Capítulo - 8

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"Quando algo é retirado de você, você precisa reencontra-lo ou reconstrui-lo, pois toda falta cria um vazio, e todo vazio lhe consome por completo."

No chão permaneci por algumas horas. Tudo havia voltado. A dor que tanto tentava ignorar, o olhar de destruição da minha mãe ao olhar a caixa em frente de casa com os restos do meu pai.
A sensação da perda sem sequer poder me despedir, a sensação de abandono, a sensação de algo que foi brutalmente retirado de mim, na qual eu não consigo trazer de volta por mais que tentasse.
A sensação de estar só, de ser cobrada mas não compreendida.
Eu estou cansada! Cansada de estar tão triste, de fingir, de tentar estar ali! De tentar criar coragem todas as manhãs, de tentar e apenas tentar!
Tudo estava ali, a dor de um grito que foi silenciado a força.
E ali eu me deixei, sofrendo.
As lágrimas já não havia como sair, apenas a ardência dos olhos permaneciam.
E sensação de esgotamento, de perda, de humilhação.
Eu estava bem!? Eu estava me controlando na verdade.
Mais ter uma sensação tão boa para em seguida ser retirada brutalmente, destruiu o pouco controle que havia aqui.

Olho para a cortina, e vejo que os primeiros raios de sol, já estava se mostrando.
Me obrigo a me levantar.
A sensação de esgotamento, invadiam meu ser.
Mas ser fraca não era e nunca foi uma opção, nem sequer era um direito concebido a mim.
Não sendo umas das crianças beijadas pela Fênix.

Sigo em direção ao banheiro, la havia uma escova de dente nunca usada, uma toalha para o rosto e uma para o corpo.
Produtos de higiene pessoal.
Entro debaixo de chuveiro e fico ali, deixando a água me lavar.
A sensação de chorar volta, mas nem sequer há mais lagrimas para serem derramadas.
E então fico ali, em pé enquanto a água cai sobre mim, permaneço desta forma por algum tempo, até voltar a mim.
Por mais que tudo estivesse doendo, eu não poderia continuar desse jeito. Em um futuro não tão distante, terei pessoas dependendo de mim, não posso me deixar ser destruída.

Não porque um cara qualquer quer fazer um joguinho doentio com preconceito entre raças e o que mais for. Digo para mim mesma.

Pego a toalha, enrolo ela em meu corpo, e vou escovar meus dentes.

Finalizo de me arrumar, e coloco novamente o vestido.
O vestido que me faz recordar tudo que havia passado na noite passada. Respiro profundamente, e ergo minha cabeça.

Abro a porta do quarto, ando pelos corredores, indo em direção ao quarto da Celina e Ethan.

Os vejo nos corredores, vindo em direção ao meu quarto.

- Dormiram bem? - pergunto, com a voz um pouco rouca.

- Sim... E você não pelo jeito. - Celina fala, com uma aparência preocupada.

- Você está bem? Senti sua energia ficar extremamente forte ontem anoite, pensei em vir até aqui, mas acabei ficando com medo deles acharem que estava bisbilhotando e criar um tipo de problema. - Ethan diz.

- Nada demais, é só que escutar o nome daquele clã, ainda mexe comigo. - deixo algumas informações de lado, informações essa que irei esquecer totalmente em algum momento no futuro.

Ethan e Celina me dão um abraço breve, como se pedissem para que eu mantivesse a força.

A moça que nos levou até os nossos quartos chega até nós.

- Vocês acordaram cedo demais, ainda são apenas quatro horas. - ela nos avisa.

- Precisamos ir em casa, pegar nossos itens mágicos e nos trocar também. - avisamos.

Ela concorda com a cabeça.

- Bom, há dois cavalos aqui... Geralmente não usamos já que bom, somos lycans. Mas será uma caminhada muito longa andando. - ela explica.

Inquietude - Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora