Chapter 24

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Chapter 24

Os olhos verdes estavam há quase um minuto presos nos ferros a sua frente, tentando assimilar o que Draco dissera para que ele fizesse. Confiava em Draco, contudo, seu verdadeiro medo estapeou-lhe bem na cara: e se não conseguisse?

— Que tal se tentarmos depois? — Harry perguntou e Draco riu suavemente.

— O que combinamos na virada de ano, hm? — Perguntou, erguendo uma sobrancelha, mas jamais perdendo o sorriso.

— Que este ano eu andaria antes da primavera chegar. — Harry disse e Draco aquiesceu.

— Exatamente. — Afirmou. — E para isso você precisa começar a treinar na barra paralela. — Harry umedeceu os lábios pensativo antes de olhar para Draco temeroso.

— E se eu não conseguir?

— Você vai. — Disse veemente. — Seus braços já estão fortes para sustentar o seu peso, agora precisamos trabalhar mais suas pernas.

— Por que meus braços estão bons e minhas pernas ainda não? — Perguntou.

— Nossas pernas exigem mais forças de nós, você vai chegar lá. — Draco insistiu pacientemente. — Para irmos à piscina da sua casa em alguns meses quero esteja bom, se não, eu não irei. — Impôs. Harry entortou a boca e olhou para a barra antes de voltar a olhar para Draco.

— Sem Dray de sunga? — Perguntou e Draco segurou o riso.

— Sem Dray de sunga. — Disse irredutivelmente, o que causou um longo suspiro em Harry.

— Você vai me ensinar a nadar? — Harry era esperto, queria negociar.

— Sim, mas precisa testar a barra.

— Se eu cair, você não ri? — Pediu envergonhado.

— Você não irá cair. Eu estarei bem atrás de você, pronto para te segurar. — Draco informou e Harry tomou fôlego antes de assentir.

— Tudo bem, me leve até ela. — Pediu. Queria, a todo custo, voltar a andar novamente; queria os passeios que Draco lhe prometeu; queria poder ter a liberdade de tomar um banho sozinho; de poder subir a bendita escada sozinho; de poder se deitar por conta própria, pois apesar de isso ser algo que ele podia, sua mãe sempre o colocava para dormir.

Não que ele reclamasse, mas havia dias onde ele realmente queria estar sozinho. Aquele era um sentimento novo nos últimos dias, afinal sempre odiara ficar sozinho, porém ter as pessoas em cima dele o tempo inteiro estava começando a incomodar um pouco o menino, mas ele não diria nada a ninguém, não queria ser um ingrato.

Draco ajeitou a cadeira de rodas em frente à barra e estendeu os dois braços a ela, fazendo o moreno segurar suas mãos. Aquele, de longe, era seu toque preferido: o de Draco. Havia se passado três semanas após o Natal, porém já sentia falta de Draco dormindo ao seu lado, porque a verdade era que Draco contava as melhores estórias, todavia, o que prendia a atenção de Harry era a voz eloquente de Draco, cheia de vida, fazendo cada personagem ser compreendido perfeitamente.

— Pronto? — Draco perguntou e Harry engoliu em seco, mas mesmo assim assentiu. — No três você vai fazer o que eu te disse, certo? — Novamente Harry aquiesceu.

— Certo. — Harry disse se preparando.

— Um... — Draco começou a contagem, tentando transpassar segurança, porém seu interior estava aflito e ansioso. — Dois... — Lily se aproximou um pouco mais, mal podia esperar por aquilo. — Três. — Disse por fim, vendo Harry tomar impulso e, com a ajuda do leve puxão de Draco, o garoto ficou em pé.

Harry olhou para as próprias pernas sentindo-se diferente, bem distinto do que algum dia já se sentiu. Seus olhos umedeceram e um enorme sorriso preencheu-lhe o rosto, fazendo Draco acompanhar a expressão.

— Eu estou de pé, Dray... — Harry disse ainda incrédulo. Sabia que não sairia andando por aí, que ainda tinha um longo caminho a percorrer. Claro que sabia! Draco já havia lhe explicado, mas o fato de conseguir se sustentar sobre seu próprio peso era magnífico e ele não podia medir a amplitude de seus sentimentos.

Draco sorria diante da emoção no rosto de Harry e de Lily, mas as borboletas em seu estômago vieram lhe visitar assim que Harry apertou mais suas mãos e o puxou para mais perto. Seu rosto se abaixou alguns centímetros e seus olhos subiram, acompanhando seus cílios, apenas para encontrar as orbes verdes fixadas em si, tão cintilantes quanto nunca. Draco estava em uma espécie de transe, até ouvir Harry dizer algo novamente:

— Eu sou mais baixo do que você. — Harry disse fazendo beicinho, fazendo Draco engolir em seco devido à proximidade dos dois.

Claro que ele não beijaria Harry ou vice-versa, não haviam ainda sequer trocado outro selinho depois do primeiro e, mesmo que tivessem, ele tinha a plena consciência de Lily os vigiando. O que fazia Draco sentir sua pressão baixar foi a sensação de Harry em pé tão perto; uma real e clara melhoria; um sinal de que as coisas não estavam estacadas.

— Sim, não é muito difícil ser mais alto do que um pequenino como você, sabia? Levando em conta também que eu sou alto. — Draco disse rindo suavemente, sentindo Harry agarrar mais em si como apoio.

— Eu sempre imaginei se eu seria mais alto. — Harry disse voltando a fazer beicinho. — Você continua lindo daqui de baixo.

Certo, ainda havia momentos onde Draco enrubescia fortemente ante aos elogios de Harry. Eram elogios inocentes, mas que faziam seu coração flutuar mesmo assim. Um pigarro de Lily fez Draco corar ainda mais, focando no que realmente devia.

— Certo, vou para trás de você e te guiar. — Draco disse, segurando a cintura de Harry e indo para trás dele. O loiro empurrou um pouco a cadeira para trás e se ajeitou no corpo do moreno, tendo suas mãos segurando firmemente na pele de sua cintura. — Segure nas barras, Haz. — E assim o menino fez, levando suas mãos até as barras.

— Eu realmente sustento meu próprio corpo com os braços. — Harry disse entusiasmado, vendo que Draco não era nada mais que um apoio.

— Agora quero que ande. — Draco pediu. — Aplique todo o peso que suas pernas aguentarem, mas fique atento aos braços, eles te segurarão quando as pernas não ajudarem.

— Você vai ficar aí, não é? — Harry perguntou. — Mamãe, eu vou andar! — Exclamou com entusiasmo.

— Vou ficar com você todo o tempo. — Draco disse, esperando Lily dar um beijo no rosto do filho por cima da barra antes de se afastar de novo.

Durante todo o tempo Harry fez todos os exercícios sem reclamar, colocando máximo empenho em tudo, mas houve uma hora em que seu corpo estava extremamente cansado, que ele já não aguentava muito. Draco soube ler seus movimentos, o colocando na cadeira novamente. Apesar da evidente exaustão, Harry parecia tão feliz que acabou por segurar a mão de Draco e plantar um beijo sobre a delicada pele.

— Obrigado, Dray. — Agradeceu alegremente, fazendo Draco sorrir diante do gesto.

— Obrigado você por tentar. Agora preciso continuar o trabalho, tenho mais alguns pacientes. Nos vemos amanhã pela manhã. — Draco disse, pois já fazia parte de sua rotina visitar Harry e Lily todos os dias. — Fiquem com Deus. — Draco disse, se inclinando para deixar um beijo no rosto de Harry, sem embargo, fui surpreendido quando o menino virou o rosto, fazendo seus lábios se encontrarem.

Draco corou assim que se afastou e seus olhos, automaticamente, foram para Lily. Será que a mulher pensava que sempre que eles ficavam sozinhos faziam isso? Céus, o embaraço o dominou completamente.

— Uh, eu... — O riso calmo de Lily contradizia o aparente constrangimento em seu rosto.

— Vá, querido. Está tudo bem. — Lily disse e Draco assentiu, segurando a mão de Harry e depositando um beijo ali.

— Nos vemos, meu príncipe. — Disse sutilmente, vendo Harry assentir freneticamente.

— Até amanhã, Dray. — Harry disse, fazendo Draco sorrir antes de sair. Apesar do evidente embaraço, ele ainda assim podia sentir seus lábios formigando e seu coração agitado.

Sem perceber um sorriso brincava em seus lábios.

Em Um Piscar de Olhos | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora