Coroa Eterna

✻Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 15

  Eu ainda não conseguia entender como foi possível o Jardineiro Mathias adquirir sentimentos por mim. Era estranho pensar que ele gostava de mim daquele jeito. Eu sempre o vi como um amigo.

Sempre puxei assunto com ele, mas porque eu sempre fui assim com todos os empregados do Palácio, e eu nunca imaginei que a partir dali ele pudesse misturar as coisas e se apaixonar por mim. E ainda era triste saber que eu não podia retribuir aquilo. Não daquela forma.

Eu já havia mandado alguns criados retirarem as flores do meu quarto. Olhar para elas fazia eu me sentir mal e pensar em como Mathias devia estar.

Terminei de passar a última cor que faltava em meu desenho e larguei o lápis na mesa para apreciar minha obra de arte. Apesar de nunca ter desenhado bem ou gostar de desenhar, sempre me interessei em nas horas vagas pegar desenhos prontos para colorir, que naquele momento estava sendo uma ótima distração.

Mas assim que analisei o desenho com mais calma, reparei em como naquele dia eu utilizei apenas cores frias em minha pintura, o que deixou o desenho um tanto quanto triste e sombrio.

Aquele não era o meu estilo. Sempre pintei meus desenhos com cores vivas, quentes e alegres, pois isso me lembrava Solar Kingdom e mamãe. Mas naquele dia o clima era outro.

Larguei o papel e os materiais de pintura ali. Nem aquilo estava ocupando minha mente, então nada melhor do que perambular pelo Palácio. Mais precisamente, ir ver meu pai.

Ás vezes eu até sentia como se meu pai estivesse viajando, já que quase não o via. Por isso seria bom vê-lo pelo menos um pouco. Ao menos dar um oi e saber como ele estava. Ser uma família normal, embora isso não pareça bem uma família sem minha mãe.

É por esse motivo que minha mãe queria tanto ter um segundo filho. Assim, eu teria companhia.

Na verdade, quando ela ainda me carregava no ventre, especulou que fosse ter gêmeos, já que a barriga estava enorme. Meu pai sonhava com um menininho para ensinar tudo que seu pai o ensinou. Entretanto eles me disseram que quando viram uma pequena e delicada garotinha de fios de cabelo vermelhos, se encantaram no mesmo instante. E o olhar de ambos confirmou isso.

Eles sempre me diziam que imaginavam que por eu ser menina, seria mais calminha e daria menos trabalho, mas foi o contrário. Eu era uma menina muito arteira e curiosa. Era difícil me manter parada no lugar. Eu gostava de explorar novos lugares e me distraía muito facilmente.

Tanto que, foi quando percebi que nem sabia para onde eu estava indo tão distraída em meus pensamentos.

Saí do corredor em que eu estava, para buscar atingir meu objetivo do dia. Continuei caminhando. Eu ainda não havia identificado se eu já estava perto do escritório do meu pai. Assobiando e vez ou outra cumprimentando alguns criados, uma porta meio aberta me chamou a atenção.

Aquela porta nunca ficava aberta. Eu não teria outra oportunidade.

Eu nem havia reparado, mas eu estava no terceiro andar: aquela parte do Palácio que tanto me intrigava. Eu não estava a fim de desobedecer às ordens de papai, mas parecia que aquela exposta brecha da porta me chamava para cada vez mais perto.