Ela se encarava no espelho, repleta de ódio interior. Seu cabelo estava liso, seus olhos nem pareciam ser da cor que eram antes.
Sentia vontade de gritar, de colocar fogo em tudo. Queria ser quem achavam que ela não seria capaz de ser.
Atlantis vestiu uma regata branca e uma calça duas vezes o seu tamanho. Não havia muita opção de qualquer jeito. Na ponta dos pés, ela correu até o quarto que Will estava hospedado naquela casa estranha.
Havia uma cama de casal, dois criados mudos, uma mesa de escritório sem cadeira, e fumaça saindo da porta aberta do banheiro. A jovem andou silenciosamente até a mesa, observando a quantidade de papéis com informações sigilosas.
Em uma das folhas, havia um relatório de extratos bancários. Olhando por cima do ombro, com medo de ser pega, ela vasculhou um pouco mais, sabendo que teria algo mais interessante ali. E tinha.
Um envelope preto embaixo de todas as folhas, com manchas de sangue. Não se deu trabalho de abrir. Não ali. Andou rapidamente para a saída, mas parou ao ver os anéis de Will. Haviam dez deles.
Seis deles, agora estavam com ela. Amarrando seu cabelo de um jeito desengonçado, ela andou até as escadas e as desceu. Atlantis ouviu a voz de Damian, aparentemente falando com alguém no telefone.
Colocou o envelope preto dentro de sua regata. Olhando ao redor, procurando pelo outro Blinder que estavam com eles, suspirou aliviada por não ter ninguém por perto.
Atlantis se escondeu atrás de um dos pilares da casa, procurando por um sobretudo. Atrás da porta de entrada, havia um. Com um sorriso de canto, sorrateiramente, com o seu indicador ela alcançou o sobretudo, que a engolia por inteiro, e arrastava no chão.
Abrindo a porta devagar e a fechando do mesmo jeito, Atlantis começou a correr como um animal que era, para longe daquela casa. Para longe daqueles homens. Sem celular para ser rastreada. Sem dinheiro para ser roubada. Sem arma alguma para se defender.
A noite já caía, mas ela não se importou em roubar um carro. Não queria ser pega. Ela não fazia ideia para onde estava indo. Ideia nenhuma. Só queria sair dali.
Correndo enquanto o vento desfazia seu penteado, e deixava seus cabelos voarem com o vento. Seu sobretudo voava com ela. Correu até não conseguir respirar.
Correu até parar em uma avenida, aonde um poste mal iluminado era sua única companhia. Atlantis encarou a cicatriz em seu pulso com carinho.
De repente, uma música começou a tocar atrás de si. Atlantis se virou, e sorriu ao perceber os letreiros coloridos.
— Perfeito — disse sorrindo.
De cabeça baixa, Atlantis entrou no clube de stripper.
Foi acolhida com aplausos de homens que gritavam palavras para a dançarina presa no teto. Negando com a cabeça, ela foi diretamente para o bar do Clube.
O barman estava de costas, limpando alguns copos. Atlantis apoiou seu queixo em uma das mãos e esperou que ele se virasse.
— Excuse me sir — disse Atlantis, chamando a atenção do barman.
O homem se virou e para sua surpresa, ele não se passava de um garoto. Aparentemente tendo a sua idade.
O barman a olhou de cima baixo e passou as mãos pelo cabelo preto, como se fosse seduzi-la de qualquer forma.
— How can i help you miss? — ele respondeu com sutaque característico de Birmingham.
— Uma água, por favor.
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Imprudente - Livro 1
Fanfiction"Você não passa de uma garotinha assustada tentando ser um homem" Um passado traumático, morena sarcástica, um loiro misterioso, máfia e muitas mortes. Crescida em meio ao caos, ela buscava sua fonte de tranquilidade. Todas as garotas da escol...