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HANNA

Ainda estou parada em frente ao local onde Jim foi enterrado. Mamãe está abraçando meu ombro e nenhuma de nós parece querer sair dali. Me pergunto se foi uma boa ideia enterrá-lo aqui ao invés de levar o corpo para o lugar onde crescemos.

Já faz dois dias que eu acordei e soube que ele estava morto.

Eu deveria ir embora hoje, mas com o enterro e tudo mais eu fiquei presa nessa cidade. Busquei o resto das minhas coisas na mansão e estou em um hotel.

O advogado do meu pai apareceu e dispensou Margot, disse que tentou falar com alguns dos seguranças que não estavam na hora que a polícia chegou, mas não conseguiu contato. Dixon está incluso nisso.

Aparentemente nem meu pai e nem os advogados sabem que ele colaborava com a polícia de Londres.

- Vamos para o hotel. Temos que nos organizar para ir embora amanhã ou depois. - Mamãe passa os dedos por meu cabelo enquanto fala.

Ela está calma, muito calma. Ontem perguntei a ela se já tinha pensado sobre isso, sobre perdermos Jim. A resposta dela foi que perdemos Jim há anos, e há anos toda vez que recebia uma ligação tarde da noite ou de manhã cedo, ou de um número em outro país, ela imaginava o pior.

Viro meu rosto um pouco para conseguir a olhar e beijo seu rosto. - Você é a pessoa mais forte que eu conheço.

- É? Com certeza sou seguida por você.

Não sei se sou forte.

Quando estamos de volta ao hotel tudo que quero é um banho quente. Ir a cemitérios sempre me deixou impressionada, mas dessa vez conseguiu ser ainda pior.

Passo a esponja de banho na pele com força a ponto dela ficar vermelha e arder. Eu estou sentindo raiva, mas não sei exatamente de que, de quem.

- Amorzinho, Rafe está perguntando para quando as passagens. Quinta de manhã? Conseguimos resolver tudo o que falta hoje e amanhã. - A voz da minha mãe do outro lado da porta me faz parar.

Ela está falando com Rafe? Desde quando ele liga diretamente para ela?

- Pode ser. Se acha que conseguimos pode pedir para ele comprar. Você vai comigo?

Não vou aguentar ficar sem ela por perto, pelo menos não por um tempo. Estou me sentindo absurdamente sozinha e sei que isso não tem a ver com a morte de Jim, afinal não era como se ele fosse presente na minha vida.

Estou me sentindo sozinha porque a falta de Noah abriu um vazio.

Afasto o pensamento.

Não quero pensar nele. Então começo a direcionar meu pensamento para alguém que tem estado muito neles desde ontem.

- Se importa de eu sair sozinha? Só quero falar com uma pessoa. - Depois de sair do banho e estar devidamente vestida tenho mais certeza do que fazer. - Mas posso ficar também se não quiser que eu vá.

- Não precisa. Tenta espairecer um pouco.

Exceto que eu não vou espairecer, mas é algo que preciso fazer. É o ponto final na minha passagem por Londres.

Uma hora mais tarde estou dando meu nome como visitante na unidade em que Brown está preso e me questionando se eu devia estar aqui.

Aguardo por mais uns vinte minutos antes de me encaminharem para um espaço com cabines e telefones. Já vi isso antes, em filmes obviamente já que nunca estive na prisão.

Brown já está sentado atrás de um dos vidros e quando me sento ele pega o telefone. Eu repito o gesto dele, muito apreensiva.

- Não esperava por você aqui. - É a primeira coisa que ele diz.

Contra todos os medos (Metrópoles #3)Onde histórias criam vida. Descubra agora