Beatrice é uma das herdeiras do Reino Walle. Uma jovem cheia de vida e decidida. Quando seu irmão mais velho, James, foge de casa, ela decide ir atrás dele. Durante sua busca, ela conhece Conrad, um garoto intrometido e galanteador. Os dois, então...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Já fazem algumas horas que estou cavalgando e nada de encontrar algum vilarejo. Só vejo floresta e mais floresta. Deixo o animal bebendo água e pego o mapa que trouxe comigo. Eu já vi esse mapa inúmeras vezes, mas nunca prestei atenção nele. Talvez eu esteja arrependida, mas só talvez.
Tento me localizar, mas falho.
- Mapa idiota!
Volto para a estrada. Sempre confiei no meu instinto e sempre deu certo, não vai ser agora que ele vai dar para trás e me trair.
Sigo meu caminho e finalmente, depois de horas que mais pareceram dias, chego a um pequeno vilarejo. Deixo Storm com um cuidador de cavalos e marcho até o único bar do lugar. Peço um café e muffins. Espero no balcão. Tiro o mapa do bolso e abro sobre o tampão. Não deve ser tão difícil assim decifrar um mapa, não é?
- Precisa de ajuda com isso?
Desvio os olhos do papel e encontro um par de olhos castanhos tão escuros, que parecem pretos, me encarando.
- Não. - digo.
O garoto me avalia pensativo. Seu cabelo preto está bagunçado e mal cuidado. Poderia apostar que ele não o lava a algum tempo.
Ele estende o braço e pega uma das pontas do mapa.
- Talvez a senhorita devesse...
Dou um tapa em sua mão e ele se afasta surpreso.
一 Tira essa mão daqui.
- Eu só ia falar que o mapa está virado de ponta cabeça.
- É claro que ele não está virado... - avalio melhor o desenho no papel.
Droga!
Coloco na posição correta. Agora isso faz sentido. Por que eu não pensei nessa possibilidade antes?
- De onde eu venho, as pessoas costumam dizer "obrigado".
- De onde eu venho, as pessoas não são tão intrometidas assim.
A garçonete me entrega o meu pedido e lança um olhar para o garoto ao meu lado. Ele sorri e pisca para ela, que se afasta toda sorridente. Não consigo evitar a revirada de olhos.
- Minha nossa, é a princesa Beatrice! - uma voz feminina exclama, chamando a atenção de todos no bar.
Droga! Mil vezes droga!
Dobro o mapa e enfio na bolsa.
- Eu lhe dou cobertura. - o garoto diz e se levanta.
Não penso em dizer que não preciso, porque eu realmente preciso. Saio correndo em direção aos fundos do estabelecimento. Antes de virar no corredor, vejo o garoto derrubando bebida em várias pessoas, as distraindo.
Pulo uma janela aberta e corro para o mais longe possível.
Pago o cuidador de cavalos e saio galopando para a estrada na floresta. Não olho para trás nem por um segundo. Preciso sair daqui.
Depois de muito cavalgar, encontro um bom lugar para montar acampamento. Acendo uma fogueira e me acomodo próxima a ela, para me aquecer. O cansaço da viagem caí sobre mim e eu adormeço em poucos minutos.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Quando o sol está apontando no horizonte, já estou cavalgando pela estrada deserta a horas. O caminho está deserto e silencioso, o único som vem dos cascos de Storm batendo contra o chão.
Penso em James. Na sua fuga. No quão covarde ele foi em partir sem ao menos me avisar. Aquele garotinho irresponsável vai me ouvir muito quando eu puser as minhas mãos nele. Vou arrancar aqueles cabelos loiros, fio por fio, até ele me implorar perdão.
Um impacto forte e rápido me derruba de Storm e sou jogada contra o chão. Na queda, um corpo caí sobre o meu, me fazendo arfar de dor. Minha cabeça bate contra uma pedra e minha visão fica turva. Levo a mão ao machucado e meus dedos ficam manchados de sangue. Que ótimo!
Perco a noção do tempo jogada naquele chão de cascalho. Quando recobro a minha consciência sinto algo sobre mim. Me esforço e empurro para o lado.
- Mas o que foi que aconteceu? - murmuro para mim mesma.
Mudo a minha posição e me sento. Uma pontada de dor me faz tremer toda. O machucado na cabeça. Checo. Pelo menos parou de sangrar.
O corpo ao meu lado se mexe e por instinto, me afasto. É um garoto.
Ele flexiona os braços e ergue o corpo. Sua cabeça gira para um lado e depois na minha direção. E eu o reconheço.
- O que...
- Qual é o seu problema? - esbravejo.
Me levanto e começo a me afastar. A raiva começa a me consumir.
- Ei, onde você vai?
- Não é da sua conta.
- Você está sangrando!
- Você fez isso comigo, seu imbecil!
- Volta aqui garota!
- Me deixa em paz.
- Será que a vossa Alteza Real pode parar e me escutar?
E eu paro. Por que eu não pensei nisso antes. É claro. Ele é um bandido. E quer me sequestrar para pedir resgate.
- Não ouse chegar perto de mim, eu sei me defender.
Uma expressão de confusão toma conta de seu rosto.
- Você é maluca!
- Maluca? Eu? Foi você quem se jogou em cima de mim.
- Eu não sabia que era você.
- Até parece.
Ele se levanta e eu dou um passo para trás.
- É melhor a gente cuidar desse machucado.
- Eu estou bem.
- Não está não.
Tudo fica escuro e os braços do garoto me seguram.