Capítulo 2

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Segredos são, com toda certeza, uma das armas mais poderosas contra qualquer pessoa; quando você compartilha um segredo seu, está literalmente forjando a espada que poderá decepar sua cabeça. Eu, Joana, sou sem qualquer dúvida a pessoa que mais se auto sabota em todo o reino.

― VOCÊ O QUÊ? ― Emma grita.

― Shiii, fala baixo. ― suspiro, confessar não deveria aliviar minha consciência?

― Tá, vamos vê se eu entendi... ― Emma murmura. - Você está tendo sonhos esquisitos, e decidiu que são fragmentos do seu passado?!

― Eu não decidi, eu acho que são... ― respondo - lhe.

― Isso é loucura!

― Olha, esquece, são apenas pesadelos... ― murmuro.

― Esquecer meu rabo. ― ela inclina-se sobre a mesa, tentando aproximar-se de mim. ― há quanto tempo?

Passo a mão pelos cabelos, colocando algumas mexas rebeldes atrás da orelha. Suspiro tentando manter a calma.

― Sete ou oito meses. ― cochicho. ― talvez um ano...

― PUTA QUE ME PARIU. ― Emma esganiça. ― por que não me contou antes? Você já contou a alguém? O Eduardo sabe sobre isso?

A verdade é que se eu pudesse voltar no tempo e não contar, com toda certeza faria isso. Há tempos guardo esses sonhos apenas para mim, nem sequer dava muita atenção a eles. Não é que não confie em meus amigos, todos são como uma família para mim, mas eu simplesmente não me sinto bem compartilhando detalhes da minha vida. Porém, algo mudou, uma sensação que vem crescendo dentro de mim desde que rumamos para o norte.

― Eu... Eu não sei... ― suspiro. ― só não conta pra ninguém, tá?

― Você deveria conversar com o Arthur, ele pode ajudar...

― NÃO! ― interrompo-a.

Emma arregala os olhos, parecendo surpresa.

―... Bem, você sabe... Arthur já anda muito ocupado, fazer ele se preocupar com algo fútil não ajudará em nada... ― tento explicar.

― Tudo bem então... ― ela ainda parece apreensiva.

Chegamos ao vilarejo há três horas, ainda era dia, mas o sol já começava se por. Com muita relutância acabamos decidindo passar a noite em uma estalagem, então partiríamos ao amanhecer. Agnes e eu estávamos conversando no meu quarto quando escutamos o primeiro grito, acompanhado de um segundo, era um som de puro terror que fez os pelos do meu corpo se arrepiarem. Eduardo apareceu no nosso quarto em menos de cinco minutos, ele quase arrombou a porta quando demoramos um segundo a mais para abri-la. O som de um sino fez-se presente pouco tempo depois, foram exatas sete badaladas.

Mais tarde, o dono da estalagem onde nós hospedamos explicou que isso vem acontecendo com frequência, não apenas nesse vilarejo, mas em vários outros nessa mesma região. Não é surpresa que ataques de criaturas aconteçam nessa região, todos sabem disso, quanto mais próximo das montanhas do norte, mais perigoso é. O impressionante é como e quando acontecem os ataques, a maioria próxima ou durante a lua cheia, sempre mulheres jovens. Não sabem quais criaturas estão fazendo isso, os ataques normalmente acontecem quando a vítima está sozinha, e quando algum pobre infeliz está na companhia do alvo, uma morte dolorosa torna-se seu destino.

SUPREMA ALCATEIAOnde histórias criam vida. Descubra agora