Beatrice é uma das herdeiras do Reino Walle. Uma jovem cheia de vida e decidida. Quando seu irmão mais velho, James, foge de casa, ela decide ir atrás dele. Durante sua busca, ela conhece Conrad, um garoto intrometido e galanteador. Os dois, então...
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Acordo e o lado de Conrad está vazio. Começo a entrar em pânico. Será que ele foi embora? Eu não devia ter perguntado sobre a tatuagem. Por que eu tenho que ser tão curiosa?
Olho ao redor do quarto e a camisa dele também sumiu. Ele foi mesmo embora. Ou será que pegaram ele? E se ele saiu do quarto e o viram? Será que ele está preso? E agora?
O barulho da maçaneta girando me causa calafrios. Já pegaram o Conrad e agora vieram me pegar. Pulo da cama e pego minha faca que está sobre a mesinha de cabeceira.
A porta abre e passos se aproximam.
- Bom dia bela adorme....
Eu pulo na frente de seja lá quem for, segurando e apontando a faca.
- Meu Deus, Bea! O que você está fazendo?
Conrad se assusta e derruba um pão nos meus pés.
- Pensei que tivessem pego você. - confesso.
- Eu fui só buscar comida. - ele pega o pão do chão. - Você me assustou com essa faca.
- Estava me defendendo. - dou uma mordida em um dos pãezinhos.
- Por que você pensou que tivessem me pegado?
- Porque você sumiu e não disse nada.
- Você estava dormindo tão bonitinho que eu não quis acordar você. - Conrad come um pedaço de bolo.
- Eu me mexi muito durante a noite?
- Se mexeu, eu não sei. Eu estava muito cansado que dormi feito uma pedra.
Termino o meu café da manhã e arrumamos tudo no quarto. Não queremos deixar qualquer vestígio de que estivemos aqui. Pulamos a janela e saímos caminhando normalmente pela rua.
- Minha mãe surtaria se soubesse que eu invadi uma pousada e dormir na mesma cama que um garoto.
- Não esquece de contar do roubo das roupas. Ela vai adorar.
Bato o quadril contra ele e nós dois rimos.
- Como a sua mãe é?
Um sorriso surge em meu rosto. Eu amo a minha mãe. Ela é a melhor mãe do mundo.
- Ela é doce, gentil, generosa... - consigo visualizar ela nesse exato momento, sentada na ponta da mesa bebericando o seu chá de erva-doce enquanto James e eu jogamos carta.
- Ela é uma mãe incrível, inteligente, determinada...
- Eu a vi poucas vezes, mas sabe o que eu notei?
- O quê?
- Ela tem o mesmo brilho nos olhos que você.
Um sorriso de orgulho brota em meus lábios. Todo mundo diz que eu sou muito parecida com a minha mãe, mas nunca falaram sobre isso. Só Conrad. Ele consegue ver além do físico, o que me deixa intrigada. Como um garoto tão fechado consegue ler as outras pessoas tão bem?
- E a sua família? - arrisco perguntar.
- Prefiro não falar sobre eles.
- Qual é, Conrad? Por que você não quer conversar comigo? Você não confia em mim?
Conrad para na minha frente, impedindo que eu continue andando.
- Eu confio em você, Bea.
- Então por que não se abre comigo?
- Porque não é uma história fácil. - ele leva as mãos aos cabelos.
- Você pode me contar o que quiser, eu estou aqui com você. - seguro seus ombros com as duas mãos.
Ele respira fundo.
- Você quer realmente saber a minha história?
Assinto.
- Tudo bem então.
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Conrad me leve até um campo de futebol. O lugar está movimentado. Algumas crianças jogam bola. Outras tomam sorvete. E outras estão sentadas em círculo conversando.
Sentamos lado a lado. Conrad demora alguns minutos para tomar coragem e começar a falar.
- Você cresceu em uma família que deu a você amor, carinho e proteção. A minha família nunca foi assim. Eu cresci com outros cinco irmãos e eu era o mais novo. Você não tem noção do inferno que era. Meu pai bebia todo dia, o dia todo. Minha mãe já estava esgotada de tudo isso. E meus irmãos, digamos, que eles nunca cooperaram para melhorar a situação. - ele olha para o céu. - Então, um dia eu resolvi fugir. E eu fugi. No começo foi difícil, mas eu me acostumei.
Conrad respira fundo quando termina.
- Eu sinto muito. - digo.
- Não sinta, você não tem culpa nenhuma nisso.
Sento mais perto dele e seguro sua mão. Seus olhos estão focados em nossos dedos entrelaçados. Apoio a cabeça em seu ombro e acaricio o dorço de sua mão.
- Eu sei que não posso mudar o seu passado, mas eu estou aqui agora. Você não vai mais ficar sozinho. Eu prometo.
Conrad encosta a cabeça na minha e aperta a minha mão.
- Acho que a princesinha tem outros problemas maiores para resolver.
Olho para ele e acaricio o seu cabelo. Olho no fundo de seus olhos.
- Você está me ajudando a encontrar o meu irmão. Isso é muito importante para mim. Meu irmão é muito importante para mim. Eu nunca vou conseguir agradecer o suficiente.
Conrad abaixa o olhar.
- O que foi?
- Nada. Eu só... não sei se mereço toda essa gratidão.
- Você tem razão, ainda não encontramos James. - empurro ele com o ombro. Sua expressão se torna tensa. Decido mudar de assunto.
- Você voltou a ver a sua família?
- Não.
- E você gostaria?
- Não sei. Acho que não.
- Por que não?
- Porque eles fazem parte do meu passado.
Volto a apoiar a cabeça em seu ombro.
- Onde você mora agora?
- Não tenho um lugar fixo. Prefiro assim.
As respostas dele são sempre vagas, como se ele estivesse escondendo algo ou com medo da minha reação ao saber da verdade.
- Isso parece triste.
- É a minha vida.
E é assim que a nossa conversa, se é que podemos chamar assim, termina. Ficamos sentados assistindo às crianças brincarem por algum tempo e depois voltamos para a estrada. Estamos aqui para uma missão: encontrar o meu irmão. E é isso que vamos fazer.