar-falou Aelin dando um beijinho na boca do guerreiro e se levantou