Já haviam se passado três dias em que eu não via Stéfani, três dias que eu não colocava as caras na empresa, eu estava resolvendo tudo via emails e mensagens.
Levantei da cama pela segunda vez ao dia e desci as escadas indo para o hall de entrada e passei por ele até a sala de música.
Passei os dedos pelas teclas do piano e suspirei sentando no banco preto acolchoado. Folheei a partitura e toquei algumas notas sentindo-me enferrujada mas ainda sim toquei.
- Nunca canso. Tomei um susto ao ouvir a voz da minha mãe. - Você pode tocar essa música mil vezes e eu nunca irei me cansar de ver você tocando. Suspirei olhando ara meus dedos. - O que está acontecendo com você Mirella? Esqueceu que sou sua mãe?.
- Não. Respondi seca sem olha-la.
- Olhe para mim. Olhei e ela suspirou fechando a porta atrás de si. - Me escute, seu pai.... Suspirei e ela sentou ao meu lado. - Seu pai está doente. - Consertei a coluna.
- Do que?. Perguntei fingindo indiferença.
- Ele está com Alzheimer. Fechei os olhos. - Está em um estado um tanto avançado, e eu gostaria que você se paro....
- Mãe, não. Me desculpe mas eu já disse, só irei para lá novamente quan.....
- Quando as mentiras forem postas à mesa?. Assenti. - Eu já sei que o seu pai me traiu Mirella. Olhei para ela incrédula.
- E porque ainda está com ele? Porque me fez sofrer durante dois anos? Eu me fechei para tudo, até para vocês, você mentiu para mim. Falei baixo.
- Era preciso, Freya ainda é uma criança, ela não sabe das coisas que estão acontecendo. Neguei apoiando os cotovelos nas teclas que fez um barulho insuportável.
- Eu não consigo acreditar nisso. Soltei um riso.
- Mirella, por favor eu te peço pela vida da sua irmã, ao menos vá dizer ao seu pai que o ama. Suspirei negando.
- Você não sabe o quanto a minha vida está sendo difícil mãe. Ela suspirou.
- Isso tem cheiro de garota no meio, você está apaixonada?. Olhei para ela. - Ela sente o mesmo pelo menos?. Suspirei.
- Eu não sei, não nos vemos a três dias, ela me deixa completamente.... Eu não sei mãe, ela é maluca, ela é.... diferente de nós, não sei se daríamos certo.
- Se ela for a pessoa certa para você tudo vai se acertar, não importa se ela for estranha, vai dar certo se tiver de dá. Assenti. - Agora, vai ver seu pai, eu te dou dois dias para aparecer lá ou eu irei traze-lo aqui. Sorri e assenti. - Eu te amo filha.
- Eu te amo mami. Beijei sua testa e ela se levantou me deixando sozinha com meus pensamentos.
[ ... ]
Parei o carro em frente à boate e suspirei apertando minhas mãos no volante, seria a primeira vez que nos veríamos depois da nossa pequena discussão no meu banheiro, eu estava nervosa, mas eu precisava dizer o que estava sentindo para que minha alma ficasse em paz.
Desci do carro e o travei entrando logo na boate de vez, caminhei por ali até o bar e pedi uma taça de vinho, eu vivia a base dele.
Passei os olhos pelo salão até que foquei nela, eu iria me levantar mas quando vi o seu sorriso enorme ao estar conversando com um homem, fiquei sentada apenas observando.
Ela sorria abertamente como se estivesse de fato se divertindo com aquela conversa, mas e se ela estivesse mesmo? Suas mãos passavam toda hora em seus cabelos e eu desejei acaricia-los agora.
Minha taça de vinho chegou e eu pedi a garrafa inteira fazendo a garota do bar me encarar com uma cara que dizia " Você está apaixonada? Beber pode não ser o melhor remedio", mas eu não me importava, de verdade.
Eu vim com um único propósito, esclarecer que estava perdidamente apaixonada por Stéfani e então a encontro com outra pessoa e ela parece feliz, eu não posso mudar isso.
Suspirei bebendo dois goles grandes da minha taça e neguei sentindo as lágrimas embaçar meus olhos.
Eu passei seis anos da minha vida me escondendo das portas que o amor abria para mim, me escondendo de pessoas sendo que eu era rodeada por elas o tempo todo.
A minha vida no colegial nunca foi fácil, eu sofria bullying por ser diferente de todos e ainda por cima fui abusada pelo zelador. Fechei os olhos me lembrando daquele amargo dia.
Era uma terça feira, eu estava indo tomar banho no vestiário feminino depois de um treino exaustivo de basquete e ele estava lá fingindo limpar a porta. Eu não me importei porque era um de seus trabalhos limpar corredores da escola.
Mas quando eu estava tomando banho senti sua presença ali, eu sabia que ele não estava apenas trabalhando, ele me ameaçou, ele não passava de um velho nojento e asqueroso que abusou de mim de uma forma que eu nunca consegui esquecer.
Suspirei segurando a garrafa de vinho ainda tremendo e enchi meu copo novamente com aquele líquido avermelhado.
Você podia ver se longe que eu estava sofrendo de paixão, qualquer um podia ver, até a moça do bar que limpava o balcão com um paninho laranja e me dava algumas encaradas.
- Você já se sentiu presa a alguém?. Perguntei do nada e ela me encarou ainda limpando.
- Já, mas no momento me sinto presa a esse lugar. Franzi a testa.
- Porque? Você é obrigada a trabalhar aqui?. Ela negou.
- Eu adoro trabalhar aqui, como também adoro as pessoas, mas digo presa portão conseguir verbo dia lá fora. Consegui entender, ela também era uma vampira.
- Ah. Foi apenas o que respondi antes de voltar o meu olhar para a taça.
Tudo, tudo o que eu queria era sentir as mãos macias de Stéfani tocar em meu ombro e sussurrar " Eu estava esperando você", mas isso não aconteceria, afinal ela está tentando me esquecer e eu sinto isso.
Virei um pouco o banco para ver o entretenimento entre ela e o homem, e me decepcionei, seu lábio inferior entre os dentes enquanto seus olhos estavam fechados aproveitando a carícia que o homem dava em seu rosto.
Me virei novamente e suspirei, desejando mais uma vez que aquelas mais fossem as minhas. Eu queria explorar seu corpo mais uma vez, nem que fosse a última, joga-la na minha cama e fazê-la minha de uma vez por todas.
Cravar meus dentes em sua pele branca, deixar minhas marcas e pedir que ela me mordesse novamente, que me arranhasse rasgando minha pele da forma que só ela faz.
Que me olhasse com os olhos verdes intensos que eu tanto desejo ver agora e depois sussurrar o quanto sou incrível enquanto eu faço carinhos em suas costas desnudas.
Mas isso não passaria de lembranças ou desejos agora, por isso paguei o vinho e mais um para a viagem, e dando uma última olhada para a sua mesa suspirei saindo dali o mais rápido possível.
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Sempre & Para Sempre
Fiksi PenggemarQuando mais nova Mirella presenciou seu pai traindo sua mãe, desde então se tornou uma pessoa fria com sua família, a não ser com seu irmão Muryllo. Sua melhor amiga irá se casar, e desse dia em diante sua vida irá mudar!. Se apaixonar por uma st...