A minha escritora

Família Uchiha

Fui moldada pelos três. Sou fragmentos dos três.

Hinata Hyūga On 

Meus olhos focaram no meu namorado entrando no quarto, deixando também um pouco da luz do sol entrar. Naruto sorriu minimamente me entregando uma xícara de chá de limão. 

Ele se aconchegou atrás de mim, deitando-me em seu peito, senti os músculos do seu tronco se contraírem, devido ao meu cabelo molhado pelo banho recém tomado. 

Meu corpo finalmente relaxou quando senti o lençol macio. Passei a madrugada no chão da sala, somente com Naruto me sustentando em seus braços, enquanto eu chorava feito criança, berrava de raiva e soluçava. 

Meu corpo tremia quando Naruto me colocou embaixo do chuveiro, me dando banho, e dizendo que iria ficar tudo bem. 

Ainda sentia os impactos das palavras de Hiashi, sentia o peso da mentira que foi esses anos, e sentia a porra do entendimento de tudo que vira esse tempo todo. 

Madara Uchiha é seu pai, não Hiashi, por que ainda está triste? 

Minha consciência gritava isso. No entanto eu não sabia a resposta, não... sei. 

— Uma xícara de chá por seu pensamento, amor. 

Virei a cabeça somente para olhá-lo, os olhos azuis exalava preocupação, não sabia se era comigo ou pelo meu novo sobrenome.

— Você vai me deixar agora que sou uma Uchiha? — Naruto ficou vermelho, depois começou a tossir. — Limãozinho, calma!!! 

— Calma? — Ele arregalou os olhos virando-me totalmente de frente para ele, minhas pernas ficaram entre as dele cruzadas. — Olha a merda que você pergunta! 

Tive vontade de sorrir, mas ao ver que ele realmente estava brabo, reprimi esse desejo. Esperei a resposta. 

— Não, eu não vou te deixar — Sorriu, mas suas mãos grandes foram para meus ombros, acariciando. — Não se importe com o que eu farei, mesmo que nunca vá te deixar por isso, que maluca. Você acabou de descobrir que Hiashi, quem você acreditou ser seu pai por quase três décadas, não é seu pai! Isso deve ter um baque e tanto... 

— Minha vida foi uma mentira... eu... — Me levantei e comecei a andar de um lado para o outro. — Eu sempre acreditei que ele fosse meu pai, eu busquei a porra da aprovação dele, cada passo, cada coisa que eu fazia, Naruto, eu buscava a aprovação do meu pai, e eu era desprezada, enchotada, xingada, destruída... — Passei uma das mãos nos cabelos deseperada, meu coração batia tão forte, que eu temia que ele quebrasse minha caixa torácica. — ELA VIA TUDO, ELA SABIA DA VERDADE, E ELA... ELES SABIAM DA VERDADE, E ME DEIXOU NO ESCURO, TODA MINHA VIDA EU FUI A FILHA QUE FICOU NO CANTO DE CABEÇA BAIXA NO ESCURO. 

A xícara que estava em minha mão direita fora de encontro com a parede de quadros, se espatifou e levou consigo o vidro do quarto de uma foto minha com minha mãe. 

Arregalei os olhos, minha garganta fechou, no momento que Naruto me olhou com desaprovação... talvez até com decepção, e então voltei a chorar indo até a parede vendo a foto um pouco amassada, me abaixei e comecei a catar os cacos, querendo consertar o que fiz. 

Porque aquele olhar era o mesmo que Hiashi me dava quando eu fazia algo que não fosse de seu gosto. 

Mas ao contrário das vezes que fiquei ajeitando algo sozinha, e meu pai não me ajudar, eu sentir as mãos de Naruto me puxando. 

— Solte isto, você pode se cortar — Era uma ordem, na qual eu cumpri, enquanto ele me levava para cara me sentado lá, e se abaixou na beira ficando entre minhas pernas. — Nunca mais me olhe desse jeito, nunca mais sinta medo de mim, eu não sou Hiashi, eu nunca gritaria com você, ou lhe obrigaria a apanhar aquilo sabendo que você está tremendo e pode se cortar. Eu não sou assim, eu não sou ele, entende isso Hina? — Seus dedos enxugaram minhas lágrimas, e logo segurou minhas mãos trêmulas. Eu assentir. — Eu não sei o que você sente, ou o quanto está confusa por dentro, mas sua fala foi burra, culpa sua mãe, a mulher que lhe deu tudo que tem hoje, que estava disposta a sair de um relacionamento tóxico por você, que comprou a editora por você, que te colocou em um pedestal e você ainda continua lá no topo, que morreu por algo que você e ela acreditava.