Fazia um mês que ela não dormia na cama de Mase.Por algum motivo, o noivado inesperado incomodou profundamente ela. A mansão estava cheia. Todos os seis irmãos de Mase estavam de volta, mas ela não ousou sair do quarto desde que soube daquela notícia.
Apenas Bernard era permitido entrar no quarto. Não que ela tivesse escolha de qualquer forma. Mase havia o escolhido para ser sua babá pessoal, e usava Bernard como seus olhos.
Ela aproveitou o tempo para sentir o luto que jamais iria passar em seu peito. Ainda doía saber que jamais veria sua filha novamente. Doía reviver as palavras que Francis tinha dito para ela.
Doía saber que o cara por quem foi apaixonada traiu sua confiança e a delatou. Doía tudo aquilo. E talvez nunca parasse de doer.
Atlantis tinha seu próprio quarto agora. Ele era em tons de cinza. A cama era enorme, com almofadas rosas e amarelas, todas em tons pastéis. Seu edredom era gelado e macio. Ela gostava disso.
Havia uma enorme janela na lateral de seu quarto, que dava vista a entrada da casa. Tinha até mesmo um piano em seu quarto. Duas poltronas com uma mesinha de centro, uma lareira, TV e um closet gigante. Vazio, é claro.
Todas as suas roupas cabiam em uma mala pequena. Em um canto, havia todas as suas roupas. No outro, havia um sobretudo feito sobre medida para ela, juntamente com uma boina. A roupa oficial dos Peaky Blinders.
Atlantis se revirou na cama, encarando as leds rosa do teto. Ela sorriu consigo mesma. Havia obrigado Bernard a colocar as luzes no teto. Ela gostava dele, por mais que odiasse admitir.
Ele falava. Muito. O que acabava distraindo ela de sua depressão interna. A verdade era que ele adorava se ouvir falar. Ele era engraçado. E ficava cada vez mais difícil não rir de suas piadas sem graça.
Apesar disso, ele era atento. Observador. E tinha ideias brilhantes. Não era atoa que fazia parte do grupinho de seu irmão. Pensar nele fez seu sorriso desaparecer.
Mase tentou se explicar diversas vezes, mas ela não o quis ouvir nenhuma das vezes. Ele não a devia satisfações. Ele podia fazer o que bem entendesse com a merda da vida dele.
Ela já não sabia mais o que estava fazendo ali. Tudo tinha perdido sentido. Nunca foi segredo para ninguém que Mase sempre quis ser o chefe dos Peaky Blinders. Atlantis apenas compartilhava do mesmo sonho.
Seu irmão disse a ela que seria ela a rainha deles. Mas agora com um noivado, seria Roselyn a rainha. Era infantil ela sentir ciúmes do seu irmão?
Irritada, ela pulou para fora da cama. Tirando a camisola velha enquanto caminhava até o closet, ela pegou uma calça jeans e uma regata preta. Estavam entrando no verão.
Correndo até o banheiro, Atlantis olhou para seu reflexo no espelho. Abrindo a primeira gaveta, ela retirou seu estojo de maquiagem e começou a esconder a prova de seu sofrimento, marcado pelas olheiras embaixo de seus olhos.
— Urgh, preciso de creme — grunhiu ao ver seu cabelo naturalmente cacheado sem forma.
Como estava com pressa, ela fez um coque o mais arrumado possível e puxou uma mecha de cabelo acima de cada orelha, dando um ar mais despojado. Aplicando a máscara de cílios e um batom levemente vermelho, ela forçou um sorriso.
Andou novamente até seu closet e digitou a senha do seu pequeno compartimento secreto. O cofre. Abrindo a maleta que Louis havia lhe entregado, ela retirou vinte notas de cinquenta.
Enfiando o dinheiro em sua bolsa velha, ela andou até a porta, se conferindo no espelho do hall de entrada de seu quarto. Sabe como é. Coisa de rico.
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Imprudente - Livro 1
Fanfiction"Você não passa de uma garotinha assustada tentando ser um homem" Um passado traumático, morena sarcástica, um loiro misterioso, máfia e muitas mortes. Crescida em meio ao caos, ela buscava sua fonte de tranquilidade. Todas as garotas da escol...