Um

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12 anos depois...

   Era engraçado o jeito que os homens a olhavam. Quer dizer, era nojento, mas ela estava acostumada com olhares mil vezes piores que aqueles.

   O deliniado de seus olhos e a jaqueta de couro preta reforçava o seu ar de bad girl, visualmente falando. Ao contrário de todas as garotas da máfia, ela não tinha tatuagens.
Ainda.

   — Sem enrolação nessa porra! — gritou o macho a sua frente, visivelmente irritado.

   Risos saíam das bocas imundas dos membros da gangue de Frientwch. Ela bufou, fazendo o cacho em sua testa voar para longe. Não se sentia assustada, muito menos intimidada pelo homem de 1.90m de altura, ao contrário dos outros.

   — Ela tá com medinho senhor — gritou um homem dos fundos.

   O líder dos Frientwch olhou para seus homens de esguelha, e um sorriso cruel estampou seus lábios. A garota fechou os olhos, focando no ritmo de seu coração, que estava incrivelmente calmo.

    — Nunca matou uma pessoa antes, 028? — o líder perguntou, e um segundo depois, o som de um engasgo foi ouvido.

   Silenciadores. Ela aprendeu depois de crescida a usá-los. Isso impedia que ouvissem os sons dos tiros. Foi muito útil na verdade. Teria impedido muita coisa no passado. Poderia ter impedido a prisão de Mase.

   Abrindo os olhos, ela observou o rapaz caído no chão, enquanto uma poça de sangue começava a surgir ao seu redor, causada pelo tiro em sua garganta. Ela respirou fundo e deu as costas, saindo pela porta lateral, sem se importar em dar satisfação a ninguém.

⚔🌼⚔

   O revólver estava quente em sua mão fria. Assim que estava há uns bons passos de distância do galpão onde acontecia os julgamentos, ela pôs o revólver na bainha de sua cintura.

   O sol brilhava forte acima de sua cabeça. Pássaros cantavam livremente, como se não tivessem ouvido a bala que ela havia acabado de disparar. Eles não tinham ouvido, na verdade.

   — Esperava que você fraquejasse — disse uma voz atrás dela.

   A garota encarou seus pés com um sorriso convencido nos lábios, e se virou para ele, ainda sorrindo.

   — É exatamente isso que eu faço vocês homens acreditar — respondeu erguendo o queixo em superioridade.

   O homem olhou para o galpão e balançou a cabeça, com um sorriso de canto nos lábios.

   — Nunca duvidei de você — afirmou ele. Enrolando seu cabelo liso em seu indicador, em forma de cacho – como seu cabelo costumava ser antes dela alisar – ela estalou a língua.

   — Mentiroso.

   — Tudo bem. Talvez no começo — explicou-se.

   Ela pressionou os lábios enquanto observava o homem à sua frente. A pele negra dele brilhava sob a luz do sol, o suor escorria pela sua testa, e marcava seus músculos através da regata cinza que ele usava.

   — Quando pretende sair? — perguntou o macho em sua frente, se aproximando dela.

   — Fitz — ela disse em aviso. Ele respirou fundo e tocou seus ombros.

Imprudente - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora