Seis

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   Os braços de Mase agora estavam ao redor de sua cintura, enquanto suas mãos brincavam com os cabelos macios dele.

   Era Atlantis quem deveria estar dormindo, mas fora Mase quem acabou adormecendo. A respiração de seu irmão era serena, e ele simplesmente não parecia ser o homem sério e centrado que demonstrava a todos.

   Fazia uma semana que Atlantis estava dormindo na cama de seu irmão, como os velhos tempos. Para todos eles, Mase era Louis, e ela era Lilith.

  Ela havia oficialmente abandonado o nome de Agatha, mas continuaria usando vários nomes. Mase havia contado para ela que apenas seus "irmãos " sabiam que ele e ela eram os herdeiros vivos e únicos dos Peaky Blinders.

   Mase tinha dito que eles se autodenominavam de "Os 7". Dos sete, Atlantis só havia conhecido Bernard, o homem de cabelos castanhos claros.

   Todos os outros estavam espalhados pela Inglaterra. Cada um tinha um dever a fazer. Mase estava estabelecendo sua volta muito antes de Atlantis começar a pensar em regar as flores.

   Eles não tinham conversado muito sobre o que tinham passado durante esses anos separados. Mas ela sabia que Mase sabia que ele foi tio, mesmo que agora já não fosse mais.

   — Você deveria dormir, Love — disse Mase com a voz arrastada de sono.

   Um sorriso triste se espalhou pelo seus lábios.

   — Não posso — ela sussurrou se encolhendo levemente.

   — Fazem dias que você não dorme — argumentou Mase.

   Atlantis se virou de barriga para cima e fitou o teto, suspirando. Mase se sentou na cama e olhou para ela com afeto e entendimento. Não precisava serem usadas palavras entre eles.

   — Pesadelos?

   — Com os gritos dela — sussurrou Atlantis, sentindo sua garganta se fechar. Ela ainda podia ouvir os gritos de Billie assim que os tiros começaram.

   Sentiu algo pesado em cima de sua pálpebra, e sorriu ao sentir os lábios de Mase beijando seus olhos com delicadeza. Ele costumava fazer isso quando ela acordava gritando, e dizia que ela poderia voltar a dormir, porque seus beijos eram mágicos e afastavam todo o mal.

   E realmente funcionava.

   — Durma Atlantis, você está segura agora — ele sussurrou.

   Quando ela abriu os olhos, sentiu sua visão embaçada por conta das lágrimas. Mase puxou a coberta mais para cima, cubrindo-a até o pescoço. Atlantis segurou a mão fria de Mase e o olhou nos olhos, esperando que ele entendesse o que ela queria dizer.

   — Nenhuma — ele respondeu desviando o olhar para a cortina preta do quarto — Não consegui com nenhuma.

   Atlantis fechou os olhos, sentindo as lágrimas caírem de seus olhos.

   — Pelo menos um de nós conseguiu — sussurrou Mase.

  Ela abriu os olhos e encarou seu irmão com seriedade.

   — Depois de... depois dele, foi Francis. Nunca foi com alguém que eu realmente quisesse ou permitisse. Eu só tive Billie por causa dos estupros de Francis, mas eu era paga por isso. Eu tentei prostituição depois de fugir do orfanato — confessou Atlantis.

   — Mas não conseguiu por causa do vômito que subia na sua garganta só de pensar em passar pela mesma coisa novamente? — completou Mase.

  Ele respondeu com um sorriso amargo. Ela sabia que ele entendia o sentimento.

Imprudente - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora