prologo

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Portland, Oregon
Abril de 1994

O trovão árduo cortou os céus, daqueles que faziam os tímpanos arderem seguido de um raio que iluminou brevemente a sala em que Alice Cooper Salvatore se encontrava.

Ela não era uma mulher comum, e muito menos estava dando à luz a algo comum, seu grito de dor preencheu o cômodo.

Seu marido fechou os olhos por breves segundos se comovendo com sua dor, a mão firme continuava sendo segurada pela esposa que lhe apertava, e mesmo que ele não fosse um dos Salvatores com resistência elevada, ele não se desprendeu do aperto forte da mulher.

━ Precisa empurrar mais um pouco. ━ a parteira pediu, sua mente estava nublada pela dor e adrenalina que não conseguia se lembrar do nome dela, mas sabia que tinha o lido no crachá de identificação. ━ Consigo ver a cabeça, apenas continue empurrando senhora.

━ Não me chame senhora! ━ pediu entredentes, a contração lhe pegando de surpresa fazendo com que gritasse pela dor. ━ Eu não vou conseguir. ━ disse, virando o rosto na direção do marido que tinha os olhos marejados, Marcellus Salvatore balançou a cabeça em negação, colocando a outra mão sobre a da esposa que segurava firme uma de suas mãos.

━ Voce é forte, meu amor. ━ a voz do homem estava rouca, ele tinha os lábios trêmulos pelo medo de perdê-las. ━ Vai conseguir, pela nossa garotinha.

━ Ela não merece isso. ━ sua voz saiu baixa, quase um sussurro, a parteira estava ocupada em continuar pedindo para fazer força para ouvir o que ela dizia. ━ A maldição... ━ Seu próprio grito impediu que continuasse a falar.

Outro trovão cortou os céus quando Marcellus segurou firme sua mão sentindo a mesma doer, mas ele sabia que aquela dor não se comparava a que sua esposa sentia.

Ela disse nada novamente, o único som que preencheu o quarto foram seus gritos, que só pararam cinco segundos antes do choro da recém-nascida. Maxine Cooper Salvatore nasceu em uma noite chuvosa de dezessete de abril de dois mil e quatro.

Uma simples noite que deixou uma divisão entre o bem o mal abalada, uma incerteza sobre paz e ruína do mundo, uma criança que em breve não teria mais a mãe e nem ao menos o pai, assombrada por um futuro incerto e sombrio.

Carolina do Norte,
Virginia
Março de 2004

Maxine teve uma infância comum, seu pai supriu e tentou preencher de todas as formas as lacunas deixadas pela falta da esposa, ele não era pai ruim, não agredia ou abusava, o álcool não o deixava violento como com outros, o deixa dócil.

Ela achava divertido como ele lhe dava dinheiro fácil pparacomprar sorvete quando estava bêbado, ou como ele contava histórias estranhas sobre monstros.

Mas quanto mais anos se passam mais perguntas são formadas, a mente infantil é complicada e cheia de dilemas que muitos adultos não conseguirem lidar, se irritando, mas não com Marcellus Salvatore, ele nunca irritava com ela, talvez por ser um bom pai, ou talvez porquê toda vez que a olhava ele via os olhos da mulher que mais amou, a pessoa que consideraria facilmente sua alma gêmea.

Quando Maxine foi em direção a cozinha e voltou novamente de mãos vazias ele soube que algo estava errado, ele já havia percebido pelas três vezes que a filha se levantava do sofá marrom e retornava sem nada e com uma carranca.

━ Max, para de andar de um lado para o outro e me diga o quê você quer perguntar. ━ disse, o tom de voz saindo um pouco mais alto dado que ela sempre parecia mais distante quando pensava.

Max olhou em direção ao pai, as mãos pequenas cuidadosamente postas sobre as penas cobertas pela calça roxa do pijama infantil, o olhar carregado de curiosidade, mas a forma como os lábios eram pressionados deixava claro que ela estava incerta sobre o que perguntar.

LUA DE SANGUE - KOL MIKAELSONOnde histórias criam vida. Descubra agora