Nove

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   As rodas do carro cantaram pelo modo que ela estacionou.

   Mase esperava ao lado de Roselyn, com um semblante nada agradável. Atlantis saiu do carro e bateu a porta com força, mas se arrependeu em seguida, ao sentir a dor em seu corpo.

   — Onde você estava? — grunhiu Mase.

   Atlantis revirou os olhos e passou por ele sem dizer nada.

   — Onde ela estava? — perguntou Mase novamente, mas não para ela.

   Ao olhar por cima dos ombros, viu o deus grego comendo o resto de seu sorvete despreocupado. Ele deu de ombros.

   — Em um shopping tomando sorvete — disse ele, e sua voz era incrivelmente familiar.

   Entretanto, ela não entendeu porque ele tinha mentido.

   Mase estava certo em colocá-la em um cômodo com um psiquiatra. Tudo era familiar demais para ela, mas Atlantis nunca sabia se era algo familiar bom ou ruim.

   Entrando na casa, ela se dirigiu até a cozinha. Haviam dois cozinheiros chefes e mais três cozinheiras auxiliares. O cheiro dos temperos invadiram suas narinas e fizeram seu estômago roncar.

   Um dos cozinheiros passou por ela com um prato refinado que ela não fazia ideia do que era, e sorriu. Atlantis franziu o cenho e andou até uma das enormes geladeiras.

   — Senhorita Torrance! — exclamou uma das cozinheiras. Olhando por cima dos ombros, viu um olhar irritado da mulher — Não deveria estar aqui!

   Ela abriu a porta da geladeira e retirou uma fatia do bolo que tinha comido ontem. Fechando a porta com o cotovelo ela se virou para a cozinheira, que continuava a olhar de um jeito infantil.

   — Ahnnn... a casa é minha, então acho que posso vir na porra da minha cozinha quando eu quiser — respondeu dando de ombros, enquanto passava por ela.

   Se sentindo incrivelmente humorada, Atlantis esbarrou o braço que não estava dolorido propositalmente na cozinheira. Ela conseguiu ouvir grunhidos de irritação, e isso a fez sorrir.

⚔🌼⚔

   Ela tomou o remédio para dor logo depois que comeu a fatia do bolo. O remédio estava finalmente começando a fazer efeito, e ela já se sentia ativa novamente.

   Olhando sua tatuagem pelo espelho, ela sorriu. Era hora de seguir em frente. Não choraria mais. Levaria ela em seu coração e alma para sempre. Seu raio de sol descansava em paz entre as nuvens agora.

   Sorriu ao ver os pequenos girassóis e arabescos que saíam da inicial de sua filha. Foi algo simples. Nada extravagante. A tatuagem foi feita na lateral de seu corpo, um pouco abaixo de seu seio.

   Abaixando sua regata, ela encarou o quarto que havia passado a maior parte do tempo, desde que chegou na casa. Era estranho saber que seu irmão tinha finalmente superado, e que agora dividia a cama com uma outra mulher.

  Isso a incomodava. Mais do que ela gostaria.
Bernard entrou no quarto sem bater, o que a fez dar um pulo para trás assustada.

   — Hey hey, admirando sua beleza no espelho? — zombou ele.

   Atlantis revirou os olhos e sorriu levemente.

   — Na verdade não, estava procurando onde deixei que você entrasse no meu quarto sem ser anunciado — murmurou com ironia.

Imprudente - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora