✻Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 11

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  — Não aperte tanto! Isto machuca

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  — Não aperte tanto! Isto machuca. Quero poder respirar em paz — reclamei indignada. — Eu não deveria ter aceito ir nessa coroação.

— Desculpa, Princesa. Eu estou tentando destacar sua cintura.

— Pois a fita não precisa ficar tão justa. — Saí de perto dela e desatei o laço que envolvia meu vestido. — Se vire. Vou colocar outro vestido. Este aqui já foi usado esse mês.

— E aquele ali? — Samara questionou apontando para o guarda-roupa que estava aberto. — Tem um decote em vê muito bonito. Vai destacar sua beldade.

— Não, obrigada. Prefiro não usar decotes profundos. Meu rosto já é belo o suficiente. — Samara riu arqueando as sobrancelhas.

— Está bem, está bem.

Não demorei muito para me vestir. Coloquei um vestido da cor creme, bem solto e bonito. Ele deixou meus ombros à mostra, mas de uma forma delicada. Sua saia possuía um pouco de volume que embelezava meu quadril.

Meu cabelo estava arrumado em uma longa e bela trança muitíssimo bem-feita, e com algumas presilhas que mais pareciam florzinhas de uma cor azul esverdeada.

⚡👑⚡

Era nítida a minha insatisfação. O clima estava pesado e todos naquela carruagem percebiam como eu estava emburrada. Eu não tirava os olhos da janela e nem respondia às perguntas inconvenientes.

— Pelo menos tente disfarçar sua decepção — meu pai pediu. Isso só piorava as coisas, já que eu me sentia sendo tratada como uma criança.

— Chegamos. — Um criado apareceu e abriu a porta para nós, me ajudando a descer da carruagem. Samara continuou ao meu lado.

— Comporte-se. — Escutei meu pai sussurrar próximo ao meu ouvido e seguir seu caminho depois.

Bufei. Eu além de tolerar a chatice que a coroação seria, teria que fingir que estava sendo uma tarde agradável.

Caminhei até o Palácio. Pelo visto todos já estavam voltando do casamento da Princesa. Nós havíamos chegado apenas para a coroação da Princesa e também do novo Príncipe.

Todos estavam conversando animados. Alguns faziam fofocas sobre a Princesa ou criticavam a decoração. Outros falavam sobre como estavam ansiosos para se casarem também, e até mesmo como sonhavam com uma sala grande como aquela.

As pinturas de parede, o teto alto, o papel de parede e as estátuas de busto brancas mostravam como eles eram ricos, só não tanto como nós, já que não tinham tantos objetos de ouro, prata e bronze.

O Rei estava impaciente e ansioso pela chegada de sua filha, mas ao seu lado sua esposa tentava o acalmar com graça e beleza, o que lembrou minha mãe por um instante.

Perto dali os outros parentes da recém-casada estavam atentos à porta, mas conversando muito sorridentes enquanto desfrutavam da fartura de comida que lhes era servida.

As que pareciam ser as irmãs mais novas da primogênita do Rei — por causa de suas sofisticadas vestes — estavam animadas, ouso dizer que planejando quando seu momento também chegasse. Já o único filho homem do Rei, estava analisando disfarçadamente — ou nem tanto assim — as jovens que estavam no Palácio; provavelmente procurando uma boa pretendente, já que ele era o segundo da sucessão do Reino e precisava se casar logo.

Eu permanecia quieta, observando tudo ao meu redor, até que vi as portas do Palácio serem abertas e a chegada dos futuros reis anunciada.

A Princesa estava deslumbrante com seu vestido branco. Ao seu lado, o mais novo monarca estava vestido com um terno também magnífico. Os dois andavam lado a lado com postura e muita suavidade.

— As princesas dos outros reinos já estão se casando e se tornando rainhas. Muito espertas e admiráveis. — Meu pai tentou soar descontraído, mas falhou, já que sua indireta muito direta era óbvia.

Tão óbvia que até Samara e os dois Guardas olharam rapidamente para mim.

Já estava demorando.

O Homem da Lei, que costumava firmar pessoas e reinos de StoneLand por meio de documentos aprovados pela lei do local, começou o falatório. Eu não prestei muita atenção, já que não tinha interesse nenhum naquilo.

Não demorou muito e o Príncipe e Princesa foram coroados rei e rainha. Os pais estavam orgulhosos, os convidados e parentes alegres e a mais nova Rainha parecia muito nervosa, mas contente.

— Ah! Que sonho! — Samara acabou soltando suspiros admirada.

Depois que tudo terminou, tive que esperar meu pai ir dar parabéns aos pais da nova Rainha, e também aos Rei e Rainha. Ele achava isso muito importante para manter os laços do Reino. O Guarda Pessoal do meu pai o acompanhou, como era sua obrigação, e Samara aproveitou para ir beber um pouco de água.

Foi chato aguardar tanto tempo. Eu não via a hora de ir embora daquele lugar. Eu só queria descansar em meu próprio lar.

— Eles estão demorando, não estão? — o Soldado Lukas se manifestou de repente.

— Sim — respondi, ainda de braços cruzados.

— E creio que a senhorita quer muito ir embora, acertei? — perguntou, mas ainda com seu jeito formal.

— Acho que meu pai deve estar comprando cada reino desta ilha e Samara enchendo seu corpo de água para durar três dias no deserto — debochei olhando para a entrada do Palácio.

Ergui as sobrancelhas confusa quando vi que o Soldado Lukas estava tentando controlar suas gargalhadas. A risada foi breve, entretanto conseguiu me divertir por um instante. E eu nem havia tido intenção de ser engraçada quando falei aquilo.

Quando todos finalmente voltaram, senti um alívio e pudemos ir embora.

Quando enfim cheguei no Palácio, sentei na poltrona do meu quarto depois de trocar de roupa. Já era fim de tarde.

Enquanto eu observava a vista estonteante, pensava na coroação. Não foi tão chato assistir aquilo quanto eu pensei que seria. E só ali eu pude perceber em como sentia falta de conversar com alguém como conversei com o Soldado Lukas. Mesmo que tenha sido rápido, as risadas que ele me tirou já foram suficientes.

E eu não podia mentir para mim mesma. Seria legal fazer aquilo mais vezes. E foi isso que me encorajou a sair do quarto e abordá-lo. No tédio que estava aquele Palácio, só me restava ele.

— Olá, Soldado Lukas. Belo dia, não? — Sim, era só do dia que eu conseguia falar para puxar assunto.

— Sim. — Ele foi curto novamente. Ele nem imaginava como eu detestava quando ele me respondia daquele jeito.

— Eu não vou descansar enquanto não conseguir o que eu quero — afirmei, mas nem eu mesma acreditei no que disse. Mas eu não queria mais fingir que não era teimosa e insistente.

— Bom... — Ele pensou um pouco antes de completar. — Não tem problema. A senhorita tem liberdade para conversar com quem desejar. Não vou tratá-la mal ou algo assim.

Eu sorri, mesmo confusa com sua reação.

— Por que decidiu ser soldado? Tem algum motivo especial? — perguntei. Eu estava com diversos questionamentos sobre ele em mente que queria fazer.

— Alteza, está com sede? Faz muito tempo que não bebo água. Acho melhor me refrescar. Com licença. — Ele fez uma reverência. Eu franzi a testa, sem entender sua atitude.

— Espera....

Era tarde demais. Ele foi mais rápido. E logo quando pensei que estava conseguindo conhecer quem ele era por trás de toda aquela pose séria e indiferente, ele me evitou sem mais nem menos.

Isso era muito estranho. Por que ele não gostava que eu fizesse perguntas?

Ele estava ficando cada vez mais intrigante.

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