✻Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 13

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  O forte barulho que ouvi já não era mais do meu pesadelo

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  O forte barulho que ouvi já não era mais do meu pesadelo. Agora ele era de fato real.

Abri os olhos completamente assustada. Meu coração estava acelerado dentro do peito por causa dos altos barulhos que surgiram do nada. Eu não estava entendendo nada. Parecia o som de coisas quebrando.

Arregalei os olhos ao perceber que o Soldado Lukas estava na porta com uma expressão nada boa.

— Helena! Corre! Vem aqui — ele berrou.

— O que está acontecendo? — Me levantei e fui até ele. — Eu estou de camisola. Não posso sair assim.

— Não dá tempo de pegar um roupão ou se trocar. O Palácio está sendo atacado pelo Reino de Atallus. Eles querem revanche por causa do último ataque. — O Soldado me puxou pelo braço e começou a correr desesperadamente pelos corredores.

Minhas mãos estavam demasiadamente trêmulas, e eu temia o que podia nos acontecer. Eu pensava em meu pai e em Samara. Pensava se todos conseguiriam se salvar.

Quando chegamos na estante do térreo, o Soldado Lukas puxou uma alavanca escondida atrás do lampião e abriu passagem para nós dois. Em seguida, ele fechou a passagem secreta e voltou a me puxar para corrermos.

Nós seguimos em um longo corredor, até chegar em uma porta toda de ferro e redonda localizada no chão. Descemos uma escada por essa porta, e conseguimos entrar na outra porta de ferro com a permissão dos guardas.

Quando vi meu pai, corri até ele aliviada. Ele tinha água nos olhos, e mesmo que tentasse disfarçar, também estava aliviado.

O abrigo era grande e parecia muito resistente. Eu me perguntava se ele conseguia aguentar qualquer tipo de arma de guerra.

Eu ainda estava meio sonolenta e muito confusa, já que nem ao menos havia lavado o rosto, e nem imaginava que isso aconteceria tão de repente.

No entanto, felizmente nossos soldados estavam preparados para qualquer coisa, já que eles sabiam que a qualquer momento o Reino de Atallus iria revidar, e que sempre se deve desconfiar e ficar atento quando tudo está quieto e tranquilo demais.

Olhei para o Soldado Lukas, que ficou ao meu lado o tempo todo. Eu estava com sono. Eu mal havia dormido. Os criados tiveram que usar do improviso para que eu pudesse tentar dormir pelo menos um pouco confortavelmente.

Foi difícil pregar os olhos. Mesmo ficando longe do térreo, eu conseguia ouvir gritos. Eram gritos desesperados de pessoas que temiam por suas vidas, e eu nunca me acostumaria com eles. O pior era não saber se os gritos eram dos soldados do Reino inimigo ou dos nossos. Com toda essa agitação, decidi desistir de tirar uma soneca.

— Não consegue dormir, não é? Alteza —   o Soldado Lukas perguntou ao meu lado, de repente.

— Está um pouco difícil com tanto barulho — respondi baixinho, saindo da posição deitada para ficar sentada e enrolada no cobertor.

— Imagino como deve estar cansada.

— De fato, estou muito cansada. Mas creio que em algumas horas tudo isso vai acabar. — Olhei para ele, que assentiu. — E você?

— Como assim?

— Deve estar cansado também, principalmente por ser um Soldado da Guarda Real — concluí, e ele ficou pensativo.

— Realmente não é fácil, Alteza. Mas já estou acostumado com as responsabilidades que carrego nos ombros — Ele me olhou nos olhos pela primeira vez.

— Imagino. — Eu não sabia muito o que falar.

— Bom, preciso ir agora. Preciso revezar com o outro Soldado e ficar de guarda na porta do abrigo. — E levantou e corrigiu sua postura.

— Mas não é perigoso? E se alguém invadir o abrigo? — Me levantei rapidamente.

— Este é meu dever, Alteza. Proteger vocês. —Ele riu um pouco, mas logo voltou a ficar sério.

— Tudo bem então. — Afaguei meu próprio ombro, sem olhar no rosto dele.

O Soldado Lukas fez uma reverência e se retirou, indo até a porta do abrigo trocar de turno com o outro Guarda.

Apenas quando ele saiu, percebi como tudo ficou quieto de novo. E aquela quietude toda me incomodava. Mas então reparei meu pai não muito longe conversando com o Chefe da Guarda Real, que também é seu Braço Direito.

Tentei inclinar um pouco meu pescoço para escutar o que eles diziam, mas quando o Chefe da Guarda Real percebeu, sussurrou algo para meu pai e em seguida se afastou discretamente com ele.

Eu não achei aquilo nada normal. Na verdade, estranhei muito. O que eles estariam conversando? E por que eu, a Princesa, não poderia ouvir? Tinha algo muito estranho sendo escondido de mim, e eu não gostava nada daquilo, entretanto o melhor naquele momento era ignorar o que aconteceu.

Quando tudo se tranquilizou mais um pouco, eu então eu finalmente consegui fechar o olho mais calma e me aconchegar nas cadeiras que haviam montado para mim com um dos cobertores que ficavam no abrigo. Assim que fechei meus olhos, fui ficando cada vez mais longe do terror que estava aquele Palácio. Cada vez mais longe do barulho, da agitação e do ranger de dentes.

⚡👑⚡

Abri os olhos lentamente. Eu estava vendo tudo meio embaçado, mas logo a luz foi clareando minha visão. Bocejei, apesar de ter descansado bastante.

Quando consegui distinguir o rosto do Soldado Lukas, levei um leve susto. Demorei um pouco para processar tudo que havia acontecido para eu estar ali.

O que me preocupava naquele momento não era só como estava o estado do Reino, mas também como estava o meu estado. Meu rosto devia estar amassado e inchado sem o meu skin care. Meus cabelos desgrenhados e um bafo animal.

Era vergonhoso saber que o Soldado estava tão próximo a mim que conseguiria perceber esses detalhes terríveis.

Entretanto, para a minha sorte ele não estava me olhando, mas sim concentrado em caminhar. Mas foi aí que eu percebi onde estava...

Foi aí que eu me dei conta de que estava nos braços do Soldado Lukas, sendo carregada enquanto ele andava pelos corredores do Palácio.

— Leve ela para o quarto com cuidado — uma voz masculina disse. Na verdade, ordenou.

Por algum motivo fiquei envergonhada naquele momento. Era estranho ser carregada por alguém. Eu queria fazer perguntas sobre o que havia acontecido e sobre como todos estavam, mas era mais favorável fingir que eu ainda estava dormindo, então fechei os olhos.

Depois de poucos minutos, senti o Soldado me deitar em minha cama. Consegui identificar que era minha cama pela incrível maciez, e naquele momento também percebi como é bom ter um quarto confortável para dormir, e como eu nunca havia reparado que muitos não tinham a mesma sorte que eu.

Abri os olhos depois de uma fração de segundos, mas o Soldado Lukas não estava mais lá. Eu não sabia que horas era, mas se me colocaram em minha cama sem me acordar, era porque estava na hora de dormir, então preferi fazer isso.

Mas me senti completamente estranha quando notei que a fragrância do perfume do Soldado estava impregnada em mim.

Era um perfume bom, contudo aquilo não deixava de me fazer sentir desconfortável.

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