Capítulo 4

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Eu e Emma dançamos ao redor da fogueira, não as danças com passos elaborados e sexuais como as que fazemos nos nossos espetáculos, mas sim uma dança alegre, espontânea, sem passos pensados ou movimentos eróticos. Ela me estende a seu braço, o qual aceito, rodamos e pulamos ao mesmo tempo, usando uma das mãos para rodopiar as saias do vestido. William toca uma canção com sua flauta, que mescla com as batidas do tambor de Eduardo, formando uma melodia alegre. Agnes se junta a nós, girando e rodopiando, seus pés batem energéticos no chão, assim como os meus e de Emma. Quando o sol se pôs, decidimos montar acampamento, pois devido à pressa para nos distanciar do perigo não paramos por um momento sequer durante o dia, acabando sobrecarregando os cavalos. O caçador nós garantiu que já havíamos nos distanciado da área de maior perigo, e que a região a qual estamos nunca aconteceram ataques, nesse momento ele se encontra dormindo encostado em uma árvore.

Já cansada, me desvinculo do braço de Emma, indo até o tronco em que os rapazes estão sentados; jogo-me ao lado de Eduardo, que para a batida do tambor por um segundo para me dar um beijo na testa.

― Cansada?

― Sim, ― meu coração ainda acelerado me faz respirar pesado. ― você pode me passar à garrafa? ― gesticulo para a garrafa com vinho ao seu lado.

Ele concorda com a cabeça, esticando o braço e pegando a garrafa, entregando em minhas mãos logo em seguida. Tomo um gole longo, tossindo quando engasgo com o liquido. Observo Agnes e Emma dançando, suas respirações descompassadas e bochechas coradas, como acredito que as minhas também estejam. Elas parecem estar se divertindo, alegres, nada mais parece importar, como se suas vidas girassem em torno daquele momento, queria eu que fosse assim. São em momento como estes que tenho a certeza do por que eles se tornaram minha família, pois acima de qualquer coisa, todos eles prezam por momentos de felicidade, por menor que seja, por mais aleatório e espontâneo, é sempre importante.

Desvio o olhar, observando Eduardo tocar o tambor. Um sorriso alegre estampa seu rosto, seu maxilar parece relaxado. Concentro-me em seus lábios carnudos, tão desejosos... Umedeço meus próprios lábios, relembrando as artimanhas que aquela boca é capaz de fazer, as palavras que saem por elas, os lugares que esses lábios são capazes de tocar. Concentrada demais nas coisas que podem fazer, e já fizeram, não percebo quando os próprios começam a se mover.

― Jô. ― diz uma vez. ― Joana?

― Ah, oi... Sim? ―limpo a garganta. ― O que você disse?

Ele sorri um lindo e quente sorriso charmoso.

― Perguntei se não quer ir ao banheiro, caso queira eu te acompanho para não ficar sozinha na floresta.

― ah, não obrigada. ― dedilho seu braço. ― se bem que a ideia de ficarmos sós na floresta não parece ruim. ― pestanejo lentamente meus cílios.

Ele sorri novamente, dessa vez um sorriso arrogante.

― Tenho que concordar meu amor... ― sua expressão muda repentinamente, ficando sério. ― mas não podemos!

Um sentimento de insatisfação me consome, afinal, eu só quero transar!

― Por quê?

― Muito perigoso. ― diz.

― O caçador disse que não corremos mais perigo! ―aperto seu bíceps. ― vamos lá, por favor...

Entretanto, Eduardo ignora completamente minhas súplicas.

― Não! ― ele suspira ao perceber minha cara de descontentamento. ― olha, o caçador é um bêbado, ele pode ter nós trazido direto para a boca do lobo sem nem perceber.

SUPREMA ALCATEIAOnde histórias criam vida. Descubra agora