Uma dor de cabeça tremenda me faz apertar os olhos, quase esmagado meus globos oculares. Mexo-me em minha cama, tão macia. Espera, isso é um cobertor de peles? Ainda com os olhos fechados apalpo a superfície a qual estou deitada; com toda certeza é pele, mas não me lembro de ter alguma tão macia, será que ainda estamos na estalagem? Não, tínhamos partido, então aconteceram os ataques, Emma morreu, deixamos Eduardo para trás, Agnes pulou no rio, os lobos que eram hom... Mas isso não tinha sido um pesadelo?
Abro os olhos ao sentar-me de supetão, gritando. A primeira coisa que vejo são cortinas de lã, aparentemente estou em uma cabana. Meia dúzia, não, uma dúzia de homens e mulheres seminus acompanhados por lobos enormes invadem a tenda em uma velocidade sobrenatural. Sinto que posso desmaiar a qualquer momento. Todos - com exceção dos três lobos - portam armas, espadas afiadas em posição de ataque. Eles olham ao redor, procurando a fonte do problema. Grito novamente.
- Minha senhora. - uma mulher aproxima-se de mim. - se sente bem?
- Minha senhora. - um jovem que parece ter metade da minha idade fala. - deseja algo?
Quem são essas pessoas, e por que estão me chamando de "minha senhora"? Que porra tá acontecendo aqui?
-Já avisamos ao seu companheiro. - diz a mulher
Olho de um para o outro, terror estampando meu rosto. Uma comoção no fundo da tenda me faz focar no local, onde um homem musculoso tenta atravessar a pequena multidão. Ele parece ter quase a minha idade, com cabelos castanhos claros que vão até a altura de seu ombro, e pele bronzeada, quase um tom de dourado. O homem enorme empurra as pessoas, vindo com urgência em minha direção.
- MINHA SENHORA! - grita. - Kiya!
O homem corre até mim, me apertando em um abraço enquanto ainda estou sentada na cama. Em um movimento desesperado mordo seu maxilar, fazendo-o se afastar. Encolho-me, tentando me manter o mais distante possível daquelas pessoas malucas. O homem pressiona o local da mordida com a mão, olhando-me confuso.
- Que porra!
- Quem... quem são vocês? - grito, histérica. - O que querem?
- Minha senhora...
- EU NÃO SOU A MERDA DA SUA SENHORA!
- Kiya, somos nós! - o homem a qual mordi fala. - sou eu, Cam.
Olho-o confusa, tentando entender por que ele me chama por esse nome, "Kiya", e por que fala como se me conhecesse. Percebendo minha expressão confusa, pragueja, ordenando para todos saírem.
- Onde está meu irmão? - ele pergunta a um garoto.
- Ele estava verificando a ronda.
- Mande que alguém o chame, - o homem aperta o braço do garoto. - imediatamente. -seu tom é firme.
Observo o garoto sair da tenda, deixando-me sozinha com o homem que aparentemente se chama Cam. Ele caminha até mim, fazendo-me recuar um pouco mais ao tentar manter distância, ainda na cama.
- Kiya... - murmura, tentando parecer paciente. - você não se recorda de mim?
Hesitante, faço um movimento negativo com a cabeça.
- Certo... - ele tenta aproximar-se mais, o que me arranca um soluço de medo, fazendo-o parar onde está.
O homem passa as mãos pelos cabelos compridos, falando para si mesmo que alguém irá mata-lo. É preocupante o quanto essas pessoas parecem malucas, mas ignoro, tentando achar uma brecha para fugir daquele lugar.
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SUPREMA ALCATEIA
WerewolfO que você faria se não lembrasse de nada do seu passado, e o mesmo volta-se para lhe atormentar anos depois? Joana foi encontrada por uma trupe de dançarinos há cinco anos, sem qualquer memória, ela se junta a eles. Quando tudo parecia bem, o passa...