Anjinho

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Vai estar uma porcaria, lamento

Isto já foi uma prisão... mas se tornou o inferno, o governo esqueceu completamente da ilha há muito tempo, pararam de fornecer qualquer "kit" de sobrevivência básica, nem nos mandavam mais comida, mas seguiram trazendo detentas. Um dia a revolta aconteceu, os alfas do outro setor se soltaram, todos os guardas foram mortos, a diretora também, invadiram a ala de ômegas, gangues se atacavam, foi um massacre, até alguém vencer e tomar posse do presídio.

A partir disso tivemos que nos virar, as alfas se tornaram em maioria vigias, nos puseram para fazer coisas "de casa", precisávamos usar o que já havia lá para plantar, Amna cortou a maioria das conexões com o exterior após avisar sobre a rebelião, não permitiu que ninguém saísse da ilha e a tornou seu reinado. Mesmo nessa situação sabíamos que em raríssimas vezes eram enviadas as piores das piores criminosas para cá, o que satisfazia a mulher ao tê-las ao seu lado, dando aquela sensação de poder.

Raad: uma entrega nova de "farinha" veio ontem.-sussurrou enquanto passávamos pela terra.-ouvi falar que era pó do bom.

Eu: Amna não costuma abusar tanto.-mirei as verduras.

Raad: algumas horas antes do carregamento chegou uma nova detenta.-a mais velha segurou meu braço, me olhando séria.-disseram que Amna parecia uma cadelinha adestrada e isso não é nada bom... uma puta nova nessa ilha de merda que deixou Amna de joelhos... que Deus nos proteja.-ajeitou seu hijab.-como se não bastasse tudo o que já somos obrigadas a fazer.

Eu: fique calma, Raad.

Raad: não! Essas verduras não se plantam sozinhas, as frutas não se lavam sozinhas, a comida com a qual elas se satisfazem não é feita com mágica.-cruzou os braços e eu apenas ouvi atenta, vendo seu sotaque ficando mais forte.-estou frustrada, os dias só pioram e agora, ao invés de trazer comida ou papel higiênico para cá, ela traz "coca"! Temos sorte de ainda ter água...

Eu: pelo menos não estamos passando fome, as coisas vão melhorar.

Raad: eu só vou me sentir melhor quando mandarem homens alfas novamente para cá.-retrucou.-não há mais homens nesta ilha, isto era uma prisão mista.-revirou os olhos.-como pudemos matar todos eles?-minha risada saiu sem controle.

Eu: você sabe que eles eram teimosos demais.-peguei uma cenoura de sua cesta, seguindo pelo caminho na direção da entrada da cozinha.-não fazem falta...

Raad: só para você, eu quero sentir o cheiro de um homem novamente, não aguento mais essas putas para todo lado.

Eu: e que tipo de homem você quer?-apontei a cenoura para si.

Raad: árabe, como eu!-seu sorriso apareceu.-que aprecie boa música e goste de me ver dançar.-fez uma pose bonita e eu segui sorrindo, ela ficou menos tensa falando de seu par ideal.-que me dê muito ouro...

Eu: essa última parte é meio difícil.-brinquei.

Raad: realmente, então que me tome como mulher.-arfou alegre e eu saltitei envergonhada.-que ele venha para cá, inshallah.-ergueu as mãos.

Eu: mas se ele vier, será um criminoso.

Raad: como eu já sou!-deu de ombros.

Entramos na cozinha, outras detentas já começavam a planejar o jantar, paramos na pia grande, lavando tudo o que tínhamos colhido, enquanto ouvíamos qual seria o cardápio de hoje. Peguei a faca e comecei a cortar a cenoura, apenas cantarolando baixo qualquer música que me lembrasse, aos poucos o cheiro ia ficando melhor e meu estômago implorava por comida, quando as alfas chegaram, nós servimos as bandejas com cuidado.

Eu Explodi (Contos_L)Onde histórias criam vida. Descubra agora