Quatro

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    Agatha estava de joelhos em frente a uma janela aberta, com um cupcake de desenho de girassol em cima dele.

   Ela observou a pequena faísca da vela balançando com a brisa do vento frio das noites da Califórnia. Um sorriso triste apareceu em seus lábios.

    — Feliz aniversário atrasado, raio de sol — sussurrou Agatha, soprando a velinha.

   A chama se apagou, e ela retirou a velinha com delicadeza, encarando um dos bolinhos que Sandra havia feito. Billie estaria completando 7 anos há quatro dias atrás.

   — O que você está fazendo? — perguntou Fitz com uma voz rouca de sono.

   Rapidamente, ela lançou a vela pela janela e se virou para ele. Com um sorriso amarelo, ela respondeu.

   — Nada demais.

   Fitz se aproximou dela, e se pôs de joelhos ao seu lado, para a sua surpresa.

   — Isso é algum ritual? — ele sussurrou enquanto encarava o cupcake.

   Uma risada silenciosa saiu de sua boca. Agatha esbarrou seu ombro propositalmente em Fitz, o empurrando, mas ele sequer se moveu. Parede de músculos.

   — Então... você é uma...

   — Tecnicamente sim. Mas sou uma Frientwch agora.

   — Eles são temidos em todo mundo. Não entendo porquê você desejaria abandonar seu legado. Digo, eles morreram há anos, alguém deve estar no comando — respondeu ele.

   Agatha deu de ombros, pensando que havia acabado de assassinar o homem que estava colocando os homens nos trilhos.

   — Você é uma Shelby? — ele perguntou engolindo em seco.

  Agatha se levantou em um pulo, se afastando de Fitz.

   — Nunca mais repita isso — rosnou ela. Fitz se levantou, erguendo as mãos para o teto em rendição.

   — Mas é o que você é, não é?

   — Nunca serei uma... uma... — ela não conseguia pronunciar sequer o sobrenome de seus pais.

   — Tudo bem, tudo bem — ele respondeu se aproximando dela lentamente.

   — Isso não vai dar certo, Fitz.

   — Mas a gente mal começou a namorar! — ele argumentou.

   — Eu sei. Preciso de um banho — disse Agatha, mudando de assunto.

   Fitz assentiu com a cabeça e deixou que ela passasse por ele. Agatha foi até o banheiro, retirando seu vestido e a rosa branca em seu pulso.

   Ela se lançou dentro do box, aceitando as gotas frias que caíam sob seu corpo. Agatha trincou os dentes aos senti-las escorrendo sobre os cortes profundos em suas coxas.

   Pegando o sabonete de Fitz, ela começou a se lavar, se esfregando com força, como se todo o sangue que manchava suas mãos pudessem sair de sua alma.

   Sua racionalidade voltou com força para sua cabeça, e ela havia percebido que fora um erro contar quem ela era para Fitz, sendo que não podia dar o que ele queria.

   Usando shampoo, ela lavou seus cabelos, colocando condicionador em seguida. Após o banho, Agatha se enrolou na primeira toalha que viu e pegou seu celular.

   Secando seu polegar na toalha, ela desbloqueou o aparelho. Entrando em sua lista de contatos, ela encontrou o que precisava. 

   *Preciso de reforços.* ‐ mensagem enviada.

Imprudente - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora