Imprudente - Livro 1

Cinco

    Ela e Louis acabaram pegando o voo que deveria ser de Francis.

   — Você contou a ele? — perguntou Agatha enquanto mastigava a batata frita e tomava um gole de sua coca cola.

  Louis se encostou na cadeira da pequena lanchonete na frente do aeroporto e semicerrou os para ela, como se ela não passasse de uma criança.

   — Contei o quê, exatamente? — perguntou enquanto balançava a garrafa de vidro de guaraná.

   — Sobre Francis e...

   — Francis pode ser substituído — interrompeu Louis.

   Agatha pressionou os lábios e encarou as batatas fritas.

   — Eu não contei a ele sobre...

   — Há muitas coisas que não contou para ele — interrompeu Louis, novamente.

  Agatha bufou e enfiou três batatas em sua boca.

   — Eu não o vejo desde... — disse balançando a cabeça.

  — Desde? — insistiu Louis.

  — Não importa. Eu não estou pronta para vê-lo — respondeu Agatha, ríspidamente.

  — Tarde demais — disse Louis, se levantando. Agatha franziu o cenho e se levantou também.

   — Como assim "tarde demais "? — questionou Agatha, entretanto, ele não respondeu.

  Louis saiu caminhando para fora da lanchonete e abriu a porta para ela. Agatha entrou  no carro com a expressão de confusão estampada em seu semblante.

  O rapaz deu a volta e entrou na porta do motorista. O carro era daqueles quadradões, lindo, completamente preto, de cinco lugares com um porta-malas espaçoso.

   — Para onde você vai? — perguntou Agatha.

   Louis olhou para ela de esguelha e ergueu a sobrancelha.

   — Nós vamos — corrigiu Louis.

   Agatha revirou os olhos e deitou a cabeça na janela.

   — Para onde nós vamos? — perguntou Agatha.

   — Para a minha casa — respondeu Louis, simplesmente.

   Os olhos da jovem se arregalaram e ele a olhou com cara de "o que foi?".

   — Prefere ir diretamente para o seu irmão ou ficar comigo? — perguntou Louis.

   Agatha abriu a boca em forma de "O", mas não conseguiu formar nenhuma palavra. Louis sorriu satisfeito.

   — Ótimo, queria você só para mim mesmo — respondeu ligando o carro. Agatha o olhou como se ele tivesse três olhos.

   — Possessivo — resmungou ela. Um sorriso presunçoso brincou nos lábios de Louis.

   — You are mine, Love  — respondeu Louis, galanteador.

   Agatha revirou os olhos com força.

   — Não sou de ninguém — rosnou ela.

   Uma covinha que ela nem sabia que exisitia apareceu no rosto de Louis, em um sorriso orgulhoso em seus lábios, mas ele não disse absolutamente nada.

   Ela retirou de seu bolso o novo celular que havia na maleta e olhou para seu antigo. Antes que pensasse em desbloquear seu celular, Louis pegou o aparelho de sua mão e arremessou para longe. Agatha viu quando um outro carro passou por cima do seu celular.